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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Irina António
Psicóloga Clínica
Com o regresso de férias estamos de volta para abrir um novo ciclo de desafios profissionais e pessoais. É importante acompanhar esta abertura com uma reflexão prévia sobre o que gostaríamos e precisávamos de fazer para mudar algo na nossa vida que nos possa trazer maior satisfação e felicidade. Saber colocar desafios de uma maneira consciente diferencia do andar ao sabor da corrente, uma vez que nos permite estruturar o caminho pessoal com objectivos claros, bem como escolher recursos adequados para a sua realização: tempo, contactos com os outros, motivação, conhecimentos, capacidades físicas e psicológicas.
O primeiro passo a dar no sentido de tornar os seus objectivos mais conscientes é a sua definição. O nosso cérebro é uma espécie de bio – computador onde toda a informação se encontra interligada. E a partir do momento em que escolhemos a palavra que irá designar o nosso objectivo, o cérebro ficará activado para, então, iniciar a recolha de dados internos e externos para orientar o caminho da sua realização. O objectivo bem definido representa 50% do sucesso para s sua realização. Escreva pormenorizadamente o que precisa para chegar a ele.
Faça a prova dos seus objectivos pela “autenticidade”. Habitualmente pensamos pouco na origem dos nossos desejos, se eles nos pertencem ou fazem parte do pacote de expectativas dos pais, companheiros, chefes, professores, amigos ou outras pessoas do nosso meio mais ou menos próximo. Com a apropriação dos desejos / objectivos dos outros ganhamos uma obrigação de cumprir, que normalmente leva a um boicote do nosso inconsciente que irá gastar imensa energia para bloquear a sua execução. E a sua realização não traz uma sensação de plena satisfação, ao contrário quando cumprimos os nossos próprios objectivos.
Faça uma lista dos objectivos e comece a trabalhar com cada um deles, explorando os recursos necessários: os que já tem e os que faltam (força, dinheiro, conhecimentos, habilidades, disponibilidade das pessoas que quer envolver e muitos outros). Depois analise realisticamente as probabilidades em adquirir os recursos em falta num futuro próximo e crie uma hierarquia começando pelo objectivo cuja realização já é possível para breve.
Autora: Filipa Cristóvão
Psicóloga Clínica
As férias são sinónimo de período de lazer, praia, divertimento e descanso. Mas também usamos essas pausas para arrumações de gavetas, casas e escritórios.
Porque não aproveitar para arrumar também algumas gavetas internas?
Identifique os seus medos e crenças. De quem ouviu que “conduzir é perigoso?”, “sou fraco”,“não vales nada”, “és um cobarde” , “não se pode confiar em ninguém”?
Muitas das nossas crenças são aprendidas, e partem de outrém. Permanecendo ao longo do tempo inquestionáveis, acabam por se transformar em medos e limitações irracionais que assumimos como nossos, apesar de nem sempre o serem.
Os meus comportamentos actuais são recursos? Ou limitam-me?
Muitas das nossas maneiras de pensar, agir foram excelentes recursos no momento em que as aprendemos, contudo, poderão ser desajustadas face ao momento actual.
Por exemplo, pode ter sido adaptativo ter desenvolvido alguma passividade perante uma professora austera e que punia os alunos que participavam nas aulas. Contudo, hoje em dia, apesar das circunstâncias terem-se alterado, o indivíduo continua a comportar-se da mesma maneira (ex. ter dificuldade em expor a sua opinião numa reunião de trabalho). Ou seja o mesmo comportamento que no passado foi um recurso, hoje em dia poderá ser uma limitação.
Livre-se do “devia…”, “tenho de…”- Esse tipo de afirmações aumenta a sensação de culpa e bloqueio. Na próxima vez que tiver essa tentação, e se tiver mesmo intenção de mudar algo, use antes a expressão “Seria melhor para mim, se eu fizesse isto…”
Autor: Luís Gonçalves
Psicólogo Clínico
Sempre e Nunca são palavras inflexíveis, redutoras e limitadoras da nossa vivência. Tanto em terapia como nos meus grupos de formação, elas surgem de forma quase cirúrgica e reveladora. Até mesmo em mim, reparo nelas de vez em quando! O que é facto é que têm um impacto esmagador no nosso comportamento e é isso que venho hoje falar consigo.
