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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Helena Gomes
Psicóloga Clínica
Somos diariamente bombardeados com mentiras e enganos, mas o que leva uma sociedade em que este comportamento é reprovado a recorrer tão frequentemente a ele? Em que Mentir ou não mentir, é a questão, ou melhor a acção! Provavelmente está a pensar “mentiras, não suporto!” ou então, “se for por uma boa causa, porque não?”, ou ainda “quem nunca disse uma mentirinha?!”. Na realidade em 20% a 35% das interacções sociais as pessoas mentem. Mentir/ enganar é um processo psicológico pelo qual um indivíduo deliberadamente tenta convencer outra pessoa a aceitar como verdade o que sabe ser falso, para ganhar algum tipo de benefício ou para evitar perdas. Deste modo, algumas mentiras podem ser egoístas, mas também podem ter um papel fundamental em interacções sociais adequadas.
Mas, o que o motiva a mentir? Alguns estudos indicam que as motivações podem ser centradas em si ou nos outros. As mentiras centradas em si são instrumentais para ganho próprio e podem ocorrer para promover a identidade, evitar a desaprovação ou castigo, ou adquirir recursos materiais (“Sim esse carro é meu, não devo nada ao banco”, “Foi ele que partiu o candeeiro mãe”). Por outro lado, as mentiras centradas no outro, têm o intuito de beneficiar outro indivíduo, e ocorrem comummente em relacionamentos próximos e são usadas para proteger os sentimentos dos outros, aumentar a auto-estima do outro, ou preservar a harmonia interpessoal (“Sim, esse vestido fica-te muito bem”, “Estiveste fantástico, nunca comi arroz tão bom”).
Dado que a mentira é uma faceta da vida quotidiana, a capacidade de discriminar entre verdade e mentira torna-se adaptativo. Inclusive muitos pesquisadores em psicologia do desenvolvimento têm considerado mentir como uma parte essencial do desenvolvimento psicológico. E como desde sempre o ser humano quis perceber quando estava a ser enganado e como o perceber, há uma série de sinais não-verbais associados à mentira que são cada vez mais fonte de estudo e interesse, tais como as mudanças subtis de expressão, postura corporal, mas as características da voz, nomeadamente a entoação da voz fornecem as pistas mais autênticas. E porquê? Porque a voz é menos passível de auto-regulação.
Alguns dados curiosos que ocorrem normalmente quando as Pessoas mentem:
Deixamos-lhe um excerto de como seria um anúncio publicitário sem mentira, retirado do filme “A invenção da mentira”, e diga-nos, neste caso, o que prefere ouvir? J