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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
Enquanto que até há 10 anos atrás os consultórios dos psicólogos acolhiam pessoas até à casa dos 40 anos, hoje as diferenças etárias na busca de psicoterapia tendem a esbater-se e existe já uma proporção importante de pessoas nas faixa dos 50 que acorrem aos psicólogos. Com esta alteração ganham importância temas que, ainda que não estivessem ausentes anteriormente, se agudizam agora, alguns deles constituindo-se como claros bloqueios à mudança. E é sempre de mudança de que falamos, quando falamos de psicoterapia.
Um desses temas é o de que a mudança deixa de ser possível a partir de uma certa idade, tema este apresentado nas suas mais diversas variações e mais ou menos consciente por parte de quem o partilha. Qual é exactamente essa idade, ninguém o sabe definir, mas todos temos, lá no fundo, uma noção implícita de quando começa o “tarde demais” – e, curiosamente, já “tarde demais”… Aliás, diria que, com a crescente idealização da juventude que nos atravessa diariamente, este “tarde demais” começa cada vez mais cedo num incrível paradoxo com a florescente indústria de rejuvenescimento e com o aumento de qualidade de vida em anos progressivamente mais tardios.
Infelizmente, os resultados de investigações e conceptualizações científicas tardam décadas até se tornarem propriedade das nossas vidas do dia-a-dia e se integrarem nos pressupostos subconscientes com que vamos governando as nossas vidas. Se não, repare-se: Freud desapareceu há já 70 anos e apenas há alguns se vulgarizaram termos e conceitos que introduziu – hoje falamos em complexos e presumimos influências da infância em conversas casuais, enquanto esperamos por uma bica. Entretanto, os avanços explosivos da neurociência, a partir da década de 90 – a década do cérebro – agora já “adultos” de 20 anos, continuam sem entrar nas nossas explicações sobre a vida, forçando-nos a permanecer em visões de um determinismo quase estático: eu sou como me criaram e assim serei. Como também ainda estamos alheados de todo o conjunto de investigação referente, por exemplo, à epigenética, socorremo-nos da resignação oriunda de outro determinismo igualmente estático: eu sou a expressão dos meus genes.
Cerca de 80% das mulheres reporta sintomatologia física, emocional ou comportamental associada ao ciclo menstrual. Algumas referem um quadro de sintomas que permite falar-se em síndrome (ou tensão) pré-menstrual. Quando os sintomas reportados são, sobretudo, do foro emocional e do humor e adquirem gravidade suficiente para interferirem no normal funcionamento diário da mulher, deve ser avaliada a possibilidade de sofrer da Perturbação Disfórica Pré-Menstrual (PDPM). Calcula-se que entre 3 a 8% das mulheres em idade fértil sofram desta perturbação que é, muitas vezes, mal diagnosticada ou, mesmo, não diagnosticada de todo, o que impede uma intervenção de tratamento. As mulheres mais afectadas situam-se entre os 35 e os 45 anos.
Para se diagnosticar a PDPM é fundamental que os sintomas, habitualmente depressão, ansiedade, irritabilidade e volatilidade de humor, surjam no período compreendido entre 1 a 2 semanas antes da menstruação e se resolvam logo após o seu início. De igual forma, estes sintomas não se referem apenas a um agravamento de uma situação pré-existente - convém referir que cerca de 40% das mulheres que pedem ajuda para uma PDPM sofrem, na verdade, de uma situação depressiva que, muito naturalmente, resulta agravada nos período pré-menstrual.
Veja a sintomatologia e descarregue um auto-registo que a poderá ajudar a verificar se precisa pedir ajuda para esta situação em http://www.oficinadepsicologia.com/premenstrual.htm.
