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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: António Norton
Psicólogo Clínico
Vivemos na sociedade do “Zapping”, do “fast-food”, do “fast” de tudo e mais alguma coisa. Uma sociedade virada para o imediatismo, para a contínua mudança minuto a minuto, segundo a segundo, momento a momento. Somos todos apanhados numa onda vórtica que nos suga, nos consome e, por vezes, nem nos deixa respirar, tal é o nível avassalador com que se impõe.
Vivemos numa sociedade onde existem mil escolhas, mil propostas, mil ofertas. E tantas coisas parecem interessantes, apelativas, dignas do nosso interesse…
Toda esta variedade contínua, difusa e assertivamente presente coloca-nos escolhas e dilemas. A condição humana é a condição da escolha. Estamos sempre condenados a escolher. Cada segundo que vivemos é também cada segundo que escolhemos. E é importante escolher bem, com convicção, confiança, intenção e consciência.
A escolha é uma condição inevitável ainda que existam muitas escolhas possíveis. O perigo desta imensa variedade é a possibilidade de cada um de nós se perder.
Cada um de nós tem a sua agenda escrita ou apenas mantida no nosso próprio segredo. Quando falo de agenda, falo de ideias, pensamentos, coisas que queremos concretizar, planos, e.t.c.
Durante o dia, reunimos ideias e estratégias para implementar quando chegarmos a casa. Eu também por mim falo.
E o que acontece quando finalmente chegamos a casa? Basta ligarmos a televisão e somos invadidos por milhares de canais, alguns altamente apelativos que por vezes são mesmo sedutores, ao ponto de nos fazer esquecer todas as ideias que tínhamos reunido.
Depois existe a Internet , o Youtube, o Facebook e verdadeiramente podemos passar horas a consumir, desenfreadamente, ideias de outros, momentos de outros, sonhos de outros, vídeos, fotografias, discursos, e.t.c.
E nós? Onde ficamos nós? Onde fica você? Onde fico eu?
O risco de tanta, tanta, tanta informação é ficarmos dissolvidos no meio deste caos aparentemente ordenado.
A nível psicológico a ambivalência gerada pela indecisão da escolha gera uma sensação de divisão: estamos em todo o lado, mas não estamos, verdadeiramente, em parte alguma! Estamos perdidos no meio de todas as escolhas. Ficamos divididos, quebrados e alienados.
Qual a solução?
Gostava de propor uma ideia:
Quando chegar a sua casa, antes de se embrenhar nos mundos vórticos dos multimédia, gostaria que pegasse numa folha de papel, numa caneta e que mergulhasse na complexidade imensa da sua pessoa. Então, comece a escrever as várias ideias que teve durante o dia. Isole-se de tudo e fique apenas e só consigo mesmo. Verá que é algo tão simples, mas ao inicio difícil. Escreva as suas ideias.
Estas ideias poderão ser escritas sob a forma de tópicos simples. Poderá escrever coisas que gostaria de fazer, ou coisas que tem de fazer.
Estas ideias podem estar ordenadas por temas que, naturalmente, irão variar de pessoa para pessoa.
Vou dar um exemplo:
Carro:
Casa:
Familia:
Amigos:
Música:
Poderá dividir todas as suas ideias em listas de deveres, de sonhos, de projectos, e.t.c.
Quanto maior o nível de organização, mais promoverá também a sua organização interior.
Verá que se experimentar esta ideia tão simples sentirá outro controlo e outra consciência da sua pessoa. Fará o que quer fazer, sentirá que tem mais tempo e naturalmente também poderá desfrutar dos apetecidos meios audiovisuais.
Pense nisto!