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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Gustavo Pedrosa
Psicólogo Clínico
Quando os casais se aborrecem por algum comportamento considerado menos correto por parte de um dos elementos, tendem a repetir padrões na sua forma de interagir e encarar esses problemas. Em geral, há dois tipos de “reações-padrão”: perdão ou rejeição; aceitação ou negativismo; carinho ou raiva; desculpabilização ou agressividade, passividade ou culpabilização!
Nem sempre a expressão aberta de emoções e sentimentos em situações de conflito é vista como saudável. A psicologia positiva tem apontado para uma reação de aceitação, para o perdoar e esquecer, para uma racionalização positiva dos problemas. Também nos casais começou a haver um discurso de abertura de expressão de opiniões e sentimentos, mesmo que muitas vezes nem sempre essa abertura seja real, pois quando existe uma expressividade franca por parte de um cônjuge, nem sempre o outro tem capacidade de aceitar a mesma.
Mas, por vezes, a expressão da raiva pode ser necessária para resolver um problema relacional, contrariando a passividade e o perdão. Segundo estudos recentes, uma interação conflituosa, menos passiva e mais honesta na expressão de emoções (como a raiva) poderá, a curto prazo, ser muito desconfortável, mas parece ser a mais benéfica para a saúde da relação a longo-termo.
A eficácia do perdão está dependente do nível de aceitação do cônjuge, da severidade e frequência da transgressão. Ou seja, a longo-termo, a psicologia positiva poderá não ser a mais eficaz em todos os cenários, pois a aceitação do cônjuge leva o outro a tornar-se, nalgumas situações, menos presente e apoiante, mais irresponsável financeiramente e até infiel. A expressão da raiva sinaliza ao cônjuge que o comportamento ofensivo não é aceite, levando-o a não repetir o mesmo. E quando o comportamento negativo não se repete, há melhorias relacionais a longo termo.
Tal como a psicologia positiva, a expressão da raiva não é a panaceia para todos os problemas. Pode não ser aceite em todas as relações e em todas as situações, dependendo do contexto e do meio, das expectativas, das crenças e das experiencias anteriores, de ambos os parceiros. Lembre-se que a expressão das suas emoções poderá ser mal-interpretada, seja pela passividade ou, pelo contrário, pela expressão da raiva e agressividade. A atitude correta estará no meio de ambos os comportamentos, no equilíbrio que tão dificilmente conseguiremos encontrar entre o perdão e a expressão da raiva!
Baseado no artigo:
Daily Science News, Sometimes Expressing Anger Can Help a Relationship in the Long-Therm; Aug. 2, 2012.