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Perguntas difíceis: sexualidade

por oficinadepsicologia, em 17.09.11

Autora: Joana Florindo

Psicóloga Clínica

www.oficinadepsicologia.com

 

Joana Florindo

Falar sobre sexualidade talvez não seja uma tarefa fácil para a maioria das pessoas. Falar abertamente sobre sexualidade com os filhos, então, não será certamente mais simples.

 Arrisco dizer, que a maioria dos pais, quando confrontados com as primeiras questões sobre tal temática, especialmente quando colocadas de forma directa e espontânea, sentem-se assustados e constrangidos, sem saberem ao certo o que responder aos seus filhos. Nessas situações, tendencialmente, ou tentam desviar o assunto ou tentam adiar uma resposta, na esperança de que tal questão não volte a surgir. Mas, na maioria dos casos, acabam por ver as suas estratégias defensivas sabotadas porque a dúvida persiste e a questão volta a emergir.

É fundamental dar-se uma resposta à criança, mesmo que não seja no momento em que ele coloca a pergunta, revelando disponibilidade e abertura ao diálogo perante todos os temas da sexualidade. E embora não exista uma receita específica, que possa ser aplicada a todos os casos, os pais devem encarar todas as questões com a maior naturalidade e tranquilamente responder aos seus filhos.

 

 

Deixo-vos algumas sugestões que podem úteis na elaboração dessas respostas, bem como na abordagem geral deste tema com os vossos filhos:

- A resposta deve ir ao encontro da questão colocada. E não deve ser passada muito mais informação do que a que foi pedida, correndo o risco da criança não ser capaz de a assimilar na totalidade e/ou ficar ainda com mais dúvidas. Não se trata de dar a conhecer tudo o que se sabe sobre a sexualidade, por isso procurem focar-se ao máximo na questão que foi feita;

- A informação transmitida deve ser adaptada à idade e maturidade da criança. E para se entender qual será a resposta mais adequada a dar no momento, é fundamental perguntar-lhe o que ela pensa acerca do assunto. Dessa forma, é possível perceber não só o que ela já sabe sobre o assunto, bem como o que idealiza sobre ele e qual a linguagem que emprega, facilitando aos pais a construção de uma resposta adaptada ao seu entendimento.

- A linguagem deve ser adequada à que é utilizada pela criança. Sendo sempre directa, simples e clara;

- A informação transmitida deve ser realista. Adequando-a sempre à idade e maturidade da criança, mas sem tabus, deve ser passada a informação correcta.

Há alguns livros sobre esta temática, dirigidos especificamente às crianças, que podem ser uma ajuda para os pais, mas que devem ser entendidos como isso mesmo, uma ajuda. Não devem nunca substituir uma conversa com a criança, apenas complementá-la.

- Há sempre a possibilidade de adiar as respostas. Quando confrontados com alguma pergunta cuja resposta desconhecem, ou mesmo quando o desconforto e o constrangimento entram em cena, os pais podem sempre adiar a resposta. Dizendo simplesmente que naquele momento não sabem responder, mas que vão procurar informar-se e posteriormente falarão acerca disso. Este adiamento servirá apenas para se esclarecerem e/ou pensarem na melhor forma de responder à questão que foi colocada, nunca para evitarem definitivamente uma resposta.

- A transmissão de valores é de extrema importância. À medida que os vários temas da sexualidade vão sendo abordados, é crucial ir incluindo nas conversas, para além dos factos biológicos, os aspectos emocionais associados à sexualidade, como por exemplo no envolvimento sexual, a expressão do amor, do afecto, da preocupação, da confiança e da partilha da responsabilidade. Realçando a importância de uma sexualidade abrangente, com interferência nas relações físicas e emocionais, que vão estabelecendo com os outros e com eles próprios.

 

É extremamente importante que as crianças sintam os pais disponíveis para colocarem as suas questões sobre esta temática, mesmo as mais complicadas. Aos pais, é que cabe muitas vezes a tarefa de se libertarem dos seus próprios medos e fantasmas em relação à sexualidade, para que consigam, o mais abertamente e naturalmente possível, esclarecer os seus filhos a este nível.

Uma criança esclarecida, tende a desenvolver a sua sexualidade de forma mais saudável e a vivencia-la livre de constrangimentos, podendo mais tarde, consciente e responsavelmente tomar decisões para a sua saúde e bem-estar sexuais.

 

publicado às 11:09


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