Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Era uma vez um manjerico mágico

por oficinadepsicologia, em 17.08.12

Autor: Luís Gonçalves

Psicólogo Clínico

www.oficinadepsicologia.com

Facebook

 

Luis Gonçalves

 

Era uma vez um manjerico como outro qualquer. Sim, leu bem… vim contar uma história sobre uma dessas plantas tão típicas dos Santos Populares. E uma pergunta fará já de seguida: mas que tem a ver uma planta com psicologia? Nada, aparentemente nada. Mas talvez esta o inspire, a minha ideia é essa.

Certo dia, um rapaz comprou um manjerico por altura do Santo António. Depois de ouvir e ver histórias sobre a sua grande sensibilidade e curto período de vida, decidiu abraçar este ambicioso projeto. Juntou então a sua grande ligação à Natureza ao gosto por desafios e decidiu tentar manter a planta viva e facilitar o seu crescimento. Não arranjou o manjerico por uma questão de ser habitual as pessoas terem-nos por esta altura. Nem tão pouco pela quadra tão típica que ele trazia, por muito cativante que fosse como prenda amorosa seguindo a tradição popular. A sua intenção era apenas cuidar atenciosamente dele, fazendo-o sobreviver e reproduzir-se. Mas sem sequer pensar que o desafio se iria tornar muito maior do que ele alguma vez supôs…

E os primeiros dias revelaram-se promissores. O manjerico parecia estar a corresponder muito bem à atenção que lhe era dada. Parecia saudável e o contentamento do rapaz crescia de dia para dia. Afinal de contas, tinha feito uma “aposta” com a sua mãe. Havia sido ela que, em tempos distantes, lhe tinha dado a conhecer este ser vivo tão lisboeta e bem cheiroso. Na sua infância, lembrava-se dela comprar sempre um para festejar o Santo António e alegrar a casa. Mas eles não duravam muito, havia ali qualquer coisa que falhava. E o rapaz decidira agora que estava na altura de tentar inverter a tendência. Tudo parecia apontar para o sucesso, à medida que o manjerico se mostrava cheio de vitalidade e pronto para crescer. Até que um dia…

Até que um dia surgiu uma corrente de ar em casa que fez tombar o vaso, criando um cenário desolador. Em segundos, havia bocados de barro cozido, terra e de manjerico por todo o lado. O rapaz ficou desolado porque não gostava de ver nenhum ser vivo naquele estado. E claro que se sentiu frustrado por, mais uma vez, assistir ao fim de um manjerico. A tal planta que era suposta dar alegria.

Manjerico da OP



Mas ele não se deu por vencido: pegou meticulosamente nos pedaços que sobraram, improvisou um vaso e juntou-lhe alguma terra. Não havia tempo a perder! Acreditou ser possível fazer renascer este resquício de vida apenas com o seu afeto. Houve até momentos em que achou que não ia conseguir, a tarefa tinha-se tornado gigante. Dia após dia manteve o seu cuidado pelo que sobrava do manjerico outrora vistoso e jovial. E à medida que o tempo passava, havia algo nele que lhe dizia para continuar. Para persistir. Para acreditar.

Chegou então um dia em que o rapaz olhou com maior detalhe para o seu manjerico sobrevivente, como se procurasse secretamente um sinal do desfecho desta história. E tal não foi o seu espanto quando reparou que a planta estava de ótima saúde, verde e cheia de vitalidade. Mas não era tudo, o melhor vinha a seguir. Observou que pequenas folhas despontavam por todo o lado, num fenómeno de vida simplesmente notável. O desafio que era grande e que, mais tarde, se tornou quase intransponível, havia sido vencido com um grande sorriso à mistura!

O que tirei desta história foi que devemos sempre lutar por aquilo em que acreditamos. Aconteça o que acontecer, há que manter a fé e a determinação. Devemos continuar sensíveis à sensibilidade que nos rodeia, mesmo quando a desilusão toma conta de nós e nenhum resultado vemos do nosso esforço. Seremos até resilientes ao ponto de transformar obstáculos em momentos de superação e energia, ressignificando-os como recursos positivos. E que nunca devemos esquecer o mundo natural. Devemos aprender a lê-lo e respeitá-lo: ele tem chaves que mudarão a nossa existência.

E no final disto tudo, olharemos para trás e sentiremos que valeu a pena. Que nos tornámos mais e melhor. Que conseguimos.

(Já agora, o rapaz da história sou eu e o manjerico valente é este!)

publicado às 10:36



Mais sobre mim

foto do autor



Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D