Se passamos por um momento particularmente difícil após o fim de uma relação, podemos pensar “nunca serei feliz” ou “as minhas relações são sempre dolorosas”, de entre muitos outros pensamentos possíveis. Estamos a generalizar de tal forma a nossa vida que construímos um padrão desligado das nossas experiências vividas no concreto. Parece que às tantas criamos uns óculos de lentes especiais: só vemos o que confirma o tal padrão, as experiências que o contradizem são evitadas e desprezadas automaticamente. Desta forma, estamos a fortalecer as nossas crenças sobre nós, os outros e sobre o mundo. Se acreditamos que nunca teremos emprego, qualquer não resposta a uma candidatura que tenhamos feito vai alimentar a crença inicial. Se acreditamos que sempre fomos preguiçosos, ignoramos os momentos em que não o fomos.
Tanto a nível individual como relacional, sempre e nunca são importantes impedimentos à mudança!
O mais negativo destes óculos é que conseguem distorcer tanto o passado como o futuro (e consequentemente, o presente): a nossa vida relacional não foi sempre horrível (mesmo uma relação complicada tem bons momentos…) e não temos qualquer prova de que nunca seremos felizes. Este tema também faz lembrar aquelas pessoas que passam na nossa vida e que têm comportamentos negativos para com quem se relacionam. Se confrontados sobre eles, referem que sempre foram assim ou que é o seu feitio. Estas não são mais do que grandes desculpas para não terem que mudar e, simultaneamente, desresponsabilizarem-se em relação aos efeitos destrutivos do seu comportamento: não sou mesmo eu que faço mal, é o meu feitio que é o responsável!
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
Com frequência são revelados em consultório os sentimentos de desilusão e frustração que se abatem sobre os casais de famílias reconstituídas. Este é um sinal de alerta significativo, já que as estatísticas indicam que a taxa de separação é maior nestas famílias comparativamente com as famílias tradicionais, deixando-nos de sobreaviso para o risco acrescido de ruptura das famílias reconstituídas.
É então importante apelar à “saúde” e preservação das famílias reconstituídas alertando os membros do casal de que as tarefas que têm a seu cargo são diferentes das famílias tradicionais e que envolvem uma maior complexidade e maturidade emocional.
É importante dizer também a estes casais que estas tarefas poderão ser desempenhadas com naturalidade e satisfação mas que é importante conhecer as diferenças, singularidades e os desafios que as mesmas comportam, para que possam ser satisfatoriamente superadas.
Tem-se verificado com frequência uma pressa em (re)casar ou em unir as duas famílias, por parte dos dois cônjuges, o que não é senão prejudicial à nova constituição. Veja-se, com naturalidade conta-se nas famílias reconstituídas com a presença de filhos, pelo que naturalmente o casal será muito solicitado no seu papel parental.
Autora: Fabiana Andrade
Psicóloga Clínica
Numa das formações em que participei, um dos professores (que tive a sorte de ter), disse: olha para os teus clientes como se eles fossem um mundo e tu fosses um explorador!
Esta postura quase ingénua, sem ideias pré concebidas, sem expectativas, em Psicoterapia Existencial é chamada de Epoché. Este é um termo grego que significa suspensão de juízo, ou uma atitude que não nega nem aceita uma proposição ou juízo. É uma das fantásticas ferramentas de um terapeuta existencial.
Olhar para o cliente com esta “espécie” de ingenuidade, com total abertura, aceitação, curiosidade e interesse, sem ideias pré concebidas, permite-me realmente ver o cliente sem colocar-me a mim (e ao meu mundo) à sua frente. Sempre que recebo alguém no consultório sinto uma vontade enorme de “mergulhar” no mundo daquela pessoa, conhecer todas as suas dimensões, saber como é a experiência daquela pessoa em cada situação. Esta postura permite ao outro não se sentir julgado e ajuda a que perceba que na maioria das vezes quem não se aceita é ele mesmo em primeiro lugar.
É fácil ser Indiana Jones? Não! Todos nos habituamos a existir num sistema de valores, de julgamentos, de rótulos. Suspender tudo isso exige consciência e novos hábitos.