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
Acabou de surgir um estudo que demonstra haver uma explicação biológica, a um nível molecular, para o facto conhecido mas intrigante de as mulheres serem mais vulneráveis do que os homens a patologias da ansiedade e depressão, numa proporção geral de 2 para 1. Ainda que este estudo não tenha sido efectuado com seres humanos, há razões para pensar que as suas conclusões possam ser extrapoladas: as mulheres parecem estruturalmente serem mais sensíveis a níveis baixos de uma importante hormona do stress e terem maior dificuldade na adap
tação aos seus níveis mais elevados.
Curioso mesmo é o facto de isto só agora ter sido identificado – parece que anteriores estudos, com base em simpáticos ratinhos de laboratório, tal como este, foram invadidos de um sexismo impensado. Habitualmente, os investigadores em perturbações ligadas ao stress que
recorrem
a ratos para testar as suas hipóteses neuro-biológicas têm vindo a utilizar maioritariamente machos (vá-se lá saber porquê…), pelo que as diferenças biológicas entre géneros no que se refere à reactividade ao stress têm passado despercebidas; será que muito do que tem vindo a ser apurado tenha de ser confinado ao universo masculino?
A confirmarem-se estas conclusões, existem fortes implicações no que diz respeito à medicação psiquiátrica que, talvez, no futuro, se tenha de diferenciar consoante esteja a ser prescrita a um homem ou uma mulher.
Quanto à psicoterapia, os modelos eficazes que existem hoje em dia para intervenção em perturbações ansiosas e depressivas não parecem sensíveis ao género, resultando igualmente bem nos universos femininos e masculinos. Felizmente, não foram apurados com base em ratinhos…
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
Quando me detenho um pouco a pensar sobre o assunto, sou forçada a admitir que as férias são, muitas vezes, um mau negócio…
Desde logo, com a chegada do calor, disparam as queixas em consultório – talvez porque o calor obrigue o organismo a reagir de uma forma que copia muito da sintomatologia ansiosa ou apenas porque nos faz lembrar a impaciência com que esgotamos as últimas reservas de energia para as tão aguardadas férias.
Depois, e aguentando-nos à custa de muito sonho e fantasia com aquelas semanas que magicamente acreditamos tudo irem consertar, lá chega o dia das malas feitas, óculos escuros a postos e rumamos ao nosso paraíso desse ano, no nosso melhor estilo veraneante. E aqui, também, muitas vezes, as coisas correm mal, no embate com a realidade que, antes de nos relaxar, cobra mais uma factura de re-ajuste ao nosso organismo. Férias, sim, mas não é por isso que não deixam de ser uma fonte de stress, por implicarem na necessidade de nos adaptarmos: ao novo ritmo de sono e de alimentação, à mudança de local, ao convívio condensado com quem nos desabituámos de lidar na correria dos dias em que sobra stress e faltam horas, no confronto com expectativas sociais que idealizam capacidades relacionais e exigem físicos de excepção. Estou a exagerar? Então porque é que os psicólogos são tão solicitados no Verão, incluindo Agosto?
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
É sabido que manter os níveis de bem-estar regularizados no seio da família não é de todo uma tarefa fácil. Desde que os mais pequenos assumem um papel e um espaço na família, inúmeros são os factores que acrescem para a entropia deste sistema, às quais reciprocamente os mais pequenos também reagem com as mais finas das sensibilidades
Como se não bastasse a multiplicação de esforços em família, surge o contacto com o meio através de uma instituição que pautará o percurso de vida dos mais novos: a escola!
Boas notícias para os pais dos mais novos, os estudos mostram que o reforço do acompanhamento parental ao nível do percurso escolar, tem uma influência considerável no desenvolvimento mais ajustado das crianças, através de tarefas simples como, visitas regulares e participação nas actividades promovidas pela escola.
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
Numa sociedade em constante mudança, em que tanto os papeis como os actores mudam em velocidades diferentes à reposição dos cenários, que é feito dos papéis de género nas relações românticas?
