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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Se a Primavera é a estação da renovação, o Outono é a estação da libertação, a partir da qual a renovação é possível.
No Outono as árvores despem-se das suas roupas antigas, deixam de alimentar as folhas que trazem da Primavera e do Verão, que amarelecem e morrem, e deixam-nas cair por terra, libertam-se do antigo, do que já não lhes serve, do que já pesa.
Também no nosso corpo se dão estas mudanças, já reparou que é no Outono que perdemos mais cabelo?
De um ponto de vista psicológico, este libertar do antigo é por vezes doloroso, até percebemos que ele já não nos serve e nos pesa, mas é nosso, é o que conhecemos e é difícil expormo-nos à “nudez” do Inverno, e à incerteza e ao desconhecido do que colocaremos no lugar na Primavera. Muitas vezes no Outono damos por nós com um humor mais deprimido, em processo de luto daquilo que já não nos serve mas custa desprender.
O Outono abre caminho à introspecção do Inverno, a partir da qual tomamos decisões mais fundamentadas e mais adequadas às nossas necessidades sobre como nos queremos renovar na Primavera. É assustador “despirmo-nos” no Outono e olharmos verdadeiramente para dentro de nós no Inverno, para a nossa essência. Mas, apesar de difícil, este processo de libertação do antigo é essencial, porque é neste desprender e libertar que abrimos espaço para o novo que a Primavera virá preencher.
Este Outono, aproveite para reflectir “do que é que quero e/ou preciso libertar-me?”, “o que é que eu quero e/ou preciso deixar para trás?”, “o que é que pesa, o que é que já não serve?”…
E dê-se este espaço para o deixar cair, dê-se espaço também para a tristeza que poderá sentir ao deixá-lo para trás.
Ciente que a tristeza não fica para sempre, o que fica é espaço para o novo que a Primavera poderá trazer.
É urgente apaixonar-se por cada momento do seu dia! É urgente sentir prazer em pequenos detalhes do seu dia!
Mas como é que isso se faz (poderá perguntar-se)?
Bem… Tentemos para já focar a sua atenção no momento presente. Já ouviu falar de Mindfulness?
Hum… Mindfulness é ter consciência de cada momento do presente, ou seja, do aqui e agora, é dirigir a atenção para aquilo que normalmente não dirigimos a atenção.
No fundo é termos contacto com o momento presente, com aquilo que está a acontecer no momento actual.
Quantas vezes desejou estar em contacto com o momento presente e não estar envolvido com lembranças ou até, com pensamentos sobre o futuro?
Quantas vezes desejou estar a aproveitar o momento presente sem estar envolvido em preocupações?
Lançamos-lhe um 1º pequeno desafio para experienciar o que é “estar no aqui e agora”. Comecemos logo de manhã, pelo momento do banho. Apaixone-se por esse momento, preste atenção aos pormenores:
- Permita-se a ouvir a água a correr;
- Permita-se a sentir se já está à temperatura ideal;
- Entre na Banheira/Poliban e aos poucos tome consciência do que o rodeia;
- Sinta a água a cair no seu corpo;
- Preste atenção às gotas de água a percorrerem o seu corpo;
- Permita-se a sentir a temperatura da água;
- Permita-se a ouvir o som da água a cair;
- É chegado o momento do gel de Banho;
- Permita-se a sentir o cheiro;
- Observe a sua aparência;
- Sinta a sua textura;
- Tome consciência do gel a hidratar e a perfumar o seu corpo;
- Preste atenção ao que acontece quando a água escorre pelo gel;
- Sinta o vapor da água a envolver-lhe o corpo, a tornar tudo menos nítido;
- Sinta a água a limpar a espuma;
- Sinta a suavidade com que desliza sobre si…
Repita estes passos também para o Shampoo e Disfrute!
Por último:
- Sinta a textura da toalha a envolver-lhe o corpo;
- Repare como seca a água;
- Sinta como é bom o cheirinho que ficou em si.
Faça deste pequeno momento, um enorme momento de prazer!
Seja Mindfulness! Coloque paixão em cada momento!
