Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Desejo, paixão, amor e... cérebro!

por oficinadepsicologia, em 07.10.12

Autor: André Viegas

Psicólogo Clínico

www.oficinadepsicologia.com

Facebook

 

André Viegas

Vários são os panos de fundo que remetem para as relações humanas, para aquilo que une, desune, para o que agrada e desagrada, para o que dói e para o que dá prazer.

 

Bastantes casos em psicoterapia traduzem vivências de sofrimento psicológico inerente a desligações relacionais; outros, traduzem alguma frustração pelo sentir do enfraquecimento da intensidade da ligação que, muitas vezes é perfeitamente natural.

Fazendo um enfoque nas relações amorosas, uma vez que é comum ouvir-se frases como:  ”(…) já não era como no início…estou preocupado(a), com medo que acabe (…)”, introduzirei uma justificação psico-biológica para tais sentimentos.

 

As várias posições científicas na área convergem no considerar que o amor acontece no cérebro através de um conjunto de reacções de índole química.  

 

A primeira fase é chamada “fase do desejo” e é desencadeada pelas nossas hormonas sexuais, a testosterona nos homens e o estrogénio nas mulheres.

 

Quase paralelamente, “fase da paixão”, uma das primeiras reacções é a secreção de um neurotransmissor chamado feniletilamina que provoca sentimentos de excitação, prazer, gerando sentimentos de alegria (“estou apaixonado(a)”). A feniletilamina controla a passagem da fase do desejo para a fase do amor e é um composto químico com um efeito poderoso sobre nós, tão poderoso, que pode tornar-se viciante. O nosso corpo desenvolve naturalmente a tolerância aos efeitos da feniletilamina e cada vez é necessário maior quantidade para provocar o mesmo efeito (Ribeiro-Claro, 2006). Ao mesmo tempo são libertados outros agentes químicos como a dopamina. Por outro lado, as glândulas supra-renais libertam adrenalina que justificam a sensação de nervosismo, como a falada “borboleta na barriga”, aceleração do ritmo cardíaco e outros sintomas que sucedem quando um pessoa está posicionada perante situações de ansiedade (e.g. mãos suadas).

 

Posteriormente, “fase de ligação”, uma das hormonas produzidas é a oxitocina, conhecida como a hormona do carinho, essencial na ligação mãe-bebé (produção de leite para a amamentação).

Estabelecida uma relação amorosa, o cérebro liberta endorfinas que tem um efeito de relaxamento que provoca os sentimentos de segurança e confiança.
Quando tal sucede, os níveis de feniletilamina descem e os seus efeitos vão enfraquecendo, o que leva a muitas pessoas considerarem que a relação perdeu o interesse e a direccionarem-se para outra relação.

Aparentemente, a feniletilamina é degradada rapidamente no sangue, pelo que não haverá possibilidade de atingir uma concentração elevada no cérebro por ingestão (Ribeiro-Claro, 2006).

 

De forma sucinta, quando conhecemos uma pessoa, assim como quando estamos perante um novo estímulo, desconhecido, o nosso cérebro reage de forma a apreender o novo como um todo, integrando-o numa espécie de base conhecida. Com o decorrer do tempo, perante o mesmo estímulo, como é o exemplo duma relação, adaptativamente o nosso cérebro despende gradualmente menos energia para poder estar disponível para todos os novos estímulos do dia-a-dia, essencial de serem processados. Não seria “económico” para o nosso cérebro gastar sempre a energia máxima perante um único estímulo continuadamente.

 

É interessante pensar nisto!

publicado às 18:55



Mais sobre mim

foto do autor



Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D