Dei por mim a perceber que esta postura é altamente útil não só no consultório, mas em toda a minha vida. Nas minhas relações, no mundo, olhar para tudo com abertura, aceitação, curiosidade e interesse genuínos, ajuda-me diariamente a ser surpreendida, a não esperar dos outros aquilo que eu mesma faria, a não ficar magoada com alguém só porque esse alguém é diferente de mim.
Autora: Catarina Mexia
Terapeuta Familiar e de Casal
As crises conjugais durante os primeiros 2 anos, após o nascimento do primeiro filho, são muito frequentes. Contudo é possível acautelar a relação e evitar que o stress normal, decorrente das mudanças várias nos elementos do casal e na relação, transforme estes momentos de alegria em desilusão.
Antes do nascimento
Agora que são pais:
Autora: Filipa Cristóvão
Psicóloga Clínica
É cada vez mais comum que muitas famílias tenham elementos com demência, muitas vezes especificamente doença de Alzheimer.
Aproximando-se o período de férias surgem muitas dúvidas? Levo o meu familiar? Ou deixo-o em casa ou em instituição? Apesar da insegurança natural das famílias, o isolamento destes indivíduos não é uma resposta. Dependendo das fases, numa fase mais inicial, existem alguns esquecimentos, mas são capazes de realizar muitas tarefas e de comunicar perfeitamente. Em fases mais avançadas qualquer mudança pode causar ansiedade e nervosismo.
A decisão contemplará ainda muitos outros factores, contudo ficam aqui algumas dicas:
Autora: Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Na natureza todas os organismos, no início da sua formação parecem ser mais frágeis. Esta assumpção é tão ou mais verdadeira quando falamos do ser humano. À nascença, o bebé é um ser frágil, totalmente dependente, incapaz de sobreviver de forma autónoma, necessitando de protecção e acompanhamento constantes para que se desenvolva.
O afecto dos pais é um dos principais elementos fundamentais ao desenvolvimento global da criança – do ponto de vista emocional, cognitivo, mas também social e motor.
Ao sentirem-se amadas as crianças sentem-se mais seguras e confiantes e, consequentemente, mais disponíveis para explorar, descobrir e aprender. Todas as experiências positivas, acompanhadas pelo afecto dos pais, reforçaram a auto-estima da criança, com repercussões na estruturação da sua personalidade.
Mas, como sabem as crianças que os pais gostam delas?
- Através das palavras de carinho, amor e encorajamento que ouvem dos pais. Através das festas, do colo, dos beijos e dos abraços.
- Pela atenção positiva que recebem. A criança prefere que lhe dirijam a atenção quando tudo corre bem e não apenas quando se portam mal. Reparando apenas naquilo que a criança falha, pode aumentar o risco de se reforçar um comportamento indesejado. A criança sente-se amada e especial quando reparam, comentam, elogiam, festejam as coisas boas que ela faz, as suas conquistas.
- Quando se sentem seguras, através de limites delineados pelos cuidadores. A criança sabe que os pais gostam dela quando os guiam, estabelecendo limites de forma razoável e consistente. Uma criança educada através de um estilo que conjugue a autonomia com muito afecto, tende a sentir-se amada, merecedora de confiança, respeitada, segura, feliz e com elevada auto-estima. Em adulta tenderá a ser responsável, respeitadora, amiga, disciplinada e determinada.
- Sempre que os pais demonstram interesse pela sua vida. Para uma criança é tão importante que os pais conheçam as suas dificuldades, como valorizem as suas virtudes, interesses e opiniões.
Sim? Talvez não… Muito vulgarizada, a medida de Índice de Massa Corporal (IMC) está a ser colocada em causa, como determinante de necessidade de emagrecimento. De facto, foi desenvolvida uma escala, recentemente, a Edmonton Obesity Staging System (EOSS), desenvolvida pela Universidade de Alberta, e que leva em conta vários indicadores abrangentes a todo o funcionamento do indivíduo e que representa uma tentativa de identificar quem, de facto, beneficiará de uma perda de peso. Esta escala, permite uma classificação em 5 fases baseada na gravidade e abrangência de problemas médicos e psicológicos, além da análise do peso, proporções e IMC.
Desta forma, se estiver inserido num dos estádios mais baixos da escala, e apesar de excesso de peso, a melhor indicação para si poderá não ser uma dieta, mas sim “apenas” a opção por um estilo de vida mais saudável, do ponto de vista de nutrição e exercício físico.