Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Pedro Albuquerque
Psicólogo clínico
Este é o primeiro exercício para ajudá-lo a focalizar melhor o momento presente, aquele aonde tudo realmente acontece. É fácil de fazer mas tem um efeito poderoso. O propósito é que esteja mais consciente do seu sentido de tempo. Para este exercício, necessita de um relógio com despertador.
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
O Bullying não é de todo um fenómeno novo mas é sim um problema actual que apenas poderá ser eficazmente combatido e prevenido quando for amplamente conhecido e reconhecido.
Em consultório, os relatos na primeira pessoa denotam que as marcas do Bullying não se esbatem com o passar dos anos. De facto muitos adultos continuam a recordar-se da altura em que foram vítimas de Bullying quando crianças, mantendo-se essas imagens presentemente vívidas e esses episódios continua e intensamente dolorosos.
Bullying, o que é?
Bullying consiste num padrão consistente de desrespeito pelos outros que pode ser manifesto segundo três vias: física, verbal ou emocional, sendo a mais comum a verbal.
Joana Florindo
Psicóloga Clínica
Comida, comida, comida... Preciso de comer, preciso de comer mais!!! Posso comer os cereais, as bolachas, os pães e um pacote de batatas fritas também. Estou a sempre a falhar! Não quero saber se agora vou falhar outra vez. Acabei por comer também os restos do bolo de chocolate que tinha no frigorífico... Sinto-me tão cheia e mal disposta. Estou tão cansada que nem me consigo mexer. Porque é que voltei a fazer isto?... Não devo gostar de mim. Não, não posso gostar mesmo. Não tenho amor-próprio. Aliás sinto repulsa por mim e pelo que acabei de fazer! Estou tão, tão triste...
Esta é a típica descrição de um episódio de ingestão compulsiva. Ele caracteriza-se pela ingestão de uma quantidade excessiva de alimentos com uma sensação associada de perda de controlo, que só termina quando fortes dores de estômago e um profundo mal estar físico se instalam. Sentimentos de intensa tristeza, culpa, revolta e até mesmo repugnância por si e pelo que acabou de fazer, surgem por fim. E embora cheia de comida, a sensação é a de um enorme vazio interior.
Autora: Ana Magalhães
Psicóloga Clínica
A Depressão na Criança e mesmo no Adolescente só começou a merecer a atenção devida na segunda metade do século passado, apesar de poder ter um impacto devastador na vida das crianças. Este facto levou a que se falasse da “conspiração do silêncio”, em relação a esta perturbação infantil.
Devido à sua dependência ao adulto, a criança é muito sensível às perdas por morte de pessoas significativas do seu círculo e às separações, mais ou menos duráveis, dessas pessoas e em especial dos pais. Quanto mais nova é a criança, mais os estados de luto se tornam estados depressivos; estas depressões reaccionais surgem não só face a acontecimentos de perda, mas como consequência de interacções conflituais com os pais. Com o tempo, as interacções deprimentes fazem com que as reacções depressivas tenham tendência a ser internalizadas pela criança, sob a forma de uma conflitualidade depressiva mais ou menos intensa, reflectindo-se a depressividade nas estruturas da personalidade.
Autora: Irina António
Psicóloga Clínica
“Estou farta! Cada vez que vou a casa dos meus pais, saio dali irritada. Mas porque é que a minha mãe continua a tratar-me como se eu fosse uma adolescente de 12 anos, faz umas conversas que não me dizem nada, perguntas a que não tenho vontade de responder?” – lamenta a Teresa de 35 anos, funcionária do departamento de sinistros numa companhia de seguros, que mesmo em situações de maior stress consegue manter o domínio sobre as situações. Mas basta passar a porta da entrada da casa dos pais, e ela, como Alice no País das Maravilhas, começa a “diminuir em tamanho” e as perguntas da mãe entram nos seus ouvidos como intrusos ressuscitados dos tempos passados. A Teresa diz que começa a sentir-se invadida e desrespeitada e perde toda a capacidade de manter uma conversa de adultos.
Autora: Inês Alexandre
Psicóloga Clínica
Bom dia Dra!
Bom dia! Mas que boa disposição…
Hum, não sei se lhe diga a verdade ou não.
Então? Sobre o quê?
Sobre a minha disposição.
Mas não é para isso que aqui está?
Sinceramente, já não sei bem…porque ando por aqui. E na verdade ando a sentir-me bastante irritada. Por estas conversas nossas andarem a revelar-se tão importantes para mim. Esta minha dificuldade no corte deixa-me apreensiva.
É natural, sobretudo com a sua história.
Ah, quer dizer que não acontece sempre assim.
Não.
Autor: Nuno Mendes Duarte
Psicólogo Clínico
A valeta doutor. Eu lembro-me da valeta. Como é que posso falar do que não me quero lembrar. Posso acender este cigarro? Importa-se, doutor? Claro que não se importa… As pessoas não se importam de aturar quem sofre. Sim, porque eu sei que me está a aturar. No fundo, que é que quer de mim, ah claro, eu é que vim ter consigo. Engana-se. Eu não vim ter consigo. Eu estou aqui. Mas não vim ter consigo. Porque eu não consigo estar com ninguém agora… sou uma amálgama de destroços de carro embutidos em mim. Oiço berros de vidros estilhaçados e gemidos de ferro torcido que surgem do vento. A valeta. A valeta era uma poça de sangue. Cor de rubi, escarlate, sangue vivo que se esvai de um corpo que ainda corre para apanhar a vida, que já começou a fugir pela ladeira abaixo. Não sabe que isto é uma ladeira desde que nascemos. É sempre a descer e acaba a qualquer instante. Se fecho os olhos é isto que está cá. Uma valeta em tons de escarlate com cheiro a morte. Eu não me quero lembrar, mas tenho um filme a correr no limite do meu olhar. Um filme com ligação directa ao peito…
Imagine alguém sentado sobre o seu peito doutor, a fazer força. Agora experimente respirar quando o horror lhe sopra ao ouvido. O ar não entra, e há um choro sufocado que aperta ainda mais. Que vida é esta de sobressalto e tremuras? Eu não consigo pensar em entrar num carro. São varas verdes, trémulas e gelatinosas que me enchem o lugar das pernas. E o horror do sangue na valeta que não me larga a pele… não lhe cheira aqui a sangue, doutor?
