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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: António Norton
Psicólogo Clínico
Como sair da depressão? Se ajudar o outro ajuda-se a si!
Quando falamos de depressão falamos de uma estado de lassidão, de falta de energia anímica, de motivação, falta de vontade de lutar e de enfrentar os desafios que a vida, continuamente, coloca.
Falamos de uma anulação do investimento que a pessoa faz sobre si mesma. De algum modo, deixamos de acreditar em nós mesmos.
Quando penso em depressão, surge-me a ideia de subnutrição de afecto e de encurralamento. Alguém deprimido, é alguém que sente que chegou ao "fim da linha" e que não existe nem nunca existirá uma saída.
Gostaria de reflectir sobre a ideia de subnutrição de afecto. Quando estamos deprimidos sentimos uma carência de afecto. É como se estivéssemos fechados sobre nós próprios. É como se nada tivéssemos para dar e como se as outras pessoas à nossa volta não existissem. Estamos, pois, afundados num poço escuro.
Como sair deste buraco? Como encontrar alguma luz?
As nossas emoções são o principal responsável pela forma como percepcionamos a realidade que nos rodeia. Quando nos sentimos tristes e desamparados, fechados sobre nós mesmos, é natural que vejamos a nossa vida como um lugar cinzento onde não apetece estar, viver, sentir, ser.
Estamos desvitalizados, murchos e sem vida...
O que é preciso? O que fazer?
Na minha opinião de Psicólogo Clínico algo de extrema importância para a resolução do quadro negro que apresento é o contacto humano, o toque humano, o sentir que o outro nos quer bem e nos valoriza. Se estivermos abertos ao outro poderemos reciclar-nos emocionalmente. A espontaneidade de alguém que vive e está noutro "comprimento de onda" poderá ser um tónico para abalar a nossa rigidez depressiva. O rir, o brincar, a espontaneidade, a partilha que outro ser humano nos pode proporcionar poderá abalar e contribuir enormemente para colorir o nosso mundo interno.
Com isto quero dizer que é muito importante conviver! Estar com outras pessoas. O isolamento na depressão agrava o quadro. A nossa ruminação depressiva apodera-se de nós, vivemos totalmente encerrados e cada vez o nosso mundo fica mais negro.
Mas mais importante que o convívio é a partilha de significativas experiências no contacto humano. Se estamos deprimidos muitas vezes saímos e procuramos conviver mas, como estamos “negros”, as nossas interacções e partilhas redundam em futilidade e superficialidade. Se nos encontramos simplesmente por encontrar e se não damos nada de nós, é natural que o outro se torne aversivo.
O que é importante é ter experiências de contacto humano, ricas! Muito ricas!
E com esta ideia gostaria de introduzir a importância de nos sentirmos úteis! De podermos ajudar o próximo! Poder e conseguir ajudar outra pessoa, é algo extremamente valioso. Se sentirmos que alguém estima e reconhece esta ajuda, a nossa auto-estima começará a modificar-se!
Se agradecerem a nossa ajuda com uma palavra, com um olhar ou com um gesto, a nossa auto-estima muda!
O importante é ajudar!
E por vezes, para ajudar nem é preciso falar muito. Quando estamos muito deprimidos não desejamos falar. Tudo nos cansa. Então, podemos simplesmente ajudar com gestos ou com acções.
E como podemos ajudar?
Eu proponho acções de voluntariado, de humanismo, de partilha, de dar e receber!
Existem inúmeras acções de voluntariado espalhadas pelo país.
Vou deixar aqui uma lista delas:
http://www.fundacaoeugeniodealmeida.pt/banco-voluntariado/areas.asp
Esta é apenas uma de inúmeras listas de voluntariado que existem.
Quando você ajuda outro ser humano, também se ajuda a si mesmo.
Quando você faz bem a outra pessoa, também faz bem a si mesmo.
O amor que dá ao outro, é o amor que dá a si.
E quando se sentir nutrido afectivamente começará a ver o mundo de outra forma. O negro e o cinzento deixarão de ser as cores dominantes do seu mundo interior. Vai sentir-se melhor! Acredite!
Vai conhecer pessoas sem segundas intenções que estão na onda de ajudar e que vão transmitir-lhe energia positiva.
Mudando o outro, muda-se a si mesmo.
Pense nisto.