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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
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Olá,
Tenho 21 anos e sofro de ataques de pânico e ansiedade desde os 18 anos. Já faço psicoterapia e tomo medicação. No entanto, nada parece resultar e quando pensava que já estava curada tive uma recaída. O que eu gostaria de saber é se existe alguma cirurgia que possa ser feita ao cérebro/amigdala para acabar com a ansiedade os ataques de pânico? Mesmo que isso signifique não ter ansiedade em situações em que a ansiedade é normal.
Obrigada,
N
Apesar de frequente, é largamente desconhecida da população. Por isso, preparámos uma pequena apresentação e um teste que lhe permite (re)conhecer os principais sintomas e poder tomar decisões quanto à necessidade eventual de ter de procurar ajuda. Olhamos por si!
Autora: Tânia da Cunha
Psicóloga Clínica
“Nada existe excepto o aqui e agora”
Fritz Perls
Muito se fala do “Aqui e Agora”, mas o que é? Para que serve? Como é estar no “Aqui” e no “Agora”?
O aqui e o agora representam uma experiência muitíssimo pessoal baseada no sensorial e emocional, que se tem neste momento (aspecto temporal) e neste sítio onde se está. O tempo converte-se em algo contínuo, não fragmentado.
Aqui e agora eu sou a única responsável das experiências que representam a minha vida. Nada pode fazer-me sentir o que sinto. Nada me faz fazer o que faço, nada me obriga a pensar o que penso. Eu assumo a responsabilidade de todos os meus comportamentos. Difícil?
Podemos falar de duas formas da pessoa encontrar apoio/suporte. Por um lado, podemos centrar-nos na realidade da existência física, no presente: sentir o corpo, os sentimentos, e toda a experiência sensorial que nos rodeia. Por outro lado, podemos encontrar apoio no mundo fantasioso da lembrança, dos papéis que desempenhamos ou nas expectativas.
Quando encontramos apoio na fantasia, este é um apoio incerto – mesmo a memória é suspeita, sujeita a desgaste, distorção e mesmo falsificação.
Autora: Ana Crespim
Psicóloga Clínica
É frequente ouvir algumas pessoas (ou quase todas) a queixarem-se do cansaço do trabalho, do chefe(a) que não para de chatear, do trânsito que têm de enfrentar todos os dias, etc., etc., etc. O problema é que, e por vezes infelizmente, nem todos se podem queixar do mesmo, embora dessem tudo para ter este tipo de “chatices”.
Não é segredo nenhum que o nosso país (e o mundo) está a atravessar uma crise marcada e que existem inúmeros desempregados. Todos os dias somos bombardeados com notícias nos jornais, telejornais e revistas, com fechos de fábricas, estatísticas, médias e números. Por detrás destes números estão pessoas, famílias, pequenos e grandes dramas pessoais ou colectivos, mascarados pelos inúmeros estudos que se têm realizado sobre o assunto.
Associados às dificuldades financeiras, aparecem muitos outros problemas, que agravam o quadro. Para quem responde a inúmeros anúncios, vai a uma série de entrevistas e ainda não conseguiu o seu “lugar ao sol”, os sentimentos de inutilidade, falta de préstimo ou valor, de incapacidade tendem a apoderar-se.
Método trevo de 3 folhas
Não é um trevo qualquer, é um trevo da sorte. Por isso, leia com atenção:
Primeira folha - Dê a si próprio o direito de “cair”
Sim, leu bem. Todos temos o direito de desanimar. Por vezes, de tanto tentarmos superar as coisas e não dar parte de fracos, passamos por cima das nossas necessidades e, mais tarde ou mais cedo, dos nossos limites.
Imagine um poço, fundo e estreito. Se cairmos para o poço e nos tentarmos segurar, vamo-nos cansando. Frequentemente, como a queda é pequena e não entramos muito fundo, conseguimos voltar para cima com mais ou menos força. Outras, além da queda ter sido maior, vão-nos caindo mais coisas em cima, que nos vão empurrando cada vez mais para baixo. Nós vamos aguentando e fazendo força para subir, mas… por vezes a carga é demasiado pesada. Quando isto acontece, se nos dermos a hipótese de cair, isto é, de ficar tristes e de o demonstrar, batendo no fundo do poço e ficando lá um pouco até recuperar as forças, por vezes é mais fácil ganhar balanço e subi-lo mais facilmente. O que eu quero dizer com isto é que é importante que respeitemos o que estamos a sentir. Isto de representar é tão cansativo… se estamos tristes, em baixo, não nos adianta muito fazer de conta que nada se passa – “aquilo” está lá e não vai desaparecer a menos que lide com isso. E para isso, muitas vezes temos que nos dar ao luxo de entristecer, para conseguir gerir e digerir o que nos está a acontecer. Respeite o que sente! Ouça o seu corpo e os sinais que ele lhe dá;
Segunda folha - Tempo de voltar para cima!
