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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Fabiana Andrade
Psicóloga Clínica
Alguma vez viu documentários sobre animais? Será que já viu nestes documentários situações como as seguintes?
- um animal chega perto de uma planta, sente que a planta é uma ameaça, “algo lhe diz” para não comer a planta. No entanto ele hesita e come a planta mesmo assim.
- um animal mesmo sem ver ou ouvir nada, “pressente” a presença de um predador. No entanto, ele hesita, e como não vê nada decide ficar ali mesmo assim.
- um animal “pressente” perigo, mas para confiar no seu instinto precisa confirmar que o perigo está mesmo lá, e enquanto não tem essa confirmação, não dá ouvidos ao seu instinto
- “algo diz” ao animal que ele deve migrar para Sul em determinada altura do ano. No entanto, como ele nunca lá foi e não sabe o que o espera, decide não ir.
Já viu? Não!
O que vemos nestes documentários, ou mesmo no dia a dia, para quem contacta diariamente com animais, não é nada disso!
Vemos que o animal, INSTINTIVAMENTE percebeu que a planta era venenosa e não a comeu. Não precisou testar, não duvidou, não hesitou.
Vemos o animal que pressente o predador e foge, sem hesitar, sem duvidar.
Vemos o animal, que nunca migrou para Sul, pois este é o seu 1º ano de vida, que sem hesitar viaja em busca de terras mais quentes.
Essas expressões, “pressente”, “algo me diz”, referem-se ao nosso instinto, à nossa intuição.
No mundo animal temos milhares de exemplos de que o instinto leva à VIDA! O instinto guia, protege.
E o nosso mundo é animal? Sim!
E não só. É animal, instintivo, e também é racional. Ou seja, não só temos uma ferramenta vital, como temos duas!
E o que fazemos com elas? Usamos uma (a razão, ou racionalidade, ou pensamento), para matar a outra! Achamos que uma é melhor do que a outra, valorizamos uma em detrimento da outra em vez de as usar como ferramentas complementares.
Recebo diariamente pessoas no consultório, cujos problemas vêm de uma origem: a redução da vida ao plano racional e consequente perda de uma bússola/guia fundamental: o instinto/corpo – emoção.
Assim, surgem pessoas com problemas de indecisão, estagnação, insegurança, ansiedade, falta de auto estima e auto confiança.
Pessoas que se desligaram da dimensão do corpo, dos instintos e emoções, e que tentam viver apenas com a dimensão racional. Fazem planos, criam expectativas, tentam dar ordem à tudo em prol de uma pseudo segurança.
Quando é mencionado que a segurança não está aí, e si m nelas mesmas e na utilização mais abrangente de todas as suas ferramentas, a primeira reação é de medo e desconfiança.
Aquelas que decidem arriscar e explorar a sua dimensão afetiva e instintiva, são aquelas que encontram uma mudança valiosa: a passagem de um modo de estar reduzido a outro modo pleno e completo. E é neste modo de estar que a vida acontece, que tudo se desbloqueia.
Ver estes saltos de fé acontecerem à minha frente me emociona.
Ver a cor a aparecer, a voz a mudar, os olhos a brilharem, os sorrisos nos rostos e uma energia renovada, é o melhor presente da minha profissão.
Assim, fica aqui uma recomendação para a vida: voltem a falar com os vossos animais interiores, eles são uma parte valiosa da vossa existência. Desçam das cabeças e habitem todo o vosso corpo.
E se sentirem que precisam de ajuda neste processo, estamos cá para isso!