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Dia Mundial da Depressão

por oficinadepsicologia, em 01.10.11

www.oficinadepsicologia.com

 

Neurastemia

Sinto hoje a alma cheia de tristeza!

Um sino dobra em mim Avé-Maria!

Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,

Faz na vidraça rendas de Veneza…

 

O vento desgrenhado chora e reza

Por alma dos que estão nas agonias!

E flocos de neve, aves brancas, frias,

Batem asas pela Natureza…

 

Chuva…tenho tristeza! Mas porquê?!

Vento…tenho saudades! Mas de quê?!

Ó neve que destino triste o nosso!

 

Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!

Gritem ao mundo inteiro esta amargura,

Digam isto que sinto que eu não posso!! ...

 

Florbela Espanca, in “Livro de Mágoas”

Tânia da Cunha

 

 

 

http://youtu.be/u8SjHXoJ0LY

Iolanda Maria

 

 

 

 

 

No sentir….

De não sentir

O que o sentir devia

No desassossego de sentir

A eterna apatia

 

Não há lugar…

Nem pessoa….

Que satisfaça esta lacuna

Não há carne…nem alma

Que aguente sentir coisa alguma

 

Esta melancolia sem fim

De ter esquecido de sentir

Neste vazio em mim

Um desespero de querer partir

 

Escuto teias de palavras

Na impaciência do sofrimento

Na inquietude aguardo

A esperança do sentimento

 

Outrora a emoção

O meu corpo conheceu

Jaz agora a indiferença

Da paixão que esqueceu

 

Susanne Diffley

 

 

 

A Depressão no Idoso

É com frequência que hoje em dia se ouve e vê nos órgãos de comunicação social, casos de pessoas idosas que vivem sós e que acabam por falecer mergulhadas num profundo estado de tristeza, e apatia sem que ninguém dê por elas. Em nome de tudo isso e o que isso traduz, lembrei-me de neste Dia Europeu da Depressão deixar este texto ilustrado por estes slides que a todos toca.

A depressão é considerada hoje em dia, um problema de saúde pública importante que afecta pessoas de todas as idades, levando a sentimentos de tristeza e isolamento social que muitas vezes têm como desfecho o suicídio.

É nas idades mais avançadas que ela pode atingir os mais elevados índices de morbilidade e mortalidade, na medida em que assume formas incaracterísticas, muitas vezes difíceis de diagnosticar e, consequentemente, de tratar.

Em consequência, a principal dificuldade que se coloca aos profissionais de saúde é o diagnóstico correcto deste quadro clínico, que, em muitos casos, está associado ao facto de a maioria dos idosos, negar a sua depressão e não procurar o tratamento adequado, e as pessoas que os rodeiam e com quem convivem habitualmente associarem à idade avançada, a melancolia e a tristeza devido a perdas afectivas, económicas, sociais, doenças crónicas, etc. não valorizando as suas queixas.

Aceitando por exemplo, com uma resignação demasiado fácil, que um septuagenário, se encontre “habitualmente” triste ou só após o falecimento do seu, ou da sua, companheira.

Os sintomas que normalmente aparecem nestes estados depressivos podem ser relativamente inespecíficos, tais como a astenia, as perturbações de sono, tristeza e ansiedade, desinteresse por hábitos e/ou prazeres que lhe eram habituais. Os sintomas mais específicos são os que decorrem da depressão do humor, bem como a lentidão psicomotora.

Na realidade, o idoso apresenta-se, muitas vezes, com múltiplos sintomas confusionais e preocupações somáticas, negando o humor disfórico ou não o vivenciando. A existência de doenças físicas concomitantes pode constituir um factor confusional no diagnóstico, visto que a maioria dos idosos personifica a interacção entre doenças físicas e psiquiátricas. No entanto é importante ficar alerta sempre que se excluam causas orgânicas e/ou estejam presentes sintomas da síndrome depressivo (anergia, variação diurna do humor e insónia precoce), ou ainda a eventuais tratamentos “específicos” que não melhoraram o quadro clínico.

 À semelhança do que se verifica nos adultos mais jovens, é importante efectuar-se uma avaliação clínica rigorosa e discriminativa entre a evolução daquilo que é uma situação de luto e a instalação de um quadro depressivo duradouro. Embora seja actualmente consensual que as razões que “favorecem” a depressão aumentam quase automaticamente com a idade, inclusive, tal como já vimos, existem várias perdas relacionadas, já não é, por outro lado, possível deixar de se tratar adequadamente o idoso.

E por tratamento adequado entenda-se também a instituição de um determinado número de medidas de carácter psicossocial tendentes a evitar o deslize para o que poderá ser um quadro depressivo ou para o isolamento.

Um bom dia Europeu da Depressão

Fátima Ferro

 

 

 

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,

gastos, como animais envelhecidos:

se alguém chama por nós não respondemos,

se alguém nos pede amor não estremecemos,

como frutos de sombra sem sabor,

vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

 

 

 

As mãos  

Que tristeza tão inútil essas mãos 
que nem sempre são flores 
que se dêem: 
abertas são apenas abandono, 
fechadas são pálpebras imensas 
carregadas de sono. 

Eugénio de Andrade

 

Maria João Galhetas

 

 

 

Depressão

De: Luiz Tanus

 

Os mais profundos redutos da alma
No pensamento, grande inquietação,
Algo terrível nos retira a calma
Esta maldita dor é depressão.

A apatia é seu melhor sintoma
A indiferença, a amiga fiel;
A letargia leva a mente ao coma
E ofusca a luz, com seu escuro véu.

O mundo todo se torna cinzento
Para quê viver, se alegria não se tem ?
As tentativas de encontrar alento
Terminam sempre em total desdém.