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
O exercício que lhe proponho é o melhor que conheço, do ponto de vista da eficácia; tanto assim que lhe chamo ‘Valium instantâneo’...
Autor: Pedro Albuquerque
Psicólogo Clínico
É surpreendente como nos sentimos livres quando somos capazes de ver que os nossos pensamentos são apenas pensamentos e não “nós mesmos” ou a “realidade”. Por exemplo, se tiver o pensamento de que tem que ter um certo número de coisas feitas hoje, ou de que as coisas têm de ser de determinada maneira e não reconhecer que isso é um pensamento, mas antes agir como se isso fosse “a verdade”, então criou nesse momento uma realidade, na qual realmente acredita, que essas coisas têm de ser feitas hoje ou que têm de ser dessa maneira.
Se encontrar que está a ter um comportamento que de alguma forma não esteja ao serviço do que é mais valorizado para si, é muito provável que sinta que a sua vida está a ser conduzida, o que frequentemente origina sentimentos ansiedade e sensações de tensão. Portanto, enquanto está a praticar mindfulness, se surgir algum pensamento de que tem que fazer determinadas coisas hoje, tem que estar bastante atento a ele enquanto pensamento ou pode acabar por fazer essas coisas sem saber.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
O que é a depressão pós-parto?
Como o próprio nome indica trata-se de uma depressão, que ocorre dois ou três meses após o nascimento do bebé. Estudos realizados revelam que entre 10 a 15% das mulheres sofrem de depressão pós-parto.
Distingue-se de uma depressão “comum”, não só pela sua estreita ligação com o parto e por na sua origem estarem dificuldades de adaptação ao papel da maternidade, mas também pelo relevo que assumem determinados sintomas, como por exemplo um imenso sentimento de culpa aliado a uma quebra acentuada da auto-estima da mãe, que decorrem de uma sensação de inaptidão no que toca à relação com o bebé e aos cuidados a prestar-lhe.
Importa ainda distinguir a depressão pós-parto dos blues, uma situação frequente que surge durante o primeiro mês após o parto e que está intimamente associada às inúmeras alterações hormonais que a mulher sofre com o término da gravidez. Ambiguidade de sentimentos, alternância entre períodos de tristeza e alegria, vontade de chorar sem motivo aparente, irritabilidade, falta de apetite e dificuldades em dormir, afiguram-se como os sintomas mais comuns dos blues.
A depressão pós-parto surge tendencialmente em mulheres sem história psiquiátrica prévia, o que aumenta a dificuldade de os sintomas serem identificados pela própria mulher ou pelos seus familiares.
A duração média dos períodos de depressão pós-parto, oscilam normalmente entre 3 a 4 meses, mas em alguns casos pode estender-se até aos 2 anos do bebé.
Sintomas
A depressão pós-parto está relacionada com o desempenho do papel de mãe e com a presença do bebé. Quando a mãe assume o seu novo papel e sente que não está preparada para ele, gera-se um contexto que propicia o aparecimento de alguns sintomas como:
Factores coadjuvantes
As mudanças registadas nas últimas décadas, com particular destaque para a presença de núcleos familiares cada vez mais restritos e distantes das famílias de origem, aliado a um agravamento das condições de vida e a um contexto laboral competitivo e à exigência de desempenho de múltiplos papéis por parte da mulher, têm contribuído para a debilidade das redes de suporte tradicionais – pais, avós e vizinhos entre outros, bem como para uma desvalorização do estatuto da mulher-mãe, que promovem a precipitação da depressão.
De facto, verifica-se que a depressão pós-parto tende a desenvolver-se preferencialmente junto de mulheres que não beneficiam de relacionamentos positivos com o seu cônjuge, e/ ou não dispõem de uma rede consistente de apoio por parte dos familiares e amigos e/ou ainda têm bebés com dificuldades temperamentais.
Na ausência de suporte social, afectivo e emocional e perante uma eventual exaustão física e psíquica da mulher, a espiral de desencantamento é inevitável e com ela cede a auto-estima e as dificuldades acrescidas no estabelecimento da relação com o bebé.
Pouca atenção tem sido dada às implicações adversas da depressão pós-parto, que não se limitam tão somente à mulher, mas que compreendem igualmente o cônjuge e o desenvolvimento saudável do bebé, comprometendo assim a saúde e o bem-estar mental da unidade familiar.
Intervenção
A medicação é uma das soluções mais utilizadas, no entanto existem outras opções mais naturais e ajustadas à saúde e bem-estar das mães e dos seus bebés, possíveis de ser encontradas no acompanhamento psicoterapêutico.
Na intervenção na depressão pós-parto, a dimensão psicossocial assume um papel de destaque ao promover, entre outros, a auto-estima e a aceitação da mulher. Ampliar o sentido de eficácia nos cuidados a prestar ao bebé, hierarquizar necessidades e recursos, implementar medidas que devolvam um carácter de normalidade às novas rotinas e que permitam a uma melhor organização e gestão do tempo e inventariar as necessidades do casal face ao aparecimento do bebé, procurando tanto quanto possível antecipar as situações de ruptura, afiguram-se, entre outras, como medidas importantes para propiciar a mudança e (re)estabelecer o equilíbrio.