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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Irina António
Psicóloga Clínica
Continuamos a navegar no nosso universo interno, tendo como ponto de partida a autoestima não satisfatória, mais conhecida como autoestima baixa. Os passos que proponho realizar vão ajudar-lhe a adquirir uma sensação / um conhecimento mais claro sobre particularidades da sua autoestima.
1) Em que áreas da sua vida a autoestima desajustada se expressa com maior regularidade e força?
Habitualmente destacam-se uma ou duas áreas bastante concretas. Por exemplo, nas relações interpessoais, nas relações com sexo oposto, nas competências profissionais: falar em público, na defesa da sua opinião, etc. Experimente identificá-las de uma forma ainda mais pormenorizada recorrendo aos nomes das pessoas cuja presença influencia a sensação de autoestima baixa, assim como às situações reais que salientam esta sensação. Qual é o retracto psicológico das pessoas que contacto, com as quais me sinto em clara desvantagem?
2) Descubra a linguagem de expressão da sua autoestima não satisfatória.
Como é que costuma dialogar consigo mesmo(a) quando percebe que algo está a correr mal? O mais habitual é recorrer à linguagem de auto-recriminação e de culpa? Ou seja, em vez de focar nos erros e tentar entender o que falhou, com o objectivo de corrigir e procurar uma atitude mais ajustada a situações semelhantes, entra numa ruminação autodestrutiva ampliando o mau estar?
E isso acontece quando temos consciência do que se está a passar. Mas nem sempre os movimentos internos têm uma compreensão clara, às vezes o único sinal a denunciar o desconforto que temos é um mau estar geral, um desespero, uma sensação de aperto no peito. Nestas situações experimente transformar as sensações em palavras para compreender melhor as mesmas. Se a sensação pudesse falar, o que diria de si e da situação que está a enfrentar?
3) Procure os elementos principais que compõem a sua autocrítica.
Cada expressão de autocrítica habitualmente tem como mínimo 3 elementos. Elemento Um – a nossa atitude e o nosso comportamento desajustado, e por isso criticado. Por exemplo, “outra vez não foste capaz de ficar calado(a) e contaste tudo a quem não devias!”. Neste caso o comportamento prejudicial terá na sua base a dificuldade em conter informação.
Elemento Dois – a nossa atitude ou o comportamento que trariam resultados mais satisfatórios. Ou seja, como é que faria diferente? No exemplo acima apresentado, poderia desenvolver uma conversa mais contida em relação ao tema, desviar para outro assunto, etc.
Terceiro elemento – a figura que critica ou reprova. Claro, no caso da auto-recriminação somos nós próprios que nos ocupamos dessa tarefa. No entanto, a autocrítica é um elemento “introjectado” e adquirido na altura de infância. Enquanto pequenina a criança não sabe nem criticar, nem repreender, ela aprende a fazê-lo convivendo lado ao lado com adultos. E a medida do seu crescimento as vozes de pais, avós, professores, treinadores, confluem numa voz só, mais tarde transformando-se em voz própria que critica e reprova.
Quando estamos a ouvir alguém a criticar-nos, mais facilmente recorremos ao nosso sentido crítico para reflectir se vale ou não a pena escutar. Mas quando a voz vem do nosso interior, o distanciamento torna-se mais difícil, sendo que a sua pressão também tem uma força bem maior.
Para continuação deixo a proposta de uma experiência prática - testar a força e a qualidade da nossa voz autocrítica, assim como a vossa capacidade de transformar o contacto com a mesma numa experiência diferente. Encontramos em breve…