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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Irina António
Psicóloga Clínica
(Parte 1)
“Tenho uma baixa autoestima"
“O meu problema principal é a baixa autoestima”
“ A minha autoestima não me permite mudar de vida”
“A baixa autoestima faz com que não consiga enfrentar o meu chefe”
“O meu marido critica-me por eu ter uma autoestima baixa”
“Tenho uma boa autoestima, mas sinto-me inseguro ”.
Da polifonia dos temas que ocupam o espaço do consultório, hoje quero partilhar consigo a minha reflexão sobre um deles, a autoestima. Histórias de vida que tentam ser compreendidas e trabalhadas no processo terapêutico através de um olhar cuidadoso para vivência individual de autoestima, destacam muitas vezes experiências de sofrimento expressas por uma opinião negativa de si, uma autoimagem denegrida, um pensamento sobre si próprio como alguém insignificativo e /ou incapaz, uma dificuldade em estabelecer contactos saudáveis com outras pessoas, um sentimento de tristeza, de abandono, de desespero, de ansiedade.
Vista pelo prisma da sabedoria popular, a melodia de autoestima habitualmente não toca mais além da sua expressão dual: ou alta ou baixa, à semelhança da visão sobre muitas outras vivências humanas arrumadas entre o bom e o mau. No entanto, se virmos na autoestima apenas uma ideia fixa, avançaremos muito pouco tanto na sua compreensão, como no processo da sua mudança.
Porque a autoestima é algo que está experienciado em cada momento da nossa vida e ligado ao nível da nossa flexibilidade psicológica e à nossa capacidade de adaptação a cada contacto externo/interno. Por exemplo, podemos sentir a autoestima a descer quando nos confrontamos com os nossos limites numa ou noutra área da vida. Não existem pessoas totalmente competentes e bons em tudo, daí fazer uma autoavaliação que traz menos satisfação é natural.
Para não se perder nesse processo avaliativo sugiro colocar a si mesmo duas questões: o QUE é que estou a considerar como positivo ou negativo e QUE IMPACTO isso tem na relação comigo mesmo e com o nível dessatisfação que tenho com a vida. Explico melhor, por exemplo, você se autoconsidera como inapto (a) para tocar piano e nesta área a sua autoestima irá sofrer uma descida significativa. Mas que grau de importância você atribui a esta capacidade na sua vida? Ter uma atitude adequada e realista é um grande segredo nesse processo. No entanto, se apesar de reconhecer a falta de uma capacidade concreta numa esfera de pouca importância na sua vida, sentir destroçado (a) e sem perspetiva do género “não preciso de tocar como um profissional, vou experimentar e vejo que sairá disso”, podemos desconfiar que estamos perante uma avaliação negativa de si mesmo como pessoa. E o trabalho de ajustamento que a sua autoestima requer é bastante mais profundo.
Falaremos sobre vários etapas deste trabalho no próximo artigo.
Até breve….