As relações têm sido o tema principal abordado nas sessões de Psicoterapia de quem me procura. A elas estão sempre associadas inúmeras emoções mas também crenças, sobretudo a crença no “Príncipe Encantado”.
Como tal, hoje trago-vos um artigo baseado no autor Jean-Claude Kaufmann que remete para a trajetória que a mulher teve de fazer e, nalguns casos, ainda faz, para sair do seu papel tradicional em que o marido se torna “a sua vida”, na medida em que é dele que ela depende, para crescer na sua autonomia pessoal e profissional.
Os casamentos, ou melhor dizendo, como referem os etnólogos, as alianças, assumem desde tempos remotos uma importância extrema na formação das sociedades humanas na medida em que, para além das suas funções sociais, elas evitam as guerras entre as diferentes comunidades.
Devido a questões de ordem pública e interesse coletivo, algumas sociedades utilizavam o casamento simplesmente como forma de ligar famílias ou grupos sociais diferentes. A questão da união é então considerada fulcral, na medida em que torna os dois indivíduos envolvidos no casamento, num só. E nesta união está implícita uma comunicação entre os indivíduos, mas também uma abertura à autonomia individual de cada um.
Príncipe encantado ou marido?
“A construção do casal tornou-se difícil, mas não é proibido ter esperança (é justamente, aliás, porque as esperanças são mais fortes que o casal se tornou de construção difícil). É preciso ter esperança e é preciso sonhar para dar forma às expectativas: quem é aquele que se deseja encontrar? É aqui que intervém a figura imaginária do príncipe encantado, filtro através do qual se desempenham os cenários do futuro” (Jean-Claude Kaufmann)
Ao passo que antes a conceção de príncipe encantado passava pelo “filho do rei que aparecia no cavalo branco, hoje em dia é diferente, e os requisitos de um príncipe encantado passam também pela afetividade. O ser afectivo e demonstrar carinho leva a uma nova conceção de príncipe encantado, onde o sonho e o imaginário tem mais probabilidade de passar apenas do sonho e tornar-se uma “realidade real” e não uma “realidade imaginária”, onde “quanto mais forte é o impulso (até à loucura), mais o príncipe é verdadeiro”.
Os requisitos de príncipe encantado passam assim por alguém com que se possa “vibrar, partilhar coisas profundas” ou então a outra hipótese será o celibato por não existir príncipe encantado com estas características.
A fuga ao quotidiano faz com que estas representações façam do príncipe algo muito físico onde ele é aquele que sabe compreender e leva a um reconforto imediato.
“Para a mulher madura (mais fascinada pela sua capacidade de compreensão e não tanto pela sua beleza), ele tem um aspeto mais humano, tornando-se extraordinário quando persiste em continuar a ser o verdadeiro príncipe. Para a mulher divorciada, ele torna-se mais prosaicamente “o homem ideal” ou “homem da minha vida”, descrito segundo uma lista de critérios bastante precisos.
Assim, a eventual formação de um casal não é simples nem fácil. O príncipe passa para segundo plano, depois das questões “administrativas”, uma vez que “em jogo” estão também ligações afetivas e todo um rol de sentimentos.
De facto, a vida a sós é um dos aspetos da vida social em evolução, assim como a família. Esta última, e como refere o autor, encontrando-se, no entanto, numa encruzilhada em que a necessidade de autenticidade e encontro com o “eu” se confronta com a partilha e a vida com o outro. O interior da vida familiar torna-se então uma “luta” entre a possibilidade de realizar desejos pessoais e de aspirar à autonomia, mas ao mesmo tempo de obrigar o indivíduo a confrontar-se com o desconhecido e a estar intimamente ligado a alguém.
Assim, pode dizer-se que a essência, quer da vida a sós, quer da família, é o conhecimento do “eu”, a autonomia do sujeito, bem como a criação de laços afetivos. Quer num caso, quer noutro, o que está em causa é a afirmação, embora por vezes moderada, da autonomia.
