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Razão e emoção: o diálogo necessário

por oficinadepsicologia, em 13.07.12

Autora: Inês Mota

Psicóloga Clínica

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Inês Mota

Com frequência, em consultório, as pessoas consciencializam-se de que não é tarefa simples conhecerem o que sentem e saberem “falar” com elas próprias ou com os outros acerca disso, ou seja, a expressarem o que sentem.

 

A maneira própria como cada um de nós usa a “emoção” ou a “razão” pode estar fundada na forma como fomos aprendendo a usá-las no contexto da nossa família, e como foi perpetuada nas relações com o nosso grupo de amigos, na escola ou no trabalho.

 

De fato e remontando às nossas aprendizagens podemos verificar que o que nos foi sendo passado ao longo dos anos pode ser um pouco contraditório. Ora vejamos, com frequência ouvimos dizer “ aprende a confiar nos teus sentimentos e a seguir o teu coração” ao mesmo tempo que ouvimos também “não sejas demasiado emotivo/a ou irracional”. Assim, perceber e integrar estes ensinamentos nos assuntos do dia-a-dia e na direção a dar às relações não é de todo uma tarefa simples.

 

É também compreensível que muitas pessoas, sem a aprendizagem ou conhecimentos necessários para lidar com as “tempestades emocionais”, possam ser levadas a crer que a melhor forma será de fato controlá-las, podendo tornar-se exímias “problem solvers”, usando de forma recorrente a razão como via para resolver a maioria dos assuntos.

 

Para percebermos a ancestralidade deste debate relembremos o que já nos dizia Aristóteles:  “Toda a gente pode ficar zangada, isso é fácil, agora ficar zangado com a pessoa certa, na medida certa, no tempo certo, pelo propósito adequado e da forma adequada, isso sim já não é tarefa fácil. Pois isso envolve integrar coração e razão.”

 

Algo que nos pode ajudar nesta reflexão é saber que “Emoção” e “Pensamento (razão)” são fenómenos diferentes e que a nossa grande complexidade enquanto seres humanos é termos exatamente estas duas partes dentro de nós, este “eu emotivo” e este “eu racional”  que não estão necessariamente de acordo a maioria das vezes estando até muitas delas, em conflito.

 

A nossa parte mais racional é constituída pela parte mais refletida, mais deliberada. Esta parte contempla as nossas crenças, deveres e julgamentos e ainda ideais transmitidos e que acabam por estar presentes nas escolhas de objetivos. Esta parte é usada para a planificação de assuntos do dia-a-dia e para a antecipação do futuro.

 

A parte mais emocional é uma parte mais automática, deriva de um monólogo interior mais sensorial e experiencial, mais impulsivo e mais delicado. Esta parte incorpora as nossas avaliações e valores morais pro-sociais.

 

Estas duas partes de nós, a “nossa emoção” e a “nossa razão” são duas vozes distintas, e estão ambas acessíveis à consciências, mas uma comunica mais em palavras e a outra através dos canais sensoriais do nosso corpo. Desta forma é como se fossemos sobretudo movidos pela nossa emoção e guiados pela nossa razão.

 

O trabalho essencial da psicoterapia consiste precisamente em poder ajudar as pessoas a conseguirem lidar com as suas emoções de forma mais efetiva, sendo que este trabalho enriquecedor consiste exatamente em colocar estas nossas duas partes, a parte emocional e a parte racional a dialogar de forma útil e produtiva, trabalhando-se no sentido da integração da emoção e da cognição, usando-se a cognição para dar sentido à emoção.

 

O que se pretende e que é tarefa complexa é ajudar as pessoas a ficarem cada vez mais familiarizadas no processo de identificação e diferenciação das suas emoções, ajudar à diferenciação dos sentimentos individuais dos sentimentos dos outros e ajudar à síntese de emoções que surjam primeiramente como contraditórias.

 

Pretende-se assim ajudar as pessoas a usarem as emoções como informação para ser “lida” e percebida, para que os sentimentos e emoções possam ser articulados em palavras e símbolos, para que assim, depois de entendida a emoção, possa ser usada na medida mais certa da pretendida em determinado contexto.