É um tema atribulado e controverso, pois se por um lado os estereótipos ditam dos homens que mostrem: mais acção, controlo, força, independência, liderança, ambição e dominância, e das mulheres que mostrem: mais cuidados, preocupação com o bem- estar dos outros, expressividade emocional, a verdade é que actualmente os homens pedem coisas diferentes às mulheres e elas deles. Com mais regularidade ouvimos as mulheres expressar que apreciam homens sensíveis, sendo no entanto, por vezes, as mesmas mulheres, que quando eles se exprimem dessa forma consideram que eles estão a assumir uma postura frágil.
Um estudo recente revela uma interessante diferença de género em relação à autenticidade: capacidade de as pessoas se verem a si próprias de forma clara e objectiva e de agirem de forma consistente com as suas crenças e interagirem então de forma honesta com os outros, o que influencia de forma significativa o estado das relações amorosas.
Assim homens considerados como mais autênticos têm parceiras que mostram mais comportamentos relacionais saudáveis na relação. No entanto, não se demonstrou diferença no comportamento relacional dos homens em resposta à autenticidade das mulheres. Estes resultados parecem ir de encontro aos estereótipos de género da nossa sociedade.
Possivelmente como os homens têm um papel menor em desenvolver as componentes de intimidade na relação, não são então tão afectados pela forma como as suas parceiras são autênticas ou não.
É sem dúvida um campo tão interessante como intrigante, mas lembremo-nos que este estudo também confirma resultados que mostram que homens e mulheres que agem de uma forma construtiva e saudável nas suas relações, aumentam a satisfação dos seus companheiros na relação, o que leva a que ambos sintam um clima de maior positividade e bem-estar na relação.
Na dúvida…, seja autêntico, para que a diferença na sua relação, seja sempre em prol da maior satisfação, maior envolvimento e intimidade!
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
Perguntar “porquê” em vez de “como”, ajuda as pessoas a atingirem objectivos como poupar dinheiro ou perder peso.
As pessoas que se focam em como atingir um determinado objectivo, têm mais dificuldades em atingir as suas metas, do que as pessoas que abstractamente pensam no porquê de quererem determinada coisa.
Num estudo pediu-se a um grupo de pessoas para fazer um plano concreto para poupar dinheiro, enquanto se pediu a um outro grupo para se focar no porque de querer poupar dinheiro. Depois a ambos os grupos foi dada a oportunidade de gastar algum dineiro, tendo-se verificado que o primeiro grupo teve mais dificuldade em evitar compras e gastos, do que o segundo grupo.
Os autores do estudo detectaram que quando as pessoas se focam em aspectos concretos do como querer atingir os seus objectivos, geralmente tornam-se mais fechadas e menos aptas a tirar partido das oportunidades que não estão dentro dos seus planos. Inversamente, aquelas que se centram no porque, têm mais facilidade em considerar oportunidades “fora do plano” para atingir as suas metas.
Se tem algum objectivo que deseja alcançar, mais do que um planeamento detalhado e pormenorizado, importa no dia a dia manter a sua mente aberta e lembrar-se a si próprio porque é importante para si atingir esse objectivo.Boa sorte!
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Já tenho uma consulta de psiquitria pedida mas enquanto não vêem pereciso da vossa ajuda.
Ultimamente perdi algum pesso de viddo a ansiedade peso 40 kilos com 20anos.
Mas o que me leva a pedir ajuda é a compulsão alimentar ultimamente por causa da ansiedade.
Quando começo a comer não consigo parar vou sempre a procura de mais alguma coisa aos armários.
Ultimamente tem sido com mais frequencia e mais quantidade ficaldo mal disposta e normalmente é sempre doces.
O que devo fazer?
Resposta
Cara L.
Apesar de qualquer diagnóstico ter de ser feito na presença de um técnico de saúde mental, não me parecem existir muitas dúvidas quanto ao facto de sofrer de uma perturbação do comportamento alimentar. No seu caso, com contornos de gravidade, dado o peso (apesar de não nos falar da sua altura, 40 kgs é um número suficiente para gerar preocupação).