“Já me rotularam, penso. Talvez eles me tenham rotulado de doente, com algum desses nomes estranhos que os saudáveis não querem nem saber o que significam. E a verdade, o que eu tenho a dizer em relação a isso, é que na verdade talvez tenhais razão. Vós homens que tudo classificais, eu não estou bem, mas gostava que não me rotulásseis com nomes que denotam conceitos estereotipados em relação ao que realmente se passa comigo. Até podeis dizer que eu sou esquizofrénico, mas se é isso que achais que sou, porque tenho eu obrigatoriamente de ter os sintomas que alguém definiu como sendo parte da esquizofrenia? Será que eu ouço mesmo essas vozes que alguém diz que os esquizofrénicos ouvem?
Haverá duas pessoas iguais, de modo a que haja um padrão na maneira de sentir da condição humana? Talvez a mente humana seja como os automóveis, há algo que todos têm como sejam as rodas, o chassis, mas os modelos variam sempre dentro da mesma marca assim como há marcas diferentes. Mas mesmo dentro do mesmo modelo e marca, apesar de todos serem idênticos à partida, quando são feitos eles acabam por não durar o mesmo tempo nem se comportar da mesma maneira ao longo da sua vida, e isto depende de quem o utiliza. Talvez a esquizofrenia seja como os automóveis, igual à partida (denota um chassis danificado e umas rodas de madeira, ou seja, o esquizofrénico tem uma mente como se fosse uma carroça puxada por vacas, enquanto que uma pessoa normal já tem um carro movido a combustível) na aparência dos sintomas, mas não igual na maneira como é utilizada.
Talvez a mente de um esquizofrénico seja uma mente inadaptada à realidade que o envolve (o carro puxado a vacas está inadaptado para o momento que o envolve, em que se utilizam quase totalmente carros puxados a combustível, mais rápidos e eficientes). Eu um dia já fui uma pessoa normal. Houve uma altura em que a carroça das vacas era o que estava na moda. Simplesmente não soube evoluir com o tempo e quando dei conta vi que eu ainda usava uma carroça de vacas. Tentei evoluir rapidamente, mas como posso eu deixar essa carroça e empenhar-me em adquirir uma coisa que não sei conduzir? Terá que se remodelar a mente.
Deixando de divagações sem sentido, ouve um momento, há poucos anos atrás, em que a minha mente parece que se desintegrou completamente. Eu perdi o controlo do meu próprio corpo. Possuíram-me ansiedades intensas que se tornaram mais tarde em fobias intensas logo de seguida. Até esse momento eu fui aparentemente uma pessoa normal. Mas, a partir daquele momento de desintegração da minha mente, eu não fui o mesmo. Sei agora que eu aguentei até às últimas consequências uma maneira de ser que estava desajustada com o mundo e que despoletou naquele momento. Não podemos só absorver o mundo, não podemos só produzir para o mundo o nosso ser, tem que haver uma gestão adequada do que entra e sai da nossa mente e do trabalho do nosso pensamento, que foi o que me faltou.”
(Autor Desconhecido)
Eu quem sou?
"Quando ponho de parte os meus artifícios e arrumo a um canto, com cuidado cheio de carinho - com vontade de lhes dar beijos - os meus brinquedos, as palavras, as imagens, as frases - fico tão pequeno e inofensivo, tão só num quarto tão grande e tão triste, tão profundamente triste!... Afinal eu quem sou, quando não brinco? Um pobre órfão abandonado nas ruas das sensações, tiritando de frio às esquinas da Realidade, tendo que dormir nos degraus da Tristeza e comer o pão dado da Fantasia". Bernardo Soares, in Livro do Desassossego
Esquizofrenia é uma doença em que a pessoa sofre de uma alteração ou desvio de personalidade ou seja a sua personalidade está alterada. Isto é um problema psicológico que apenas a medicação tem ajudado. No entanto há que compreender melhor o problema para assim se poder encontrar mais e melhores soluções.
Caracterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contacto com o mundo exterior, ela afecta não só a pessoa mas também toda a sua família e as pessoas à sua volta.
Um dos seus primeiros sintomas é a diminuição da afectividade, quando não a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do mundo por parte do doente, que se volta sobre si mesmo (semelhante em parte ao autismo).
