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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Joana Fojo Ferreira
Psicóloga Clínica
Go to the heart of danger for there you will find safety
[Vai ao coração/âmago do perigo, lá encontrarás segurança]
Provérbio Chinês
A experiência de desenvolver um problema psicológico como ataques de pânico, ansiedade generalizada, depressão,… é frequentemente avassaladora. Por um lado há a sensação de perda de controlo de si, por outro lado os sintomas parecem ser desprovidos de sentido e há uma incompreensão muito grande de si próprio, e muitas vezes vem a vergonha e a culpa, vergonha da vulnerabilidade que os sintomas revelam e culpa por não ter sido capaz de evitar estas manifestações e por continuar sem as perceber.
Se prolongado no tempo, especialmente para problemas do foro da ansiedade, além da exacerbação dos sintomas iniciais, tendem a surgir novos, mais obsessivos e compulsivos, mais distantes da raiz do problema, e a incompreensão de si próprio é cada vez maior.
Muitas vezes não há de facto um sentido directo e claro para a sintomatologia, o que ela faz é sinalizar uma vulnerabilidade, como um despertador com alarme em crescendo, que se não é desligado ao início vai tocando com um volume cada vez mais alto até ser ouvido e atendido.
A mensagem dos sintomas é “go to the heart of danger, [vai ao âmago do perigo], não fujas, olha, procura, percebe; para te libertares”.
O despertador/sintoma é só um sinalizador que vai tocando mais forte à medida que a insegurança aumenta, que o medo aumenta, sempre a pedir “não fujas, olha, fica”.
Tomarmos consciência das nossas vulnerabilidades, dos pontos em que somos particularmente sensíveis, assusta, mexe com o nosso medo do descontrolo, da falta de poder sobre nós próprios, sem percebermos que tanto menos poder temos quanto mais ignoramos/negamos as nossas vulnerabilidades; quanto mais eu as conheço, compreendo e aceito, mais controlo tenho na realidade, porque mais sei com o que posso contar e posso mobilizar recursos para reparar ou apaziguar o problema de base, a essência.
Este é o trabalho que procuramos fazer em psicoterapia, traduzir sintomas (sinais, despertadores) em vulnerabilidades, em necessidades por satisfazer, em assuntos inacabados a processar e resolver, porque por doloroso que seja tomar consciência de aspectos sensíveis de nós, da nossa história, e percebermos as implicações que eles têm na nossa vida, no nosso funcionamento, é um trabalho fulcral, é o desligar o despertador e levantar da cama, é o retomar as rédeas, o controlo, é mobilizar para resolver.