A maior parte das perturbações de comportamento alimentar, sobretudo quando a saúde física se encontra ameaçada, deve ter um acompanhamento intensivo e pluri-disciplinar. Espero sinceramente que a sua consulta de psiquiatria esteja para breve e sugiro-lhe vivamente que procure um psicólogo especializado em perturbações do comportamento alimentar (chamo-lhe a atenção para a nossa página http://www.oficinadepsicologia.com/paparocas.htm, que recomendo que leia atentamente).
Infelizmente o que me pede - uma sugestão quanto a uma medida que possa tomar para evitar a ingestão compulsiva de alimentos - não é possível. A intervenção/tratamento é complexa e consiste em dezenas de pequenos aspectos que têm de ser trabalhados e modificados, por isso, quando nos pergunta "o que devo fazer?", a resposta mais útil e mais honesta que lhe posso dar é: procure um psiquiatra e um psicólogo rapidamente. O que tem é sério e exige tratamento.
Abraço solidário,
Madalena Lobo
E-mail recebido
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Tenho uns pensamentos estranhos, isso vem de pequena.. Imagino coisas más com as pessoas, principalmentes das qual gosto. Por exemplo, meu pai esta com uma faca a cortar o pao imagino logo ele se cortanto da pior forma..tenho muitas vezes esses tipos de pensamentos, gostaria de saber quais medidas tomar para parar isso..ou será normal? muito obrigada pela atençao.
Resposta
Cara S.
De facto, os pensamentos de que fala devem ser muito assustadores para si. Espero ajudá-la ao dizer que fazem parte da perturbação obsessivo-compulsiva, sendo bastante comuns nas pessoas que sofrem desta perturbação da ansiedade.
Todos nós nos habituámos a achar que os pensamentos que temos, de alguma forma, reflectem aquilo que somos, e nos colocam mais próximo de agir em conformidade com eles. E, no entanto, nada poderia ser menos verdadeiro... Que o diga qualquer pessoa habituada a pensar que deveria terminar aquele trabalho, estudar hoje aquele capítulo, ou arrumar a casa, mas que, por mais que o repita em pensamento, o dia escorre sem que tenha saído do sofá onde se encontra confortavelmente instalada...
A esmagadora maioria das pessoas (95% de acordo com um estudo) refere ser assaltada por pensamentos que não quis ter, que não fazem parte da sua realidade do dia-a-dia e que não convidou a aparecerem na sua cabeça. A maior parte de nós, nestas circunstâncias, ignora-os com um encolher de ombros (ou um pequeno arrepio, dependendo do tipo de pensamentos) e consegue deixá-los correr num segundo plano da nossa consciência, sem nos deixarmos encadear por eles. Algumas outras pessoas, sem que se saiba bem porquê, ficam presas na angústia que esses pensamentos lhes provocam o que, de uma forma paradoxal - e, sim, perversa, mesmo - cria as condições para que eles voltem renovadamente, com insistência desesperante. Nestas situações, como parece ser o seu caso, é fundamental procurar ajuda para voltar a ficar bem.
A perturbação obsessivo-compulsiva (é preciso recorrer a uma consulta com um profissional de saúde para se certificar de que é este o diagnóstico no seu caso) tem sido bastante estudada nas últimas décadas e existem tratamentos psicoterapêuticos muito eficazes na remissão total ou parcial da sua sintomatologia. Por favor, não hesite e recorra a um psicólogo qualificado (procure um psicólogo de orientação cognitivo-comportamental) - se for essa a sua escolha, teremos, naturalmente, muito gosto em recebê-la na Oficina de Psicologia. Entretanto, talvez queira analisar a informação que temos preparada em http://www.oficinadepsicologia.com/ocd.htm.
Abraço solidário,
Madalena Lobo