Os dias longos, mais parecem anos,
Sem uma luz para iluminar a sorte;
Não raras vezes, momentos insanos,
Acreditamos ser melhor a morte.

E nessas horas, pungentes, sofridas,
Do triste encontro com demonios seus;
Procure esperança aguerrida, procure a alcançar
Já que essa sina terrível vai consumir quem não acreditar.

Filipa Jardim Silva

 

 

 

Café pode prevenir depressão nas mulheres

Duas ou mais chávenas de café por dia pode ser a solução para evitar a depressão no sexo feminino. A conclusão é de um estudo onde participaram mais de 50 mil mulheres.

Consulte o artigo completo em: http://www.jn.pt/paginainicial/sociedade/interior.aspx?content_id=2025522
Cristina Sousa Ferreira

 

 

Estou triste ou Sou triste?

Esta distinção é fundamental no diagnóstico da depressão. Depressão significa isso mesmo, um declive, um desnível, um vale, um abatimento, um enfraquecimento, um esgotamento. É um termo utilizado em diversos contextos onde estas são as características.

Quando o assunto é o ser humano, falamos destas características no que refere a emoção e ao corpo. É um abatimento, um enfraquecimento da energia vital do indivíduo.

Quando passamos por uma mudança, uma perda, um luto, é natural que o nosso corpo reaja dessa forma, fazendo um recolhimento e tirando um tempo para o devido processamento de todas essas ocorrências. E aqui, poderíamos dizer algo do género: perante estes acontecimentos, estou triste.

Quando a depressão surge em forma de patologia ou perturbação, a situação é diferente. Neste caso a pessoa sofre de sintomas marcados e prolongados no tempo, de uma forma desproporcional aos eventos, ou mesmo na ausência de qualquer tipo de evento.

Os sintomas neste caso podem variar entre tristeza acentuada, apatia, perda de energia, cansaço, pensamentos negativos com ou sem ideias suicidas, pessimismo, alterações do desejo sexual, desinteresse, preocupações excessivas com o sentido da vida ou da morte, alterações no sono e no apetite entre outros (mais informações: http://oficinadepsicologia.com/depressao).

Neste caso, surge no indivíduo a noção de “eu sou triste” como uma identificação com o próprio sentimento de abatimento.

É possível resolver a situação? Sim! Procure os indicadores em si ou nas pessoas que o rodeiam e peça ajuda. A psicoterapia é um meio eficaz no tratamento da depressão.

Factores de Risco e Sinais de Alerta:

- Pessoas com episódios de depressão no passado;

- Pessoas com história familiar de depressão;

- Pessoas do género feminino – a depressão é mais frequente nas mulheres, ao longo de toda a vida, mas em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, menopausa e pós-menopausa;

- Pessoas que sofrem um qualquer tipo de perda significativa, mais habitualmente a perda de alguém próximo;

- Pessoas com doenças crónicas - sofrendo do coração, com hipertensão, com asma, com diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA, fibromialgia, cancro e outras doenças;

- Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo, pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer);

Pessoas com tendência para ansiedade e pânico;

- Pessoas com profissões geradoras de stress ou em circunstâncias de vida que causem stress;

- Pessoas com dependência de substâncias químicas (drogas) e álcool;

- Pessoas idosas:

- Repare se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico;

- Se apresenta queixas físicas;

- Se sente qualquer um dos sintomas referidos.

Fabiana Andrade

 

 

 

 

Neste dia mundial da depressão penso que seria importante pensar nas pessoas que nos estão próximas e que por uma razão ou por outra estão deprimidas. 

Há várias coisas que se podem fazer para alegrar uma pessoa que se encontra num estado depressivo: 

-Fazer uma visita - Passar algum tempo com esta pessoa, passar-lhe o seu calor, o seu amor e a sua compreensão poderá ser altamente importante para esta pessoa caminhar para a sua regeneração emocional. 

-Fazer um telefonema - Por vezes não é possível de todo visitar... Mas existe sempre a possibilidade do contacto via telemóvel. Hoje em dia existem redes altamente económicas que permitem falar quase gratuitamente. Um telefonema pode fazer a diferença!

-Enviar uma mensagem por telemóvel - Esta é também outra possibilidade de dar uma palavra amiga a alguém deprimido. 

-Enviar um e-mail - Em pouco tempo é possível escrever algo com significado que pode ajudar alguém de quem gostamos a sorrir. 

-Enviar um postal- É também algo altamente acessível e que tem sempre muito significado.

-Enviar uma canção que a ajude a sorrir. 

-Enviar um poema, uma citação... Até uma reflexão pode ter peso. 

- Enviar um video cómico pelo Youtube. Rir é sempre muito importante até para relativizar a situação.

 

Como vê existem muitas formas, estas são apenas algumas, para dar um pouco de alegria a alguém deprimido. 

 

Vou deixar-vos com o segundo andamento do Concerto para Piano e Orquestra de Sergei Rachmaninov que foi dedicado ao seu hipnoterapeuta que o ajudou a sair da sua crise depressiva, provocada pela não aceitação por parte do público russo do seu primeiro concerto para Piano e Orquestra. 

 

http://www.youtube.com/watch?v=znlUBaLH2zY&feature=related

 

Faça do dia da Depressão, um dia diferente. 

António Norton

 

 

 

DEVE CHAMAR-SE TRISTEZA

 

Deve chamar-se tristeza 
Isto que não sei que seja 
Que me inquieta sem surpresa 
Saudade que não deseja. 
Sim, tristeza - mas aquela 
Que nasce de conhecer 
Que ao longe está uma estrela 
E ao perto está não a Ter. 

Seja o que for, é o que tenho. 
Tudo mais é tudo só. 
E eu deixo ir o pó que apanho 
De entre as mãos ricas de pó.

 

Fernando Pessoa

Rita Alves

publicado às 17:06



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