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Uma experiência: trocar exigências por preferências

por oficinadepsicologia, em 29.04.11

Autora: Irina António

Psicóloga Clínica

 

 

Irina António

“Não tenho nada de novo para lhe contar, tudo continua igual – mal. Encontrar um novo emprego – mentira, já viu como está este país? O marido ficou parado em “não estamos numa boa altura para mudar da casa”. As amigas, já nem posso ouvir – umas, porque me fazem pensar naquilo que não tenho e outras, porque têm uma vida ainda mais vazia que a minha… Só quero enrolar-me na manta e ficar quietinha no meu sofá”.

 


Ficar com a sensação de estar num beco sem saída provoca um sentimento de profunda infelicidade por não estar a conseguir aquilo que tanto desejava. Mas existe aqui mais um detalhe importante: a realização deste desejo tem de seguir rigorosamente o caminho desenhado pela fantasia. E o não conseguir chegar lá, seguindo todos os “itinerários pré – definidos”, dá direito à infelicidade justificada e entendida como “não foi assim que eu imaginava a minha vida”. Mesmo o efeito das pequenas “brechas da sorte”, quando acontece algo que mais ambicionava, não chega para abanar o estado global da infelicidade, porque são fugazes e não duram para sempre.

 

Sem pretender desvalorizar os problemas que todos temos de enfrentar ao longo da vida, proponho reflec

tir sobre o peso das exigências que estão ligadas às expectativas nem sempre realistas no seu sentir infeliz. Muitos de nós consciente ou inconscientemente esperamos pela atenção, amor e compreensão dos outros, e ficamos decepcionadas se o mesmo não acontece. Também ficamos apanhados no cerco das expectativas em relação a nós próprios: imaginando que não vamos ter medo, nem sentir triste, que encontraremos um companheiro que nunca nos irá abandonar. Mas a atitude imperativa e exigente “tem de ser assim”, habitualmente, leva-nos ao desapontamento profundo quando isso não acontece. Também porque pensamos que não é possível sentir bem quando não temos emprego que gostaríamos de ter, quando o companheiro (a) não tem disponibilidade para nos ouvir, compreender e ajudar, quando uma amiga não atende o telefone no momento em que precisamos tanto de falar com alguém próximo, quando o chefe foge dos problemas e faz de conta que não se passa nada, e tantos outros…

 

Como experiência, tente introduzir uma nova visão e diga a si próprio (a) “eu vou sentir bem mesmo que o problema ainda não esteja resolvido”. Eu prefiro que tudo esteja correr tal como eu imaginava, mas caso isto não acontecer, eu estou disponível para procurar e aceitar uma outra versão.

 

Recorde uma situação, para já não muito complexa e forte emocionalmente. Por exemplo, ficar ressentido com um amigo que nunca tocou no tema da sua separação. Provavelmente, você pensa que “se ele fosse um verdadeiro amigo, não esquivaria do tema tão importante para mim”. Possivelmente, é difícil aceitar que as pessoas possam não estar disponíveis para abordar certas questões. Experimente trocar exigências pelas preferências: “eu preferia que o meu amigo tomasse a iniciativa, mas se ele não a tomar, eu não preciso de sentir-me totalmente infeliz, posso aguardar ou avançar eu próprio (a) com a conversa”.  

 

É importante reconhecer a pressão da exigência logo no momento inicial da questão, muitas vezes experienciada com uma sensação de bloqueio. Experimente sair da armadilha de expectativas com os seguintes truques: “e se levantassemos e olhássemos para o problema a partir do espaço cósmico? O que iremos ver?”, “imagine, como este problema lhe irá parecer daqui há um mês?”, ”e será que esta questão não fica presa ao tu deves sentir-te mal em situações destas e não corresponde ao que está a sentir verdadeiramente?” Até porque precisamos de saber viver e desfrutar da vida, mesmo quando as condições que ela nos proporcione não estejam ideais!

 

publicado às 10:18



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