por oficinadepsicologia, em 29.11.11
Chorar não é depressão. Estar triste também não. E uma fase negra, em que tudo corre mal, pode ser deprimente, mas também não determina depressão. É uma óptima ideia termos estes temas em mente, para não corrermos para comprimidos sem qualquer necessidade disso, em vez de nos focarmos em mobilizar as nossas estratégias e recursos pessoais para lidar de uma forma saudável e adaptativa com as situações que nos estão a perturbar um funcionamento optimizado.
As emoções negativas fazem parte da vida – são um acessório de base, quer as queiramos, quer não. E têm uma função de saúde, na medida em que são reacção saudável, protegendo-nos de ameaças externas ou internas, alertando-nos para situações que urgem ser resolvidas, obrigando-nos a defender as nossas necessidades ou permitindo-nos o tempo e condições de quietude para uma reorganização interna. Tentar terminá-las, a golpes de químicos, é tão pouco funcional como tentar silenciar um alarme sofisticado, por estarmos incomodados com o som, sem termos o cuidado de investigar porque disparou e fazermos o que houver a fazer para resolver esse motivo. De cada vez que interrompemos de uma forma artificial o fluxo das emoções, sem análise, sem alterações à nossa abordagem à vida e leitura do que se passa connosco, estamos a correr o risco de silenciar um mecanismo de vida precioso e que faz parte integrante de nós.
Naturalmente, que existem muitas situações que exigem intervenção psico-farmacológica – apenas não tantas quantas as que estão a ocorrer, com sério prejuízo da própria saúde mental que visam proteger. Nunca tome medicamentos psiquiátricos que não foram prescritos por um psiquiatra ou neurologista e, sempre que lhe forem recomendados, avalie se a psicoterapia não poderá ser uma alternativa ou um complemento eficaz.