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Autor: António Norton

Psicólogo Clínico

www.oficinadepsicologia.com

 

 

António Norton

Em momentos de desespero, perante a vertigem avassaladora do fim iminente de uma relação vivida como algo absoluto, único, irrepetível e extraordinário, algo sem o qual a vida perde o seu significado, a sua côr, a sua essência, o seu sumo a sua razão de ser. Perante algo percepcionado como tão assustador, tenebroso e dramático, uma pessoa pode-se socorrer da última arma que ainda tem, da última réstia de esperança, do último sopro.Pode reunir as suas últimas forças e dizer algo ao parceiro ,que não vê outra solução a não ser a separação: “Se te fores embora, se me abandonares, se me deixares, mato-me!”

 

Dizer algo assim é profundamente  violento, tanto para a pessoa que profere tais palavras e que põe a hipótese de terminar com a sua vida, como para a pessoa que as ouve, que fica herdeiro de um profundo sentimento de culpa e responsalidade. Passa a carregar um pesadissímo peso e acaba por ficar totalmente limitada no seu poder de escolha e de liberdade existencial.

 

O que fazer perante tal ameaça? Não ouvir a súplica da pessoa que outrora amámos e partir, correndo o risco de esta se suicidar sem apelo nem agravo? Ou ficar na relação e perpetuar  algo em que já não se acredita, mas tendo a compensação do alivio do peso da responsabilidade do fim da vida da outra pessoa?

 

 

Este dilema é altamente perturbante e destruidor do equilibrio e da harmonia e da unidade de uma pessoa. A pessoa que ouve tais palavras, que recebe esta ameaça vital e que decide ficar na relação pode começar a sentir gradualmente uma revolta profunda por esta pessoa, que o aprisionou... Pode crescer um ódio e uma revolta ainda maiores do que durante os períodos mais críticos da relação. Os estados de ansiedade e de depressão podem entrar em vertiginosa subida e passarrem a ser seus companheiros diários, quase confidentes e mensageiros da instabilidade e da dualidade emocional em que aquela pessoa se encontra. Fazer amor pode-se tornar uma actividade sem qualquer prazer associado, inclusivé podem-se dar manifestações de perda de líbido crescente e nas mulheres de perda da lubrificação e vaginisimo.  Os episódios de revolta, de agressividade contida podem aumentar desmesuradamente, assim como o mal estar geral, a perda de apetite também pode ser afectada, bem como podem disparar os estados de insónias. Este pode ser o duro preço a pagar por atender a um pedido de desepero.

 

O que fazer então? Por muito dificil que possa parecer, o ideal é procurar que a pessoa de quem se quer separar procure e sinta essa necessidade de procurar ajuda psicoterapêutica e se realmente já não tem ligação emocional com esta pessoa então, por muito dificil que seja esta escolha deve deixá-la.

 

Por muito dificil que seja, a última decisão cabe sempre à pessoa que quer cometer tal acto contra a sua própria vida. A responsabilidade última é do suicida. O abandono pode ter justamente o efeito contrário. Pode levar o sujeito suicida a procurar ajuda, a verdadeiramente mudar certos padrões de comportamentos que aniquillaram a sua relação, pode levar a que se redescubra e se renove.

 

Se ficar nesta relação e se nada mudar, então os padrões e os ciclos disfuncionais que condenam estão relação dificilmente mudarão.

Muitas pessoas tiveram mudanças existênciais profundas perante o abandono, perante o fim trágico de uma relação siginificativa. Pensaram em se suicidar, mas deram a volta e renovaram-se e redescobriram-se.

 

publicado às 21:04


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