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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
Identificar as características e a estrutura da personalidade humana afigurou-se, desde sempre, como um dos objectivos fundamentais da psicologia. Neste sentido, foram sendo realizados ao longo do tempo estudos com o intuito de descobrir as dimensões e/ou traços que permitiriam descrever a personalidade humana.
Existem várias modelos de traços de personalidade, mas um dos que é mais utilizado na psicologia dada a sua robustez para compreender a personalidade é o dos “Cinco Factores da Personalidade”, de Costa & McCrae. De acordo com este modelo os cinco traços de personalidade são - Extroversão; Neuroticismo; Abertura à Experiência; Afabilidade e Consciência.
A consistência deste modelo advém, não só do facto do mesmo ter sido descoberto e definido por diversos pesquisadores independentes, mas decorre também do facto de posteriormente ter sido demonstrada a sua universalidade.
Hoje assume-se que as cinco dimensões gerais do modelo contêm os traços de personalidade mais conhecidos, configurando-se ainda como a estrutura base sobre a qual assentam todas as outras características ou traços de personalidade.
De algum modo pode dizer-se que esses cinco traços de personalidade representam as qualidades mais importantes que moldam a nossa paisagem social.
A ideia de que existem traços de personalidade é fácil e acessível. Todos nós temos a noção de que existe alguma consistência na forma como cada um de nós e dos outros se comporta ao longo do tempo, sendo assim fácil dizer que, por exemplo, determinada pessoa é reservada enquanto outra é extrovertida.
Os traços de personalidade podem assim ser equacionados como padrões habituais de comportamento, pensamento e emoção. Afigurando-se como características que são relativamente estáveis ao longo do tempo.
Ter um traço de personalidade não implica que as pessoas se comportem sempre da mesma maneira, todos nós apresentamos alguma variabilidade nos nossos comportamentos não só em função da fase do ciclo de vida onde nos encontramos, mas também fruto das próprias circunstâncias, contudo isso não nos impede de perceber que cada um de nós mostra padrões de personalidade facilmente reconhecíveis ao longo do tempo.
Efectivamente cada um de nós tem a capacidade de se mover ao longo de cada dimensão ou traço à medida que as circunstâncias sociais ou temporais mudam. O nosso comportamento envolve e requer sempre a interacção entre os traços de personalidade e as variáveis situacionais.
A situação em que a pessoa se encontra, desempenha um papel relevante na forma como a pessoa reage. Cada pessoa não deve por conseguinte, ser posicionada numa das extremidades de cada um dos traços, como se de uma dicotomia fixa se trata-se, mas antes ser compreendida como movimentando-se num continuum, apresentando contudo algumas características mais frequentemente do que outras.