As funções intelectuais são igualmente perturbadas o que acarreta rapidamente a alienação de tudo o que se passa à sua volta. Muitas destas pessoas passaram por períodos de depressão, stress ou conflitos antes de entrarem nesta situação o que leva a concluir que estes problemas desencadearam ou agravaram a esquizofrenia.
A tensão e o stress nos quais a pessoa esteve envolvida foram assim desencadeantes da situação, pelo que todas as técnicas que aliviem a pessoa das mesmas são bem-vindas.
Mais, uma vez que a pessoa vive sob stress, medos, pânicos e alterações comportamentais contínuos, tudo aquilo que lhe traga tranquilidade ou que a relaxe será igualmente bem-vindo. Só quando a pessoa está mais tranquila e estável é que se pode pensar em fazer um trabalho mais profundo.
Reconhecimento dos sinais
Os sinais da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo. Os sintomas podem ter uma evolução tão gradual que se torna impercetível no início, ou, pelo contrário, podem aparecer subitamente. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões. Alguns indivíduos podem apresentar um único episódio psicótico, enquanto outros apresentam sintomas da doença durante toda a vida.
Os comportamentos que se seguem podem ser sinais indicadores de esquizofrenia. Se você ou alguém da sua família manifesta alguns destes sintomas por períodos superiores a duas semanas, ou se o comportamento parecer extravagante ou fora do vulgar, deve procurar imediatamente a ajuda de um médico:
É importante lembrar que a ocorrência destes sinais de alarme não significa necessariamente que a pessoa em questão sofra de esquizofrenia. Somente um médico qualificado pode fazer um diagnóstico. Por vezes não é fácil, no início, a distinção entre a esquizofrenia e a doença maníaco-depressiva.
Em 75 por cento dos doentes com esquizofrenia os primeiros sintomas surgem entre os 13 e os 25 anos de idade.
Autora: Lúcia Bragança Paulino
Psicóloga Clínica
Antes de um bebé aprender a falar, ele ou ela baseiam-se essencialmente em sinais não-verbais e expressões faciais para comunicar.
Os bebés também espelham esses sinais/pistas, e ao fazê-lo descobrem as emoções que estão associadas a estas pistas.
Num estudo recente publicado no Journal of Basic and Applied Social Psychology, Investigadores da Universidade de Wisconsin avaliaram 100 crianças e descobriram que rapazes de 6 e 7 anos que usaram intensamente a chucha eram piores a imitar emoções emitidas por rostos num vídeo.
Também foram entrevistados 600 estudantes universitários e descobriu-se que os jovens masculinos em idade universitária cujos pais relataram que tinham utilizado chupetas, obtiveram as menores pontuações em testes medindo a empatia bem como na capacidade de avaliar o humor dos outros.
Para as raparigas e jovens mulheres, os pesquisadores descobriram que não existiam diferenças significativas na maturidade emocional no uso da chupeta.
No entanto outros estudos expressam que as mulheres tendem a ser mais precisas tanto a expressar como a ler pistas emocionais. Não se sabe exatamente como este processo ocorre mas uma das razões pode ser que os pais no geral incentivam mais as raparigas a ler as emoções.
Uma vez que dos rapazes não se espera uma resposta tão emocional como a das raparigas, os pais poderão não compensar o uso da chupeta ajudando-os a promover o desenvolvimento emocional de outras formas.
E o seu filho, usa chucha?
http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/01973533.2012.712019
Autora: Fabiana Andrade
Psicóloga Clínica
Em Montreal, especialistas do hospital Sainte-Justine associam medicina, psiquiatria e artes digitais para oferecer a crianças doentes terapias que possam acelerar a sua recuperação ou reduzir a sua angústia.
Através da criação de ambientes virtuais, é possível oferecer estímulos que serão úteis em situações reais. Por exemplo, no caso de uma criança que sofreu queimaduras, colocá-la num ambiente virtual em que está dentro de um bloco de gelo virtual, poderá fazê-la sentir-se melhor. Ou ainda, acalmar a anisedade de uma criança recriando nas paredes do quarto de hospital, as imagens do seu quarto real.
