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Timidez ou Fobia Social?

por oficinadepsicologia, em 16.02.10

Autor: Pedro Albuquerque

Psicólogo Clínico

 

Ansiedade social é o que quase todas as pessoas têm um pouco. É algum tipo de timidez em determinadas situações sociais. Por exemplo quando alguém é um pouco reservado num primeiro encontro, ou quando fica ansioso ao ter de falar na frente de um grupo de pessoas, seja num ambiente mais formal ou informal.

 

Com base nos seus valores (aquilo que é importante para a pessoa) e nas suas crenças (aquilo em que acredita) algumas pessoas experimentam mais ansiedade social do que outros.

 

Esses sentimentos são muito comuns, e a maioria das pessoas é capaz de lidar com esses pensamentos e sentimentos que ocorrem em algumas fases de suas vidas. Essas pessoas sabem que toda a gente os tem e simplesmente colocam de lado o receio e a ansiedade e continuam a fazer o que é mais importante nas suas vidas. No entanto, para algumas pessoas essas mesmas experiências ou situações podem ser vividas com grande mal-estar e esse mal-estar é referido como Fobia Social.

 

As pessoas que sofrem de fobia social têm um medo intenso e sempre presente de serem avaliados negativamente pelas outras pessoas. São pessoas que estão sempre muito conscientes de si, do seu aspecto, da forma como falam, como colocam o corpo, sentindo que os outros os estão a observar e ficando muito preocupados sobre como poderão ser percebidos.

As situações sociais nunca são situações em que se possa estar tranquilo, relaxado, a desfrutar o que está a acontecer ou simplesmente deixar-se ir na onda do encontro. O intuito máximo é querer desesperadamente causar uma boa impressão, sem no entanto se sentir a segurança para o fazer. Devido a isso, surge um medo intenso de causar má impressão (o que se sente que acontece constantemente) e depois de um encontro social, a pessoa rumina durante muito tempo sobre o que correu mal. Evitam-se situações sociais de interacção e de desempenho, isto porque o medo de ficar embaraçado, envergonhado ou humilhado é constante. E a ansiedade aumenta ainda mais quando se pensa que se pode ser avaliado negativamente por isso. A ansiedade aumenta tanto que poderá conduzir a um ataque de pânico, isto se a pessoa ainda estiver na situação.


Devido ao evitamento constante em situações sociais, estas pessoas mantêm um estilo de vida isolado e solitário. Não que gostem ou apreciem esse estilo de vida; muito pelo contrário, sofrem imenso por não terem a espontaneidade que sabem ser necessária para estar com outras pessoas.

 

Frequentemente, as pessoas que partilham as suas vidas, a família, os amigos, os colegas de trabalho, não entendem estes receios, o que reforça a ideia nestas pessoas de que são fracas. Elas acham que são fracas, incompetentes, e sem interesse, quando se comparam com as outras pessoas, mesmo quando têm evidências que isso está longe da verdade.

 

Esta comparação excessiva conduz a uma baixa auto-estima, a que se juntarmos anos de isolamento e a tristeza de querer que as coisas fossem de forma diferente das que são, obteremos os ingredientes necessários para a depressão. A depressão é uma doença muito frequente que acompanha todas as pessoas que têm Fobia Social.

 

Muitas pessoas questionam-se sobre as causas deste modo de vida, a que muitos chamam personalidade, feitio ou maneira de ser. Aquilo que sabemos, é que este modo de vida tem alguma componente biológica mas parece que um dos factores determinantes é a aquisição de experiências durante a vida, ou seja este modo de vida é aprendido. São boas notícias, porque se temos a capacidade de aprender um modo de vida também temos de aprender outro.

