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Pai como personagem principal

por oficinadepsicologia, em 18.09.11

Autora: Helena Gomes

Psicóloga Clínica

www.oficinadepsicologia.com

 

Helena Gomes

Ao se comprometerem como pais, o homem e a mulher estão solidários a uma tarefa conjunta, cujos papéis são fundamentais para o desenvolvimento psico-afectivo do filho. A mãe tem, para muitos, um papel incontestável, mas o pai tende a ser visto como personagem secundária, principalmente nos primeiros anos de vida da criança. Sabemos agora que o pai está a redefinir o seu papel colocando-se como personagem principal ao lado da mãe. O documentário da BBC “Biology of Dads” ( http://www.youtube.com/watch?v=o800Whxw1fk) vem confirmar essa tendência com base em estudos realizados em todo o Reino Unido por psicólogos.

 

Ao contrário do que se poderia pensar, o laço entre pai e filho é anterior ao nascimento, sendo a voz do pai reconhecida pelo recém-nascido. Mas também o será ainda no útero? Sim, para além de reconhecer a voz do pai, o recém-nascido reage com um aumento do batimento cardíaco superior ao que demonstra quando ouve a voz da mãe. Outro dado fascinante revela que, após o nascimento do filho, existe uma alteração nas hormonas masculinas, acreditando-se que tal sucede para ajudar o pai a cumprir o seu papel na criação do filho. O vínculo com o filho transforma o pai biologicamente, algo de extraordinário acontece no momento do nascimento e regista-se uma diminuição da testosterona. Os níveis normais vão sendo restituídos ao longo do crescimento do filho, mas os instintos paternos continuam a ser cuidar e proteger o filho.

 

 

Ouve-se muitas vezes a mãe dizer sobre a relação pai-filho “só sabe brincar com ele” “parecem duas crianças” “sou mãe dos 2” mas, curiosamente, as características presentes no modo que o pai utiliza para brincar promovem o desenvolvimento e independência do filho. O papel do pai reveste-se de singular importância na estimulação do desenvolvimento da linguagem (principalmente por volta dos 2 e 3 anos de idade) dado que, enquanto as mães adaptam constantemente o seu vocabulário ao filho, o pai emprega uma linguagem mais adulta o que resulta na atribuição de novo vocabulário. Com a entrada da criança na escola novos desafios surgem mas, se o pai for participativo na educação nos primeiros anos, o filho(a) torna-se mais confiante, mais paciente e interessado, duplica as hipóteses de apresentar resultados escolares positivos e, inclusivamente, tem menos propensão para a prática de comportamentos delinquentes.

 

É na adolescência que o pai adopta o tão conhecido papel de disciplinador, mas também este tem um propósito ao permitir ao filho aprender a lidar com o mundo que terá de enfrentar quando for adulto. Curiosamente, apesar do físico mais dominador conferir superioridade, o pai é mais eficaz em controlar o comportamento do filho explicando-lhe as regras em vez de o castigar. Em experiências que comparam a forma de disciplinar entre pais e mães, constata-se que a mãe tende as apelar às relações e sentimentos, enquanto o pai desafia e discorda, sendo mais racional e lógico. O seu intuito, ao comunicar desta forma, resulta da vontade que o seu filho se torne independente, com regras e limites que o preparem para as vicissitudes da vida.

 

Apesar das ajudas da natureza, os papéis de pai e mãe não são nada fáceis e surgem muitos desafios e dúvidas enquanto ajudam os seus filhos a crescer. Se é pai ou mãe e este artigo lhe interessou, saiba que a pensar em si a Oficina de Psicologia criou um seminário à distância onde pode aprender mais sobre estas diferentes formas de comunicação, nomeadamente, como lidar com as birras dos filhos (http://oficinadepsicologia.com/loja/shop/parentalidade-birras/).

 

publicado às 09:48


1 comentário

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De Anónimo a 18.11.2011 às 22:45

Boa noite, hoje estou num dia em que a tristeza me invadiu, sinto-me incompreendida, e tendo dificuldade em expressar os meus sentimentos, lembrei-me de vir "passear" um pouco aqui no blog e vi este post , que me diz muito, principalmente desde que o meu filho entrou nos seus 14 anos. Era um filho que andava sempre pendurado no meu pescoço, e de repente deixa de o fazer e parece que só cá estou para o "servir", isto porque as suas confidencias são sempre com o pai, comigo é só quando eu pergunto, e pergunto e pergunto... e quando quer pedir para sair ou outras coisas do género , é sempre com o pai que fala, embora muitas vezes para isso se concretizar tb dependa do que eu tenho que fazer. Hoje, por exemplo, estávamos os dois pais juntos e a pergunta foi -pai amanha posso estar ás x horas em tal sitio? - mas depois já vem o meu marido dizer que ele quer estar lá a essa hora mas almoçado? Então porque não falou logo comigo? Ou directamente para os dois?
Enfim, um desabafo!!!
Se calhar sou eu que estou errada, como o meu marido refere, mas o que é certo é que me sinto triste com a situação

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