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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Débora Água-Doce
Psicóloga Clínica
Com base em estudos sobre a Doença do Cancro da mama, percebemos que o número de novos diagnósticos por ano tem aumentado significativamente, o que me levou, sendo também mulher, a trazer-lhe algo sobre esse tema. Vou falar-lhe sobre a Imagem Corporal em Mulheres com Cancro da Mama.
O cancro da mama é uma das patologias que abala a estrutura física e psico-social da mulher, ao mesmo tempo que, desencadeia emoções, sentimentos e comportamentos que as deixam fragilizadas, após a confirmação de doença grave, quase sempre associada a morte. A mulher vive inicialmente em permanente ansiedade, medo e desespero, necessitando frequentemente de um espaço/tempo para poder reflectir sobre o fato de estar doente, mesmo sabendo que terá um futuro incerto e repleto de sentimentos de medo, angústia, dor e sofrimento.
A mama é considerada um símbolo da sexualidade, o que nos leva a pensar que qualquer patologia que ameace este órgão leva a uma perda de auto-estima, conduzindo a sentimentos de inferioridade e rejeição.
Foram inúmeras as autoras e autores que escreveram acerca da natureza simbólica dos seios. Efectivamente, os significados atribuídos aos seios estão interligados com os valores sociais e culturais. Yalon (1997) sublinha que, independentemente da óptica sócio-cultutal, a importância atribuída aos seios, ao longo dos tempos, tem sido predominantemente masculina. Os seios são considerados, sobretudo pelos homens, como sinal erótico vital numa manifestação amorosa. Representam também a beleza feminina. É inegável, portanto, que as qualidades estéticas e eróticas do seio assumem uma importância relevante na sociedade actual.
De acordo com vários autores o conceito de imagem corporal é impossível de definir claramente. Metodologicamente, e de acordo com Hopwood et al. (2001), não existe, hoje em dia, qualquer consenso face à definição de perturbação da mesma. Não há ainda uma teoria unitária que congregue todas as abordagens existentes. Cash e Pruzinsky (1990) são da opinião que é um conceito extremamente ambíguo.
Ao falarmos de Imagem Corporal, existe uma relação que devemos considerar, que é a que se estabelece entre a sociedade de consumo e o corpo. A construção social da beleza (um primeiro passo para o sofrimento).
Com base na literatura depreende-se que o conceito de imagem corporal envolve preocupações, pensamentos e sentimentos que cada pessoa possui acerca do seu corpo e da sua experiência corporal. Numa síntese acerca das concepções de vários teóricos relativamente à imagem corporal infere-se que esta não se restringe a questões de ordem estética e/ou de aparência física. Sublinham que é influenciada também pela idade, etnicidade, função e aptidões corporais, força, sensações corporais, personalidade, sexualidade, estado saúde/doença. Outros factores que se articulam com todos os referidos anteriormente são o conjunto de experiências vividas e a realidade sócio-cultural (Cash e Pruzinsky, 1990; Fallon, 1990; Brendin, 1999).
Gostaria que ficassem com a ideia de que a imagem corporal é um constructo decorrente de diferentes dimensões da experiência corporal.
É de igual forma importante, fazer uma abordagem mais aproximada da componente conceito de imagem corporal que se preocupa particularmente com a visão mental do self físico, ou seja, com as percepções relacionadas com a própria aparência física e estado de saúde.
Segundo Price (1999) citado por Romanek et al. (2005), a imagem corporal é conceptualizada como uma imagem mental do corpo e pode envolver diversas dimensões, tais como: a percepção que pessoa tem do seu próprio corpo; a forma como pensa sobre o seu próprio corpo; a forma como pessoa apresenta o seu próprio corpo aos outros; a satisfação face à sua aparência.
Hopwood (1993) refere que nos trabalhos em que o método de entrevista era utilizado verificou a abordagem de aspectos como a satisfação em relação à cicatriz, o impacto do linfedema, o grau em que a mulher oculta a cicatriz em relação ao parceiro, o grau em que esta recusa despir-se na frente do mesmo, a atitude e consciência relativamente à aparência física, o sentimento de deformidade, a vergonha, a atractividade sexual e a mudança da importância do seio para a mulher.
Descreve ainda que as principais ideias mais comummente abordados pelas mulheres são: a insatisfação com a aparência (vestida), a perda de feminilidade, a recusa em ver-se despida, o sentimento de menor atractividade sexual, a consciência em relação à aparência e a insatisfação com a cicatriz e com a prótese.
Estes factos poderão explicar, em parte, que a procura do aperfeiçoamento da própria imagem, assim como a conservação da sua integridade, são importantes elementos de motivação. Tal como Pitanguy (1992) afirma, a imagem corporal é um importante elemento dentro do complicado funcionamento de formação da identidade pessoal.
É importante promover o “Gostar de Si”.
Mas como é que isso se faz quando tudo parece tão difícil?
Brevemente, abordarei esse tema. Espere por mim, aqui…