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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
E quando o nosso parceiro de longa data, de repente foge e se muda para casa da outra? Como sobreviver à saída inesperada e abrupta do marido, sobretudo quando se acreditava estar num casamento feliz e seguro?
Muito tempo depois desse “dilúvio” muitas são as mulheres que continuam a sofrer intensamente. Muitas perguntam: "Mas será que eles nunca sentem remorso?". É comum os maridos justificarem as suas escolhas, culpando as companheiras pelas suas ações – ou seja, listando tudo o que não estava certo no casamento como desculpa.
A mulher é capaz de examinar as explicações dele durante meses, vezes sem conta na sua mente, para mais tarde chegar à conclusão de que se ele ao menos conseguisse dizer "desculpa" e realmente o sentisse, isso contribuiria para a libertar do longo caminho da sua dor.
Poucos são os homens, que mesmo após a poeira baixar, são capazes de expressar remorso. O que não quer dizer que realmente não o sintam. Mas a perspectiva de uma conversa de coração a coração com a pessoa que tão gravemente se feriu, não é algo que ninguém aprecie, pelo que seria necessário uma alma muito corajosa para se voluntariar a fazê-lo. Mas esta incapacidade leva muitas vezes a mulher a sentir-se presa e incapaz de sentir alívio.
O ponto de viragem para muitas mulheres que vivenciam situações semelhantes, surge no entanto quando elas são capazes de arrancar a sua visão do passado, e se viram para olhar para o seu próprio futuro. Nem sempre é possível fechar o círculo, diria que é mesmo um luxo que não temos sempre a sorte de desfrutar. Mas é exactamente a busca contínua de fecho, que mantém a mulher presa.
É irrealista esperar por um tempo em que você não vai mais ter uma pontada de tristeza ou mágoa quando ouvir no rádio a “vossa música” e não importa quanto tempo passou. Isso é da natureza humana. Mas o objetivo é ter de volta a sua vida nas suas próprias mãos e lutar para se sentir bem e feliz, apesar da mágoa que experimentou.