Ao lado de um domo de aço de 18 metros de diâmetro, o "primeiro teatro por imersão do mundo", que permite projeções de 360 graus em torno do paciente-espectador, os médicos do Sainte-Justine instalaram um quarto de hospital.
É um "living lab", um dispositivo de pesquisa que explora as tecnologias existentes em função das necessidades expressas pelos pequenos usuários, explica Patrick Dubé, coordenador desta empresa comum.
Um dos instrumentos-brinquedos, propostos a crianças e jovens de 6 a 18 anos, é uma simples câmara de vídeo adaptada a um computador com duas telas, uma para a imagem em tempo real, e a outra para visualizar as gravações. Ela permite às crianças familiarizarem-se com instrumentos médicos, como a seringa.
Outra aplicação terapêutica para a qual os pesquisadores prevêem uma bela carreira: os avatares, personagens de desenho animado que se comunicam com as crianças através de uma tela, manipulados por um terapeuta posicionado numa outra peça. Algumas crianças, traumatizadas por uma doença ou por um acidente, muito ansiosas, têm dificuldades em comunicar-se com uma pessoa real. Um avatar é, para elas, um intermediário aceitável com quem podem retomar as relações sociais.
Este tipo de tecnologia é com frequência familiar às crianças e podem ser extremamente úteis para ajudá-las a socializar e superar os seus medos. "Essa disciplina tem um potencial enorme, mas estamos, ainda, numa fase de exploração", explica a Dra. Patricia Garel, do Departamento de Psiquiatria do hospital Sainte-Justine.
A invasão em massa nas nossas vidas de instrumentos de comunicação ou de jogos munidos de telas, pode ter um impacto muito nocivo na socialização das crianças mais frágeis que se fecham em si mesmas, diz Garel. Mas os mesmos instrumentos, bem utilizados, podem, ao contrário, favorecer sua inserção na sociedade.
“Não consigo conduzir! Não suporto a ideia de ter de pegar no carro… É assustador ver os carros a virem na minha direcção. É como se viessem contra mim!!!
Ser passageiro também é para mim difícil… Aliás, é extremamente difícil… Dou por mim a evitar determinadas actividades apenas para evitar deslocar-me em meios de transporte.
Não percebo o que se passa comigo… Nunca fui assim! Sempre gostei de conduzir até ter aquele AVC…”
Este é o pedido que a Maria (nome fictício) fez à Psicoterapia: perder o medo da condução e voltar a conduzir.
Maria tinha um percurso de vida perfeitamente normal, até ao dia em que sofreu um AVC. A partir desse dia, algumas coisas mudaram na sua vida e a limitação que mais a perturbou foi o não conseguir conduzir.
Tínhamos como missão “devolver a liberdade” à Maria, dessensibilizando o seu medo à condução.
Iniciámos então a nossa “viagem” no consultório, onde criámos a relação que mais tarde nos permitiu utilizar como técnica terapêutica o EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing - Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento Ocular) que se configura como uma terapia breve e focal, muito adequada ao pedido que a Maria nos fez.
Mas o que é isto do EMDR?
O EMDR é um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais.
O processamento natural da informação é reposto e assim após uma sessão com EMDR, a percepção psico-sensorial já não se manifesta como antes quando o acontecimento traumático é trazido à mente. As memórias ainda são recordadas mas o efeito perturbador desaparece.
O EMDR recria o que acontece naturalmente durante o sonho ou o sono na fase REM (Rapid Eye Movement) e pode ser encarado como uma terapia de base fisiológica, que ajuda a pessoa a encarar e viver os traumas de uma forma nova e sem os efeitos perturbadores.
Autora: Vera Lisa Barroso
Psicóloga Clínica
A timidez só por si não representa um problema grave, uma vez que quase todos nós podemos ter algum traço inibitório (rubor, vergonha, insegurança) em determinadas circunstâncias, sobretudo as de exposição social.
Mas há um grau realmente perturbador nestas manifestações... quando existe um sofrimento tão acentuado que provoca limitações, chegando à chamada fobia social - esta sim tem características patológicas e é conveniente procurar a ajuda de um profissional. Aquilo que acontece muitas vezes é que os tímidos procuram ajuda só em limite extremo, quando estão já em sofrimento muito elevado. Por isso, enquanto pai, aprenda a distinguir os sinais.
