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As crianças e a separação dos pais

por oficinadepsicologia, em 25.02.10

Autora: Ana Magalhães

Psicóloga Clínica

 

Se a sua relação não vai bem, se por algum motivo não se sente feliz com o seu casamento, se o seu (sua) companheiro (a) a (o) desilude, se você se desilude a si própria (o) na relação, ou se a relação vai acabar proximamente, ou já acabou... trimmmmmmm.

Oiça o som desta campainha. Tudo é permitido na “guerra” menos usar  as crianças.

 

Lembre-se o quão feliz ficou quando soube que ia ser mãe/pai.

Lembre-se do seu bebé no dia que nasceu e daquele olhar inocente que penetrava na sua alma.

Lembre-se do quanto ele (ela) a (o) fazem sentir-se bem.

 

Qualquer criança tem um desenvolvimento mais harmonioso e saudável se puder disfrutar da companhia e do amor do pai e da mãe.

 

Quando os pais estão de costas voltadas, dentro ou fora da mesma casa, a tendência é usarem os filhos para mediarem a sua raiva e as suas frustrações.

Não o faça!

 

Eis algumas dicas para protecção das crianças:

 

-        

Não discuta à frente dos seus filhos.

-         Explique-lhes que o amor entre o casal acabou, mas o amor por eles, filhos, é incondicional e eterno.

-         Não use os seus filhos para criar sentimentos de culpa, exigir ou atingir os seus fins pessoais, porque a meio desse processo irá magoar também a criança e torná-la mais frágil.

-         Os filhos tendem a identificar-se com os pais; não quebre esse processo.

-         Aprendemos por modelagem; se vê no (a) seu (sua) filho (a) caracteristicas que abomina no seu ex. , não se esqueça que são pessoas diferentes.

-         tente dialogar e marcar periodicamente pequenos encontros, pacíficos, para traçarem em conjunto as linhas educativas dos vossos filhos

-         faça com que o regime de visitas imposto não se torne pesado para a criança. Ambos os pais têm direito a estar com os filhos, mas não devem perder a principal linha condutora, o direito supremo da criança. Se existe uma festa de anos, se a criança tem de estudar ou se simplesmente não lhe apetece sair de casa, não force o encontro. Remarque-o.

-         Não deixe de cumprir as regras e os horários da criança, pelo que deve trazê-la a casa à hora combinada nos dias de visita.

-         Não deixe de pagar a pensao de alimentos. A pensão é para assegurar o bem-estar dos seus filhos.

-         Por muito que a separação tenha sido traumática, não deixe de pensar que é também uma mudança na vida das crianças. Torne-a natural e aumente os tempos de prazer e lazer.

-         Não desestruture no fim-de-semana o que foi construído durante a semana, pois a criança vai aperceber-se que você está diferente e mais indiferente.

-         Não deixe que a sua família e amigos critiquem o (a) seu (sua) ex. diante das crianças.

-         Não pergunte demais e não peça relatórios quando a criança chega da casa do seu excompanheiro, desde que sinta que ela vem bem e feliz. Esse é o único sinal de que se deve assegurar.

-         Aceite que a pessoa de quem se separou pode reconstruir a sua vida afectiva, e não encha a cabeça da criança de juízos de valor e de agressividade face à nova pessoa. Deixe que seja a criança a emitir a sua opinião genuína.

-         Tenha um espaço na sua casa, caso só receba a criança ao fim-de-semana, especial e apropriado, para que a criança se sinta confortável. Prepare-o como se ela vivesse consigo.

-         Se houver necessidade de troca de fins-de-semana, faça-o sem guerrear, para bem de todos.

-         Telefone todos os dias aos seus filhos, interesse-se pelo seu dia-a-dia e partilhe a sua vida com eles.

-         Seja presente nas suas vidas e faça com que eles sintam que são importantes para si, tão importantes como antes.

 

Fala-se, hoje em em dia, bastante em alienação parental, situação na qual um dos progenitores tenta banir o outro da relação com os filhos, o que tem efeitos devastadores nas crianças, nomeadamente de uma enorme perda assemelhada a um luto. De uma forma mais comum, e infelizmente menos falada pela sua banalização, surgem as situações em que um dos progenitores se demite totalmente das suas responsabilidades, deixa de querer ver os filhos, deixa de se interessar, deixa de contribuir financeiramente para a sobrevivência dos filhos, criando situações de graves carências primárias, e contribuindo para que as crianças tenham que mudar de casa, mudar de escola, mudar de hábitos e mudar de vida.

São situações graves, evitáveis, e que podem deixar marcas profundas às crianças, aos nossos filhos, àqueles que mais amamos na vida. Lembre-se de colocar os seus filos bem acima de qualquer sentimento negativo pelo seu excompanheiro e pela perda da sua relação a dois!

 

publicado às 08:39


2 comentários

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De Petrus a 25.02.2010 às 19:31

Dra. Ana Magalhães:


Parabéns pelo artigo que se inicia com ALIENAÇÂO PARENTAL e encerra-se com ABANDONO SÓCIO AFETIVO.

Pelo que notei, estas em Portugal a terra de nossa origem. Aqui no Brasil, estas são as nomenclaturas utilizadas, inclusive judicialmente! Aproveito para, em reforço a seu artigo, esclarecer que o Congresso Brasileiro, no caso a câmara do deputados, já aprovou por unanimidade, um a proposta de lei que visa coibir, e punir, a pratica da ALIENAÇÃO. A proposta vai agora ao senado, devendo ser sancionada ainda este ano.

Abraços a todos
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De américo a 26.06.2010 às 23:12

Muitas vezes a alienação não está de pais para os filhos mas sim dos filhos para os pais. Filhos que perderam a vontade de estar com o pai ou a mãe, ou mesmo com os dois. Quando o estado doentio de um dos progenitores persiste no tempo ou, a condição de vida dos menores com um dos progenitores é de um estado de sobrevivência tal, a tendência é para o jovem se desvincular da familiar de origem e se expor a modelos de comportamento desviante. A pratica diz-me, que a separação não resolvida entre os progenitores, indiciam maior necessidade de encontrar respostas antecipadoras de ajuda aos pais do que ao filhos.

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