 

Desta forma, e de acordo com este diálogo necessário entre emoção e razão vai-se tornando mais simples percebermos com quem estaremos zangados em determinado momento, zangando-nos na medida mais ajustada, conseguindo-se assim expressar essa zanga no tempo e contexto mais acertado e da forma mais adequada.

publicado às 10:02

Pânico, exigências e medo do futuro

por oficinadepsicologia, em 12.07.12

Autora: Tânia da Cunha

Psicóloga Clínica

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Tânia da Cunha

Sabe-se que o pânico pode ser despoletado pelo medo do futuro. Para muitas pessoas, o pânico ocorre quando se veem confrontados com um aumento de exigências e/ou responsabilidades. Nessas alturas, podem deparar-se com a incapacidade em gerir as pressões das suas responsabilidades, acreditando que não possuem força, vontade, perícia, inteligência ou estabilidade emocional para lidar com determinada tarefa.

 

O pânico está muitas vezes associado à falta de confiança das capacidades do próprio e pode ser sustentado pela crença de que o seu mundo é demasiado exigente ou que a tarefa a realizar é demasiado opressiva. Esta temerosa antecipação pode manifestar-se fisicamente através de períodos de extrema angustia ou pânico que pode ter como consequência uma ida às urgências do Hospital.

 

Os ataques de pânico acontecem com alguma frequência e são muitas vezes descritos como das mais aterradoras experiencias humanas.

 

Há um caminho melhor...

  • Mantenha a calma – em qualquer confrontação, se permanecer relativamente calmo, pensará com maior clareza e conseguirá proteger-se;
  • Não mergulhe em pensamentos distorcidos – lembre-se que a antecipação e a preocupação são apenas abstrações;
  • A melhor escolha é “deixe que a vida decorra espontaneamente”. Sem o pensamento retorcido e preocupado pode começar a arriscar viver naturalmente e eficazmente.

publicado às 20:39

Desafios de uma mãe e mulher

por oficinadepsicologia, em 12.07.12

E-mail recebido

 

 

Boa tarde ,

Tenho um filho de 4 anos que nunca se alimentou bem, mas a situação tem vindo a piorar e já acorda a dizer que não quer comer nada. Vários médicos me têm dito para relativizar a situação, que é normal, que ele está bem...mas a verdade é que eu, mãe, não sinto nada disso. A sensação que tenho é que o meu filho vive tristonho e tem um qq bloqueio emocional, forte, que o tem vindo a prejudicar.

 

Ele não está no infantário, vai este ano para a pré-escola (setembro), pelo que passa o dia inteiro nos meus pais. Qd saio do trabalho, eu ou o meu companheiro vamos buscá-lo. No entanto a sua vontade de ficar conosco lá em casa a dormir é nula. pede os avós. Ontem p.e., “obriguei-o “ a ficar em casa...foi um desvario total, uma gritaria ....mas decidi que teria de ficar e ficou. No entanto sinto que durante a noite não tem um sono tranquilo...parece que o corpinho dele está sempre eléctrico e que em contacto com o meu estremece, como se tivessemos energias opostas, que se repelem.

 

Amo o meu filho mais do que tudo e do que todos. Sei que a situação do pai dele nos deixar, o meu filho tinha 15 dias, não me deixou grande coisa a nível emocional, mas tentei ultrapassar... No inicio costumava dizer que se não tivesse o meu filho “seria uma rainha”, como se o menino me tivesse tirado espaço, autonomia e me obrigasse a uma vida de responsabilidades. Esta dualidade é terrível, passo-lhe toda esta ansiedade e vivemos a cada dia num clima de Paz/Guerra, Amor /Ódio!

 

Preciso de ajuda com urgência, pq preciso de ajudar o meu filho...já andei em psiquiatria, psicologia  mas nada resolve esta angústia, esta mágoa. Quem me conhece sabe que sou uma bem disposta mas acho que cada vez mais é uma alegria superficial, pq estou sempre triste e preocupada com o meu filhote. Por favor ajudem-me ou informem de quem possa ajudar.. Não tenho grandes possibilidades financeiras.

 

Certa da vossa ajuda

OBG!

M.

 

 

 

publicado às 19:45

Ideias e mais ideias

por oficinadepsicologia, em 11.07.12

Autor: António Norton

Psicólogo Clínico

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António Norton

Todos os dias somos assaltados por milhares de pensamentos, de ideias, de planos, de sonhos, de fantasias. O nosso cérebro não para e produz continuamente ideias.

Algumas delas podem ser verdadeiramente valiosas!

