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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Em diversas conversas que acontecem no dia-a-dia surge, por vezes, o tema relações. E, com isto, é bastante comum ouvir falar-se de um ponto ou de outro que causam insatisfação.
Perante esta insatisfação, é também bastante comum que muitas pessoas, quase sem se darem conta, procurem outra que lhes permita viver as emoções que não vivem com o companheiro(a).
Mas com que intenção? Em muitos dos casos, a intenção não é a de serem infiéis mas sim, simplesmente, de se gratificarem, de voltarem a sentir-se vivas. No entanto, encontrar alguém por quem se possam apaixonar torna-se uma possibilidade, gerando um conflito ainda maior.
Quando o afastamento do companheiro é notado e existe a suspeita de que há outra pessoa na sua vida, a pessoa depara-se com diversos sentimentos dolorosos, que se traduzem em pensamentos, como: “há alguém melhor do que eu”; “há alguém que desperta mais simpatia, que é mais atraente e mais inteligente do que eu”.
É muito comum constatar que vários casais se foram afastando ao longo dos anos e, quando aparece a suspeita da existência de uma terceira pessoa, negam que estivessem atravessar uma crise na sua relação. É como se sentissem que tudo está bem e que, do dia para a noite, alguém está prestes a destruir tudo.
E o que se pode fazer em situações destas? Em muitos casos, é provável que não haja nada mais do que um pequeno cortejo que tem como objectivo restaurar parte da auto-estima perdida. Por um lado, o pior que se pode fazer nestes casos é chantagem emocional, ou seja, fazer o outro sentir-se culpado do que se está a passar e acusá-lo sem ter fundamentos suficientes.
É preciso ter em conta que o simples facto de sentir atracção por outra pessoa não é algo repreensível em si, por mais doloroso que seja para o outro, daí que culpá-lo por sentir uma atracção não faça sentido. Por outro lado, as culpas podem funcionar durante algum tempo, mas quando alguém se adapta a elas, cada censura que surge pode gerar uma profunda irritação.
O que fazer então?
A comunicação numa relação é um dos factores mais importantes para que ambos a sintam como satisfatória. Neste sentido, será benéfico para os dois tirar um tempo, de preferência a sós, para reflectir seriamente sobre o que está a falhar na relação. E, assim, não deitar as culpas nem para si próprio nem para o outro.
Não se trata de procurar as culpas, mas sim as causas, e então pensar no que se deseja: se fazer o esforço para melhorar a relação ou acabar. Se se decidiu a continuar a relação, seduza, para que seja possível recuperar as emoções perdidas.
Nestes momentos, recuperar os velhos interesses e pedir apoio aos amigos é bastante importante e, assim, não sentir vergonha.
E, por último, tirar da cabeça o suposto rival, não dirigir o ódio ou a amargura para o que, de momento, não é mais do que um fantasma.
Se a crise que o casal atravessa não é profunda, esta é uma grande oportunidade para que as coisas melhorem, caso ambos o pretendam. Será necessário falar sem rancores sobre o que está a acontecer, com sinceridade e sem censuras. E tentar entender, sobretudo, o que cada um precisa do outro e pensar, seriamente, se está realmente disposto a proporcioná-lo.