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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: António Norton
Psicólogo Clínico
Hoje em dia cada vez mais se fala em auto-estima e em problemas de auto-estima.
Numa sociedade cada vez mais competitiva, mais arrogante, mais fria e distante nunca se sentiu, como agora, a importância vital da auto-estima.
Na minha prática clínica recebo, diariamente, pacientes que dizem ter baixa auto-estima.
Mas afinal o que é a auto-estima?
Dito por palavras é algo muito simples. É simplesmente gostar de si, ter afecto e amor pela sua pessoa.
As palavras são simples, mas, efectivamente, muitas vezes não é nada fácil gostarmos de nós mesmos.
Gostaria de acrescentar outra ideia fundamental à questão da auto-estima: Ter auto-estima é, simplesmente, gostar de si porque sim, porque existe e porque é! Não é por ter um bom carro, um bom emprego, um corpo bonito ou um rosto bonito ou o que for. Para ter auto-estima, simplesmente basta sentir amor e aceitação por si. Apenas. Nem mais nem menos do que isto.
Essencialmente, não precisa de Ter, mas sim de Ser. E, para Ser, não precisa de nada, uma vez que simplesmente já o é.
Quando um bebé é desejado e nasce, é apenas um ser minúsculo cujo cabelo muitas vezes muda de cor, cujos olhos podem mudar de cor, cujo tom de pele, por vezes, também muda. Este bebé não tem um corpo pelo qual se destaca, ou um emprego, ou um carro, ou conhecimentos e não precisa de nenhum destes requisitos para ser amado. Ele simplesmente é amado porque existe e assim recebe o amor dos seus pais. E essa é talvez a maior riqueza sem preço que os pais podem dar aos seus filhos – o seu amor - simplesmente pelo facto de serem seus filhos.
Quando um bebé nasce e sente-se amado e aceite começa a amar-se a si mesmo. É nessa base de aceitação e amor que irá construir a sua identidade.
E quando este amor, normalmente dado pelos pais, não existe?
Entramos, pois, em dinâmicas condicionais de aceitação. Quando os pais apenas valorizam os êxitos, os sucessos, os objectivos cumpridos, a beleza, a inteligência então a criança vai esforçar-se sempre por agradar os pais, de modo a receber a sua atenção, reforço, afecto e amor. Aprende que, para merecer ser amado, tem de ter boas notas, ou um bom comportamento, ou ser bonito e entra numa espiral de condicionamento.
Passa a querer Ter, para sentir que pode Ser. Passa a viver a equação existencial de - para eu Ser tenho de Ter - e é um forte candidato a desenvolver problemas de auto-estima. Convém não esquecer que nem sempre é possível Ter.
Então, quando não Tem, abre feridas no seu Eu vulnerável e surgem problemas de auto-estima. Aparece um sentimento de culpa, como que uma voz interior muito crítica que diz: “Tu não mereces Ser porque não Tens.
Outro candidato a ter problemas de auto-estima é a criança que vai crescendo com pais que por mais que ela se esforce nunca é valorizada, reconhecida, aceite e amada e aí também entramos em espirais condicionais de Ter para poder Ser.
O problema da auto-estima é o problema do Ser. Para se amar a si mesmo não precisa de Ter um rosto bonito, um corpo fantástico, ser inteligente, ter um carro, uma boa casa ou o que for. Precisa simplesmente de Ser.
Pense nisto e goste de si porque, essencialmente, é!