Sinais de alerta: pessoas tímidas são retráidas, têm medo de se êxpor em situações sociais, apresentam comportamento inibido, são muito sensíveis a críticas, acham que serão alvo de avaliação negativa e não é raro que abusem de bebidas e outras drogas, geralmente com o objectivo de ganhar coragem para as situações temidas! Assim, quando antes dos 5 anos a criança já mostra sinais muito fortes de que é tímida, os pais devem ficar atentos.
A timidez excessiva tem consequências: fisicas (boca seca, taquicardia, rubor nas faces, dor de cabeça, dor de barriga e suor excessivo); comportamentais (a pessoa fala pouco, tem gestos pouco expressivos, desvia o olhar facilmente, apresenta hesitação em falar e pode muitas vezes acompanhar o discurso com movimentos corporais involuntários); psicológicas (pensamentos recorrentes de que estão a ser avaliados, de que ninguém tem interesse por aquilo que dizem, de que todos os outros fariam melhor que ele) e emocional (sentimentos de insegurança, vergonha, medo, comparação e inferioridade - a timidez pode estar muito relacionada com a baixa auto-estima).
Em termos sociais, isto não significa que a criança tímida seja pouco sociável. Muitas delas têm grande vontade de estar com outras crianças, mas evitam porque têm receio de errar e estragar as suas amizades.
Existem muitas situações que podem contribuir para as crianças se tornarem mais tímidas: mudanças frequentes de escola, separação dos pais, pais rígidos ou perfeccionistas e um ambiente familiar que não favoreça o contacto social.
A fobia social tem variações: pode ocorrer em situações específicas ou em situações generalizadas. Para entender melhor a fobia social é importante associa-la à timidez e compreender que se trata de um problema de ansiedade e a ansiedade pode tornar-se patológica quando começa a afectar o funcionamento do nosso corpo. Não espere demais...
Crianças com apenas 5 anos conseguem perceber que pensar positivamente as faz sentir melhor.
Num novo estudo com uso de histórias ilustradas, envolvendo crianças entre os 5 e 10 anos, demonstraram-se várias situações curiosas. Mais especificamente, crianças com apenas 5 anos previram que as pessoas se sentiriam melhor depois de terem pensamentos positivos do que se tivessem pensamentos negativos, mesmo em situações ambíguas.
A compreensão da criança sobre a ligação entre pensamento e emoção aumenta significativamente à medida que cresce.
O estudo demonstrou ainda que as crianças tinham mais dificuldade em perceber como o pensamento positivo podia aumentar a sensação de bem-estar de alguém em situações que envolviam eventos negativos. Nestas situações, os níveis de esperança e optimismo das crianças, assim como a visão dos pais sobre o assunto influenciavam a sua capacidade para entender o poder do pensamento positivo.
O melhor preditor do conhecimento das crianças sobre os benefícios do pensamento positivo – para além da idade, era a esperança e optimismo dos pais.
Neste estudo fica assim elucidado como é importante o papel dos pais como modeladores de comportamento e mais especificamente em ajudar as crianças a usar o pensamento positivo como regulador emocional perante situações desafiantes.
APA Society for Research in Child Development. (2011, December 28). "Young Children Understand The
Benefits Of Positive Thinking." Medical News Today.
Vou começar por contar-vos uma história… Uma história escrita por Saint-Exupéry! Em Terra aos Homens, conta-nos como o piloto Henri Guillaumet se perdera na cordilheira dos Andres.