 

Não se esqueça que o mundo progride, muda, evolui através de ideias, de sonhos, de projectos.

O que faz com as ideias que surgem?

 

A partir do momento em que as ideias chegam à sua consciência, entra a sua escolha intencional e a sua responsabilidade perante as ideias que o visitam.

As ideias vão e vêm, sempre céleres, apressadas, rápidas, efémeras e voláteis. É você que as pode agarrar! É você que as pode transformar, concretizar! Dar corpo e forma! Fazê-las sair do plano mental para o plano real!

É comum haver uma ligação estreita, eu diria mesmo directa, entre a ideia de Inspiração e a ideia de criação artística. Quase como, se apenas a Arte pudesse estar ligada à inspiração e vice-versa. Eu gostaria de desafiar esta ideia e dizer que todos os dias somos invadidos pela inspiração. Eu entendo a inspiração como o aparecimento de ideias de natureza criativa.

E todos nós seres humanos somos seres de ideias e, como tal, criativos e alvos para receber a inspiração.

 

Por falar em inspiração, gostaria de falar sobre a relação íntima e muito particular que Ravel tinha com a Inspiração. Ravel foi um extraordinário músico, compositor de peças belíssimas. Um dia perguntaram-lhe de onde vinha a sua inspiração. Ravel disse que não sabia, mas que todas as manhãs se sentava na sua secretária e, portanto, se ela quisesse aparecer saberia onde o poderia encontrar!

Nós não temos de ficar à espera da inspiração sentados com um bloco de notas. O que proponho é que mal a inspiração surja tenha um bloco, um gravador ou outro aparelho que lhe permita registar a sua ideia.

 

Não perca as suas ideias! Elas podem ser valiosas!

Tome nota das suas ideias e organize-as por tópicos. Releia as suas ideias e sempre que surgir uma ideia relacionada com um tópico remeta-a para esse espaço temático!

Verá que quanto mais fizer isto, mais ideias surgirão. Como dizia Picasso:

"Uma ideia é um ponto de partida e nada mais. Logo que se começa a elaborá-la, é transformada pelo pensamento."

 

Lembre-se que do caos veio a ordem! No caos está a ordem! Uma ideia pode parecer desconexa, aleatória, mas verá que esconde dentro dela um mundo de outras ideias que se unirão para construir um todo coerente. Isto se quiser investir nessa ideia em particular.

Você é o infinito! Não se esqueça disso!

Quando a inspiração aparecer, agarre-a e tome nota das ideias que o invadem!

 

Boa inspiração e boas ideias

publicado às 11:15

Contos terapêuticos: Ep1 - História da Eduarda

por oficinadepsicologia, em 10.07.12

Autora: Fabiana Andrade

Psicóloga Clínica

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Fabiana Andrade

Ao pensar no que escrever para o meu próximo artigo, percebi que estava a ficar aborrecida com o meu formato tradicional de escrita.

Surgiu-me então a ideia de iniciar o que chamei de Contos Terapêuticos.

 

Observei muitas e muitas histórias de clientes, vi que muitas delas apresentam temáticas semelhantes. Essa semelhança estende-se também por histórias que observo mesmo fora do consultório, no meu próprio dia a dia e das pessoas que me rodeiam.

 

Assim, para cada temática decidi criar um personagem. Nesse personagem, represento características de várias pessoas e num breve conto exponho uma situação em que o personagem utiliza as suas características e o seu modo de estar para resolver situações do dia a dia. Além disso, conto ainda como, com a psicoterapia, ele foi capaz de superar seus obstáculos.

Com esse formato, espero que cada um dos leitores possa identificar-se com um ou mais personagens, e assim, encontrar inspiração nas estratégias utilizadas por eles.

 

Abordaremos temas como a solidão e dificuldades de relacionamento, estado de medo/ansiedade, comunicação com os filhos, comunicação com os pais, sexualidade, traumas, depressão, obesidade entre outros.

 

Como o projeto é contínuo, sempre que as histórias que ouço me inspirarem e remeterem a uma temática específica, transponho para o papel e partilho com todos os leitores.

 

Hoje decidi começar pela temática da Comunicação entre Casais!

Assim, surge-nos a Eduarda.

 

Eduarda é casada, tem dois filhos, e pede ajuda pois está a ter problemas no seu casamento com Carlos.

