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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
...ou quando os príncipes e princesas são, afinal, simples seres humanos...
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
O casamento começa quase sempre como uma idealização do outro. Ela olha para ele e acredita que ele a fará feliz, que a completa, que tomará conta dela e que as vossas crianças serão lindas e inteligentes. Ele por seu lado, olha para os seus olhos convidativos e vê um universo cheio de promessa e desejo. Tudo parece perfeito e acreditamos que vamos viver o “e foram felizes para sempre”. Sonhamos com o grande dia e planeamo-lo com um imenso detalhe. Mas apesar de toda a pompa e circunstância, o casamento envolve riscos, porque a idealização inerente ao amor romântico e à paixão pode levar a uma armadilha onde nos podemos sentir verdadeiros escravos.
Frequentemente esquecemo-nos que o casamento é como quando compramos uma casa pela primeira vez. Escolhida a casa temos que tratar dela, decora-la, mantê-la, pagá-la, para não falar já nos vizinhos e nas fastidiosas reuniões de condomínio e todo um conjunto de outras coisas decorrentes de termos algo nosso.
É aqui que o verdadeiro trabalho do amor começa e acontece. Mas é também aqui, que começa o confronto com a realidade e é muito fácil o casal envolver-se rapidamente em espirais de ressentimento mútuo. "Porque é que eu deveria fazer alguma coisa por ele quando ele só pensa em si mesmo?". “Agora estás sempre a criticar-me” . ”Senão gostas, vai-te embora” . “Senão gritasses tanto, teria vindo para casa mais cedo”. O ressentimento é o veneno do amor.
E para alguns o casamento termina aqui. Para outros é tempo de aceitar a perda de um casamento baseado em mútuas fantasias infantis, mas desistir e abandonar o sonho não é fácil. O ressentimento tem de ceder lugar ao “deixar para trás”, sentimos-nos apertados e angustiados, afinal doí sempre quando temos de deixar algo para trás. Mas lenta e seguramente, é possível substitui-lo por um novo projecto, por uma parceria produtiva e necessária - o amor entre dois adultos.