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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
É natural que nos preocupemos com os nossos filhos mesmo quando eles já são jovens adultos, quer ainda vivam connosco ou se preparem para sair de casa.
Para nós pais, eles serão sempre os nossos filhos e durante muitos anos, enquanto eles ainda eram pequenos, sentimos que éramos responsáveis por eles e por muito do que lhes sucedia nas suas vidas.
Todos nós nos lembramos de um sem número de pequenas situações, que nos fizeram estar vigilantes e/ou que provocaram o acelerar do nosso coração, como quando, por exemplo, antecipávamos que algo poderia não ter o desfecho desejado e temíamos pelo seu eventual impacto nos “nossos miúdos”.
Provavelmente todos nós, em maior ou menor grau fomo-nos preocupando com uma enorme variedade de coisas e situações, pelo que nem sempre é fácil parar e mudar de registo à medida que os filhos vão crescendo.
A preocupação dos pais com os filhos mais velhos, surge assim na continuidade de um conjunto de padrões que foram sendo desenvolvidos desde o início da relação pais-filhos, quando estes eram totalmente indefesos e incapazes de lidar com o mundo que os rodeava.
Acresce que ninguém tem dúvida que se alguém se preocupa connosco, isso pode ser visto como um sinal de amor e como uma expressão de proteção e cuidado. Todos nós nos sentimos reconhecidos e agradados em relações em que a outra pessoa manifesta alguma preocupação connosco e procura ajustar-se às nossas necessidades. Nesta acepção, a preocupação parece reflectir o investimento que uma pessoa faz numa determinada relação.
Contudo, é importante não esquecer que a preocupação em excesso em qualquer relação - e a relação pais-filhos não foge à regra - pode constituir-se como um elemento de afastamento, ao invés de contribuir para consolidar a relação. Imagine por exemplo, que sempre que o seu filho sai de carro lhe telefona de 5 em 5 minutos para verificar se ele já chegou, este tipo de preocupação é intrusiva e pode minar uma relação que à partida é positiva e saudável.
Sendo a preocupação social e emocionalmente aceite, é fundamental ter em atenção não só a frequência com que manifestamos as nossas preocupações, mas também o modo como o fazemos.
Tenha cuidado para que a quantidade de preocupação que manifesta, não represente um fardo para os seus filhos. Lembre-se também que quando manifesta uma preocupação isso causa sempre algum desconforto no outro, pelo que a forma como a expressa é realmente relevante. É importante que o seu filho(a) não sinta que você o olha como sendo incapaz de gerir os seus próprios assuntos e/ou como alguém que lhe está a passar um atestado de incompetência.
A manutenção da autonomia e da confiança são duas pedras angulares de qualquer relação saudável e que se pretende que perdure no tempo.