Depois de se dar a si próprio o direito de sentir o que está a sentir, importa perceber o que pode fazer para deixar de se sentir assim e recuperar a sua alegria de viver. Nem sempre é fácil fazê-lo sozinho, por isso, o segundo passo passa muitas vezes por aprender a pedir ajuda. É vital que se consiga equilibrar primeiro para conseguir vencer o monstro do desemprego. Afinal, pense comigo: acha mesmo que vai conseguir tomar as melhores decisões, dar os passos certos em direcção ao que pretende, se não estiver bem? Pois… tudo é mais fácil quando estamos bem connosco próprios. Antes de olhar para os classificados, olhe para si primeiro. São sete cães a um osso, é verdade, mas ajuda estar bem para apanhar um ossinho e conseguir roê-lo em condições.
Fale com a família, com os amigos, partilhe as suas dúvidas e inquietações, descanse e faça algumas actividades que lhe dêem prazer, como ler um livro, beber calmamente um café, dar um passeio numa zona agradável. A verdade é que a tendência é para aproveitarmos todo o tempo disponível para encontrarmos um novo trabalho, quando nos devemos encontrar primeiro a nós próprios. Sim, falar é bonito, mas quem é que paga as contas nesse meio tempo? Não quero de forma nenhuma tentar pintar isto de cor-de-rosa, nem nenhuma das folhas do trevo, de que vos estou aqui a falar, tem um tempo definido. São só uma proposta para evitar o que muitas vezes acontece: a depressão;
Terceira folha – Preparem-se! Aí vou eu!
Hora de preparar currículos, ler os classificados, pesquisar na internet e tudo o que se consiga lembrar. Depois de ter tido tempo para cair, para se encontrar a si próprio e se fortificar, todos os possíveis “nãos” ou falta de resposta a candidaturas, não terão o mesmo impacto em si se não tivesse passado pelas duas primeiras folhas do trevo. Já sabemos que esta não é uma fase fácil, pelo que, quem explorou os seus recursos pessoais e sentiu o apoio de pessoas que o envolvem anteriormente, terá uma maior resistência à frustração de que muitas vezes se é alvo nesta fase. Faz-lhe sentido? Nada impede que seja invadido por sentimentos de desânimo e revolta volta não volta. Seria de estranhar o contrário. O que importa é que nada nem ninguém o leve a colocar em causa o seu valor.
Se há crise, que seja no país, no mundo, mas não dentro de si.
Pense nisto e… seja feliz!
A 21 de Fevereiro celebra-se o Dia Internacional da Língua Materna, uma iniciativa proclamada pela Conferência Geral da UNESCO em Novembro de 1999 que se assinala desde o ano 2000. Esta comemoração tem como objectivo promover o reconhecimento e a prática das línguas maternas no mundo, nomeadamente, a diversidade linguística e cultural e o plurilinguísmo.
Dicionário da Oficina de Psicologia
Ambivalência – é ter simultaneamente sentimentos contrários em relação a uma mesma pessoa, objecto, ideia ou situação. Quando nos sentimos ambivalentes é como se estivéssemos a ser puxados em duas direcções mutuamente exclusivas ou pretendêssemos alcançar objectivos opostos.
Isabel Policarpo
Alexitimia - Acentuada dificuldade em identificar e diferenciar sentimentos, bem como em expressá-los e regulá-los.
Atenção, não se trata de uma ausência de sentimentos, na qual nos é vedada a sua vivência. Trata-se sim, de não uma dificuldade extrema em perceber o que se sente, dar nome a esses sentimentos e em expressá-los verbalmente.
Sabemos que por vezes, perceber o que estamos a sentir e traduzi-lo em palavras é uma tarefa bem complicada. Face a autênticos tornados emocionais, não é nada invulgar expressarmos prontamente um “eu nem sei o que estou a sentir”, evidenciando como nos é complicado compreender e pôr em palavras tais experiências. Mas mesmo nestes casos, quando o tornado desaparece, conseguimos fazê-lo. Contudo, na Alexitima, essa dificuldade persiste e a expressão “eu nem sei o que estou a sentir” assume-se como constante no padrão normal de funcionamento.
Joana Florindo
Autora: Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Percorrendo locais frequentados por crianças e jovens é cada vez mais notório o excesso de peso existente entre eles. A obesidade infantil é mesmo um caso de saúde pública nos países industrializados.
Na sua génese parece existir consenso quanto à interferência de factores genéticos e ambientais. Os factores genéticos espelham a predisposição que uma pessoa possui para manifestar determinada “característica”, tendo em conta a história familiar. Os factores ambientais, como o estilo de vida ou a dieta alimentar, podem interferir no potenciar, ou não, dessa predisposição genética.
No decorrer do processo educativo das crianças, infelizmente, deparamo-nos com alguns deslizes que, com facilidade, abrem portas à instalação, de armas e bagagens, do sr. excesso de peso.
