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Quais as relações que passam o teste do tempo?

por oficinadepsicologia, em 11.10.12

Autora: Isabel Policarpo

Psicóloga Clínica

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Isabel Policarpo

Aquilo a que nós chamamos amor, é talvez uma das áreas mais estudadas, mas também uma das áreas menos compreendidas em psicologia. É possível que os diferentes estudos efectuados nesta área, tenham cometido o erro de não realizar a investigação junto das pessoas “certas”.

O psicólogo K. Daniel O’Leary no sentido de ultrapassar essa lacuna realizou um estudo com casais, que vivem em conjunto há pelo menos 10 ou mais anos. Esse estudo, não só demonstrou que muitos casais ainda se amavam e estavam envolvidos após 10 ou mais anos de relação, como permitiu identificar os factores que ajudam a manter o amor vivo.

 

Acresce que os resultados desta investigação, contrastam fortemente com a visão sombria que habitualmente subsiste das relações de longa duração. Ao inverso do que seria expectável, as pessoas não estão condenadas a uma existência medíocre e sem graça, dado que uma parte significativa dos casais envolvidos no estudo detinha sentimentos positivos e de entusiasmo saudável em relação aos seus cônjuges, apesar das décadas de vida conjunta.

 

As teorias psicológicas sobre o amor referem que características, como a paixão, o compromisso, a intimidade, as necessidades emocionais e/ou a capacidade para comunicar, se afiguram como dimensões por excelência para predizer o grau de intensidade da relação. Mas quando se trata de predizer quais os relacionamentos que vão manter o amor ao longo do tempo, como será?

 

A pesquisa de O’Leary sugere que as pessoas que se mantêm mais intensamente apaixonadas, são aquelas que a par de uma forte atracção romântica, se envolvem conjuntamente em actividades novas e desafiadoras de auto- desenvolvimento.

Que outras dimensões que se revelaram importantes para predizer a longevidade da relação?

 

Pensar positivamente sobre o seu companheiro(a) é um aspecto relevante, na medida em que significa que é capaz de se concentrar nas qualidades pessoais do seu parceiro, no que este tem de bom e positivo. De um modo geral, remoer sobre as coisas que incomodam, só conduz a ampliar as fraquezas. As pessoas que estão envolvidas em bons relacionamentos, tendem a lembrar mais as experiências favoráveis que vivem em conjunto, do que as desfavoráveis.

 

Quando você deixa o seu parceiro durante algum tempo, você esquece-se da sua existência? Para você é fora da vista, fora do coração? Se assim for, este pode ser um sinal de que você não está muito envolvido nem apaixonado.


Pensar no seu parceiro(a) quando estão separados, surge como outro parâmetro importante. Não temos que gastar cada segundo do nosso tempo a suspirar ansiosamente pelo nosso parceiro, mas será expectável que de onde em onde nos recordemos dele.

 

Também a dificuldade em concentrar-se em outras coisas quando pensa sobre o seu companheiro(a) pode ser reveladora. Se é capaz de anular os seus pensamentos sobre o seu parceiro sem muito esforço, isso sugere que o ele ocupa apenas uma pequena quantidade da sua “carga cognitiva”.

 

Outra dimensão relevante prende-se com o passar tempo em conjunto e divertir-se em actividades novas e desafiadoras. O tempo que passam em conjunto surge como uma variável importante, mas não se trata apenas da quantidade de tempo, mas da qualidade do tempo que passam juntos, sendo esta aquela que mais influencia a satisfação com o seu relacionamento. O tempo conjunto deve incluir algumas actividades novas e desafiadoras, mas também as actividades domésticas e corriqueiras quando realizadas pelos dois podem aumentar a intensidade do amor - jardinagem, cozinhar, fazer compras e até mesmo limpar a casa são formas de reforçar o amor um pelo outro.

 

A expressão de afecto surge também como um preditor da longevidade da relação. Sentir amor pelo companheiro(a) é importante, mas importa igualmente expressar esse amor de forma física. Os pequenos toques de carinho permitem não só aumentar a ligação emocional com o parceiro, como também atiçar o desejo. Os respondentes que relataram amor mais intenso pelo seu parceiro no estudo O'Leary, disseram que sentiam os seus corpos responder quando o seu parceiro lhe tocava. Não é nenhuma surpresa que a relação sexual é uma expressão positiva da intensidade do amor. As pessoas apaixonadas são mais propensos a ter relações sexuais numa base regular. A actividade sexual constrói e mantém sentimentos de amor e de felicidade capazes perdurar no tempo.

 

Finalmente ter uma forte paixão pela vida afigura-se como uma dimensão de relevo. As pessoas que se aproximam da sua vida diária com entusiasmo e emoções fortes, parecem levar esses sentimentos intensos também para a sua vida amorosa. As pessoas que se sentem mais felizes com a vida têm também sentimentos mais fortes de amor para com seus companheiros. Os sentimentos de angústia pessoal, tendem a extravasar e a provocar sofrimento no relacionamento.

 

Os relacionamentos próximos são uma peça central do nosso sentido de identidade, ao mesmo tempo que são fundamentais para os nossos sentimentos de satisfação. O que pode esperar do seu relacionamento? Será que ele “tem pernas para andar”?  

publicado às 10:23



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