 

No entanto, podemos salientar algumas experiências que se sabe poderem contribuir para a Fobia Social:

  • Quando houve, durante o crescimento, experiências negativas com outras pessoas. Por exemplo, quando alguém sofre a intimidação ou humilhação (física ou psicológica) por parte dos colegas, ou não se encaixa num grupo, ou se foi popular e depois perdeu esse estatuto, ou se foi rejeitado, ignorado ou qualquer outra experiência que tenha tido um grande impacto emocional. Habitualmente estas experiências são consideradas como traumáticas e a pessoa poderá querer deixar o passado para trás mas cada vez que se recorda dessas situações, essa carga emocional irrompe sem que se consiga controlar.
  • Quando se cresce num ambiente muito competitivo. Por exemplo, quando existem padrões de exigência muito elevados para a pessoa ser de determinada maneira, como se a pessoa tivesse que ser um modelo, ou “perfeita”.
  • Quando um ou os dos pais têm ansiedade social e transmitem aos filhos um sistema de valores e crenças. Por exemplo, a valorização excessiva acerca do que as outras pessoas pensam de si.
  • Quando, durante o crescimento, a pessoa é punida com situações que a embaraçam ou envergonham.
  • Quando, durante o crescimento, a pessoa teve poucas oportunidades para se socializar. Por exemplo, quando alguém cresce muito fechado na sua própria família nuclear e essa família tende a fechar-se sobre ela mesma.


Resumindo, as pessoas que sofrem de Fobia Social, tendem a:

  • Ser excessivamente auto-conscientes;
  • Ter receio do que os outros possam pensar delas, nomeadamente, que estão ansiosas, que são fracas, estranhas;
  • Ter medo de serem avaliadas negativamente pelos outros;
  • Ter um receio muito elevado de rejeição;
  • Fazer grandes esforços para conquistarem a aprovação dos outros;
  • Ter receio de entrar em conflitos;
  • Ter medo de serem o centro das atenções;
  • Ter sentimentos de superioridade/inferioridade para com as pessoas que percebem ser “melhores” do que elas;

 

Se o seu caso não é bem de timidez, e se reconhece histórias de vida e/ou sintomas como os descritos, procure acompanhamento psicoterapêutico. A Fobia Social tem tratamento eficaz!

publicado às 13:04


214 comentários

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De Anónimo a 06.11.2018 às 22:41

Olá,meu nome é Marina, eu achei que eu era a unica pessoa no mundo que se


sentia assim. Sou completamente isolada não tenho amigos e sinto que ninguém se sente a vontade com a minha presença tenho medo de fazer alguma coisa que não gostem. Antes era pior eu não conseguia nem sair na porta de casa meu maior medo era das pessoas rirem ou virar a fofoca do mês. Hoje eu não saio muito por que eu começo a fazer restos e as pessoas começam a reparar tenho medo de esbarrar nas pessoas e também quando to no meio de muita gente tipo na hora de sair da escola. estou no primeiro ano do ensino médio fico isolada no intervalo.
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De Anónimo a 27.02.2020 às 16:43

Mim senti assim na infância e hj em dia... Uma pessoa que fingiu ser minha amiga minha inventou fofoca de mim coisas absurdas que eu só descobrir pq ninguém queria mas falar comigo e quando mim ver entra pra casa... E eu nunca fiz nada com ela, tudo é a maneira que nos reagimos eu não tenho nem parente nem amigos pq nasci em outro estado então essa semana resolvi mudar eu quero muito fazer amizades falar com as pessoas e mostrar quem eu sou... Eu tenho medo da avaliação negativa e com essa fofoca mim deixou sem saber o que fazer... Mas andei pesquisando e tá mim ajudando muito aproveitei que a senhora que gosta de mim e sabe quem eu sou e passei a ir lá a tarde conversar e isso mim faz bem e aos poucos percebi que as pessoa não estão mas entrando para casa aí eu falo com todo mundo... dando Boa tarde e etc... Tenho fé que darei a volta por cima de tudo... muitas vezes a gente se fecha pras pessoas e elas só retribuem eu vi gente que eu achei que não gostava de mim quando eu falei respondeu sorriu foi muito bom... E eu tenho amiga em outro bairro que eu posso ir pra lar passear e tentar amizade lá onde ela mora, mas as vezes não consigo falta animo, e se sentir excluida é triste de mais .

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