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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Pedro Diniz Rodrigues
Psicólogo Clínico
“Eu não tenho medo da morte, apenas não quero lá estar quando acontecer.”
Esta conhecida frase do ator e realizador Woody Allen, mostra-nos com algum humor como a morte pode influenciar a forma como vivemos a nossa vida.
Conhecidos investigadores na área da psicologia da morte, desenvolveram estudos que confirmavam a ideia de que a preocupação com a morte influencia directamente o comportamento das pessoas.
O pensarmos sobre este tema e a frequência com que o fazemos, poderá levar-nos a sentir grandes alterações na forma como percepcionamos um outro aspecto importante, e que relacionamos com a morte: o tempo.
Afinal de contas, cada dia que passa é um dia mais perto do fim…
Alguns investigadores colocam a questão: Será que a noção que temos do tempo, está relacionada com a quantidade de vezes que pensamos sobre a morte?
O que os resultados dos estudos indicam é que a nossa percepcão do tempo, pode mudar em função da personalidade ou a presença de estados como o medo, a ansiedade ou a depressão.
Uma das teorias psicológicas associada à gestão do medo da morte, diz-nos que o estarmos demasiado conscientes dessa realidade, nos motiva, pelo nosso desejo instintivo de viver, a criar uma variedade de defesas psicológicas.
Encontramos simbolismos, procuramos significados e adoptamos uma visão do mundo que nos inclui como parte desse simbolismo, assegurando assim o nosso bem-estar e tranquilidade.
A natureza simbólica dessas defesas, baseada naquilo que cada pessoa quer acreditar, permite que a vida seja vista como mais duradora e permanente.
Outra defesa psicológica que também é utilizada, é o alongar da percepção do tempo, ou seja sobrestimar o tempo. Esta estratégia poderá ser uma tentativa de gerar uma maior quantidade de tempo do que, na verdade, existe e ver o tempo como particularmente abundante.
Fica assim a ideia de que mais tempo estende a vida e adia a morte. O que se conclui dos estudos realizados, é que parecem ser as pessoas que mais pretendem prolongar a sua vida, aquelas que pensam na morte com maior frequência.
Gostaria de relembrar para aqueles que de nós, se sentem preocupados com a morte ou inquietos com o tempo que ainda têm, um outro lado importante da noção de tempo, e fundamental para a forma como encaramos a vida e a morte: Este é o tempo de viver.