“Durante três dias, ele havia caminhado sempre a direito no meio de um frio glacial. Por fim, caiu, de bruços, com a cara na neve. Aproveitando o momento de repouso inesperado, compreendeu que, se não se levantasse imediatamente, nunca mais se conseguiria por de pé. Mas, esgotado até à alma, já não lhe apetecia fazê-lo. Preferia agora uma morte suave, indolor, calma. Mentalmente, disse adeus à mulher, aos filhos. No seu coração, sentiu uma última vez o amor por eles. Depois, uma ideia apoderou-se dele bruscamente: se não encontrassem o seu corpo, a mulher ia ter de esperar quatro anos para receber o seguro de vida dele. Abrindo os olhos, viu então uma rocha que emergia da neve cem metros adiante. Se se arrastasse até lá, o seu corpo seria um pouco mais visível. Talvez o encontrassem mais depressa. Por amor pelos seus, erguera-se e recomeçara a andar. Mas agora, era levado pelo seu amor. E não parou mais, percorrendo ainda mais de cem quilómetros na neve antes de chegar a uma aldeia. Mais tarde, diria: “o que fiz, nenhum animal do mundo teria sido capaz de fazer.” Quando a sua sobrevivência deixou de ser motivação suficiente, foi a consciência dos outros, o seu amor, que lhe forneceram a força para continuar”.
Costuma-se dizer que a vida é uma luta, mas uma luta que não tem valor quando travada apenas por si próprio. Exemplo disso é a história acima mencionada, foi o cuidar dos outros que ajudou o piloto a lutar pela vida.
“Se eu não tratar de mim, então quem é que trata? E se eu só tratar de mim, então sou o quê? E se eu não me preocupar com isso agora, preocupo-me quando?” Hillel, O Tratado dos Pais.
Fazem-lhe sentido estas questões?
Nenhum de nós escolhe onde nascer… Nascemos. Impõem-nos uma vida. Não temos como escolher quem fará parte da nossa Família ou quem será a base da nossa existência. Já vem definido… Definição essa que tem um enorme peso na nossa identidade. Mas não a determina por si só.
Crescemos. Tornamo-nos Crianças. Vivemos as nossas histórias de encantar… Criamos mundos cor-de-rosa, daqueles que acreditamos que são a realidade.
Crescemos. Tornamo-nos Adolescentes. Começamos a fazer escolhas, a ter consciência do que queremos, das pessoas que queremos connosco. Os nossos sonhos de meninos começam a deixar de fazer sentido! Constroem-se novos sonhos!
Crescemos… Tornamo-nos Adultos. Olhamos em redor e em determinado momento vemos que somos um prolongamento da sociedade em que fomos inseridos. Damos por nós a comportarmo-nos e a fazer escolhas de acordo com o que é socialmente correcto, de acordo com o que é expectável, de acordo com o que a publicidade sugere, com a ideia de que somos únicos ao adquirir algo cujo slogan é “seja você mesmo”, apesar de sabermos que mais pessoas terão acesso ao mesmo produto.
Hoje em dia, estamos cada vez mais voltados para o individualismo, o que nos leva a ter como valores a Autonomia, a Independência, a Liberdade e… A Expressividade do Eu “eu isto”…”eu aquilo”…”porque eu”…”eu quero”…
Então e as relações?
Já reparou na dedicação que coloca no seu trabalho? Dedica-se com o mesmo empenho nas relações sociais?
Nunca tivemos tanta liberdade como agora. Nunca desistimos tanto das relações como agora… Já pensou nisso?
Quando nos apercebemos dessa realidade, quando nos apercebemos do verdadeiro significado da vida e do que temos estado a fazer com ela, percebemos que pagamos um elevado valor pela independência: o isolamento, o sofrimento e a perda de sentido.
Esta é a realidade de muitas pessoas que nos chegam ao consultório, inundados pela rigidez do que é culturalmente expectável.
Esta é a realidade daqueles que têm oportunidade de VIVER mas escolhem: “É mais fácil”… “Dá menos trabalho”…“É mais barato”…“Parece melhor”…”Assim vão gostar mais de mim”…”É o que acham que devo fazer”…”É o que esperam de mim”.
Esta é a realidade de quem não é “livre”.
Já dizia a Autora Isabel Abecassis Empis, “Bem-aventurados… Os que Ousam”!
Para Viver, há que OUSAR!
Ouse sentir!
OUSE VIVER!!!
Ouse Partilhar!
Ouse em procurar ajuda de um técnico se sente que não está a decidir por si, mas não consegue mudar isso sozinho.