por oficinadepsicologia, em 14.03.12
Autora. Filipa Cristóvão
Psicóloga Clínica
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Enquanto pensava em factores que poderão contribuir para uma maior prevenção de saúde mental e promoção de bem-estar, ocorreu-me que na verdade uma pequena palavra podia bem englobar tanto: Coerência.
E essa mesma atitude que pode ser definida aqui como a capacidade de agir de forma estruturada, com compreensão, e previsível perante as situações pode ter inúmeras aplicações:
- Coerência na educação das crianças: Inúmeros estudos têm revelado como a consistência nos actos educativos são preditivos de um crescimento saudável. Ou seja, as crianças precisam de estrutura com alguma previsibilidade. Se a criança faz um erro e leva um castigo por isso, no dia seguinte perante o mesmo erro não pode levar um chupa. Sem perceber a ligação de acto/consequência, os padrões aleatórios tornam-se altamente ansiogénicos para uma criança que está a construir o seu mundo interno. Mais ainda, é extremamente importante a coerência entre o que se diz e o que se faz, a coerência entre os conteúdos que transmitem os distintos adultos no ambiente da criança, e a consistência nas mensagens através do tempo.
- Sentido interno de coerência – Trata-se de um conceito desenvolvido por Antonovsky define a capacidade com a qual o indivíduo com um persistente e dinâmico sentimento de confiança encara os estímulos emanados dos meios internos ou externo de uma existência como estruturados, previsíveis e explicáveis; que o individuo tem ao seu alcance recursos para satisfazer as exigências colocadas por esses estímulos; que essas exigências são desafios capazes de catalisar o investimento e o empenho do individuo.
Esta capacidade de experimentar um sentido de coerência está também relacionada com a sensação de bem-estar subjectivo.
- Coerência cardíaca - Até o nosso corpo aprecia alguma coerência. Investigadores do Hearthmath Institute demonstraram que o facto de se evocar uma emoção positiva ou focar a atenção numa sensação bem-estar, devido a uma recordação ou mesmo a uma cena imaginada induz muito rapidamente uma transição da variabilidade cardíaca para uma fase de coerência. Quando estamos centrados em pensamentos negativos, preocupações, estados de stress, diminui a coerência cardíaca, i.e, a variabilidade do ritmo cardíaco entre dois batimentos torna-se “caótica”. A coerência cardíaca influencia o cérebro emocional pois ao dar-lhe estabilidade, indica que fisiologicamente tudo está a funcionar normalmente. O cérebro emocional retribui reforçando a coerência do coração. Este efeito entre o coração e o cérebro estabiliza o sistema nervoso autónomo. Este equilíbrio traduz-se na saúde do corpo em geral pois confere uma sensação de auto-confiança para enfrentar os desafios, ajuda a controlar o stress, a tensão arterial, previne a perda de memória e a depressão, contribui para um aumento de concentração e imunidade.
Filipa Cristovão