Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autores: Ana Magalhães e Nuno Mendes Duarte
Psicólogos Clínicos
Divorciar é mudar de planos de vida, a meio de uma recta, onde nem sempre há saídas.
Mudam-se os planos de vida, quando a vida lhe muda o plano de uma vida. O divórcio é uma ruptura que não pede licença, que o deixa sem amparo, carregado de escolhas incertas, depois de uma vida partilhada por uma escolha tomada quando os corações sorriam.
É uma despedida sem sorrisos de ternura, em que tudo o que vos uniu se resume a um postal de amor, a preto e branco, guardado numa gaveta fechada com amargura, ou tristeza, ou zanga, ou indiferença. É um postal desbotado sem o brilho dos sonhos que se estilhaçaram.
Divorciar é um verbo que o transporta ao princípio de si. Resume-se a um restolho de sentimentos e emoções, por vezes um misto positivo e negativo, outras vezes só negativo.
Terá de voltar a aprender a gatinhar e a andar, de forma trémula, apoiado em quem nunca o abandonou. Os seus. Os que ficam ao seu lado e do seu lado. Os que ainda o acompanham quando parte de si partiu, assim mesmo, com redundância. E tantas outras redundâncias.
É uma luta por algo que não se quer, mas que tem de ser feito por algo que se quer.
O processo de divórcio normalmente é complexo, tanto mais se de um lado e outro se acumularam bens de partilha que agora se dividem, contam, descontam, devolvem ou garantem. Deve ser algo para que se deve preparar bem e fortalecer, pois pode ser algo muito agressivo. De repente, a sua vida, a sua privacidade e o seu bem-estar estão a ser discutidos por estranhos, é-lhe dado um número e é posto (a) em lista de espera, on hold, como se a sua vida pudesse parar e esperar.
Se da sua união nasceram filhos, o processo torna-se mais moroso e mais complicado. Deve sempre tentar salvaguardar o interesse supremo das crianças (quando as há) e não pensar apenas em derrubar quem a (o) magoou, pois as crianças, neste processo, também são vítimas; não vítimas de si, mas vítimas do destino e da chegada a um cruzamento sem saída.
Para as proteger não se anule, pois só poderá ajudar os seus filhos se estiver bem e em equilíbrio emocional. Não torne o divórcio um luto eterno e inacabado! Se uma porta se fecha na sua vida, muitas outras se haverão de abrir. Feche bem essa porta, para se dar conta das outras que se estão a abrir…
O divórcio é mudança. Qualquer mudança se apresenta como o princípio do nada que um dia se torna tudo. Não se deixe abater. Prepare-se bem para viver este momento e para voltar a nascer.