É relativamente fácil usarmos a comida como prenda por um bom desempenho ou como castigo por um mau comportamento. Contudo, tanto quanto possível a comida não deve ser usada como recompensa, como punição ou expressão de afecto. É importante que os mais novos encontrem motivações internas para agirem de acordo com aquilo que é esperado deles. O consumo de alimentos hiper-calóricos, como as bebidas gaseificadas, os bolos e os chocolates deve ser controlado e ocorrer de forma esporádica, constituindo excepções a uma dieta alimentar equilibrada.
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Tenho 16 anos, com 1,73 e peso 63 kg.
Vai fazer 2 anos que a minha obsessão pelas dietas tem vindo a piorar. E agora tornou-se um verdadeiro pesadelo. Neste momento, tento emagrecer, mas cada vez que como demasiado, vingo-me, e como até ficar enjoada (chego ao limite do meu organismo e fico com má disposição). Faço de seguida abdominais e provoco vómitos de vez em quando, mas nunca consegui que houvesse efeito. Também já tomei uma espécie de ervas (dá efeito laxante) e não resolveu nada.
Todos os dias penso no mesmo, penso sempre em comida. Chego até a ver blogs de anórecticas para ver se consigo emagrecer e sentir-me bem com o meu corpo. Quero ser magra porque danço ballet, e queria levar a dança a sério (visto que as bailarinas tem uma constituição magra). Não quero viver para comer. Já tentei distrair-me vendo outras coisas, mas acabo sempre por voltar ao mesmo. Tem alguma dica para que eu deixe de pensar assim?
Autora: Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Nos últimos anos parece que a palavra crise anda na boca, nos pensamentos, nos bolsos de todos nós. A verdade é que, cada um de nós pode “dar a volta à crise, trocando-lhe as voltas”.
Pensemos sobre um tema familiar que surge muitas vezes associado a esta palavra, que apesar de pequena parece ter um poder enorme, pois dá a sensação que não conseguimos parar de a usar como justificação para uma imensidão de coisas que achamos estarem fora do nosso controlo.
Ser pai. Ser mãe. Que ideias lhe vêem à cabeça?
Vou ser pai! Vou ser mãe! Sinto que estou prestes a alcançar um objectivo de vida, mas… E agora? Chegou a altura de escrever um novo capítulo, quiçá se o mais belo, do livro da vida. Atenção! Está prestes a entrar num “espaço” que requer mudanças e adaptações constantes, capazes de o surpreender a si e aos que o rodeiam. Deixe-me adivinhar… Estava convicto de que o que tinha visto, lido e conversado com os amigos, colegas e familiares lhe teria dado toda a informação que necessitava para ser “o melhor”… O melhor? Deixe-me adivinhar. Nalguns dias e nalgumas noites, aquelas estratégias que sempre resultaram com a sua família e os seus amigos não resultaram consigo. Verdade? Pior ainda. Como se não bastasse as receitas familiares não funcionarem, as poucas horas de sono e descanso pareciam querer diminuir a falta de paciência e aumentar a intolerância e irritação para com o seu parceiro. Tudo parecia servir para uma enorme discussão. Como se sentiu? Frustrado? Irritado? Triste? Desesperado? Desanimado? Angustiado? Receoso? Em crise?!?
Autor: Luis Gonçalves
Psicólogo Clínico
Terminei mais um dia de trabalho com a sensação de que o cansaço era superado pelo bem estar que penso ter ajudado a construir nos meus clientes. No entanto, havia aqui qualquer coisa que me deixava desconfortável. Parei então para pensar e, principalmente, sentir...
De forma espontânea, emergiu a palavra culpa. E todas as vezes que os meus clientes a referiram naquele dia. E sendo esta uma emoção tão intensa, apeteceu-me escrever-lhe sobre ela. Não que ela mereça atenção mas você sim e bem!
Pergunto-lhe agora: já se sentiu culpado(a) por alguma situação? Ou então, já sentiu culpa por não estar a sentir culpa após um evento? Ou ainda, já o fizeram sentir culpado por algo que tenha realizado (ou não realizado)? Acredito que tenha respondido afirmativamente a pelo menos uma das questões. A culpa está de tal forma enraizada na nossa cultura que é quase impossível fugir-lhe, parece até que faz parte de nós! Não o vou cansar com as origens desse facto, prefiro focar-me na sua solução.
A questão é que mesmo que tenhamos feito algo “negativo” perante nós e/ou perante outros, fizémos o melhor possível naquele momento. Não teve os melhores resultados mas agora é tão fácil constatá-lo. Faz lembrar uma aposta desportiva na vitória de um dado clube de futebol. Apostamos no clube que julgamos constribuir, em maior escala, para os nossos ganhos. Depois de sabermos o resultado final, é tão fácil sentir culpa por termos apostado naquele clube e não no outro. É também possível sentir culpa por, simplesmente, termos apostado um cêntimo que fosse.