 

 

publicado às 12:24

Necessito realmente de mudar?

por oficinadepsicologia, em 09.07.12

Autora: Tânia da Cunha

Psicóloga Clínica

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Tânia da Cunha

Acredito no potencial inesgotável que cada ser humano possui. É através deste que todos somos capazes de evoluir favoravelmente num sentido mais positivo e de maior qualidade de vida, mas para isso é necessário ter presente que precisamos de nos nutrirmos dia após dia. Do mesmo modo que adquirimos, através de exercícios físicos e de treino, o fortalecimento dos nossos músculos, também podemos redefinir a visão que temos das pessoas, das coisas e da vida.

 

Se fizermos um balanço de todas as aquisições que fomos alcançando ao longo da vida, percebemos que estamos em constante mudança. Com treino fomos sendo capazes de fazer uma série de aprendizagens, como aprender a caminhar, a nadar, a conduzir um automóvel etc. Quando nos observamos hoje, compreendemos que não somos a mesma pessoa de ontem e certamente podemos acreditar que amanhã estaremos diferentes de hoje.

 

A aprendizagem vai sendo feita por tentativas, quase sempre pouco produtivas no início, mas aperfeiçoando em progressão constante. A título de exemplo, podemos pensar na aquisição da marcha, as quedas constantes levam a criança a tentar de novo, no sentido do seu objetivo. Depressa compreende que tem de dominar pequenas distâncias e mais tarde, quando lhe for possível, fixará objetivos mais ambiciosos, até o dia que souber correr.

 

Tomando este exemplo na vida de todos nós, podemos definir alguns princípios que suportam uma aprendizagem bem-sucedida:           

  • Agir - para aprender convém fazer tentativas.
  • Fixar objetivos pequenos e progressivos. Para aumentar as hipóteses de sucesso.
  • Esperar que nem tudo corra bem. Falhar uma tentativa pode ser muito útil se de seguida for feita uma reflexão sobre o que correu mal.
  • Repetir - para aprender bem é necessário repetir.
  • Imitar - toda a aprendizagem necessita de modelos. Enquanto adultos, podemos escolher as pessoas cujas atitudes e comportamentos gostaríamos de adotar.
  • Auto encorajar-se - algumas pessoas desesperam facilmente face ao que precisam de fazer. Outras felicitam-se pelos progressos feitos e pelo caminho já percorrido. Atreva-se a ser uma destas!

publicado às 10:49

Alteração de comportamento

por oficinadepsicologia, em 08.07.12

E-mail recebido

 

Boa tarde,
 

Ultimamente apetece-me isolar, não me apetece falar com ninguém, e quando estou a falar com alguém não consigo encarar a pessoa, faltam-me as palavras, estou preocupado, até porque a minha actividade profissional me obriga a falar e a conviver. O que devo fazer?

 

P.D.

 

 


publicado às 23:49

Nenhum homem é uma ilha

por oficinadepsicologia, em 08.07.12

Autora: Ana Beirão

Psicóloga Clínica

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Ana Beirão

Nós não somos apenas indivíduos, pertencemos a um grupo, somos membros de uma sociedade e relacionamo-nos com os outros. Interagimos no nosso quotidiano não só por necessidade, mas porque precisamos de estabelecer relações interpessoais, as quais proporcionam ligações emocionais. Relações estas que se caracterizam pela intimidade, crescimento e resiliência. Construímo-las com base numa vinculação segura, com expectativas na procura de companhia, amizade, camaradagem, amor, compreensão. Enquanto seres sociais, relacionamo-nos com a família, amigos, companheiros, colegas de trabalho, patrões, os empregados do café onde vamos habitualmente, os funcionários das diferentes lojas, entre tantos outros.

 

O relacionamento humano é complexo, pressupõe o sabermos interagir uns com os outros, ter em conta os papéis, as normas, as expectativas, a cultura, a comunicação, as diferentes formas de ver o mundo. A interacção social é um processo no qual agimos e reagimos face ao que nos rodeia. Os relacionamentos têm de ser trabalhados e a sua eficácia influencia o contacto social permanente. Um novo estudo da Universidade da Califórnia, menciona como o simples facto de nos lembrarmos de uma pessoa querida pode reduzir a percepção da dor. O suporte social toma uma importância a nível da nossa saúde, física e mental. É assim altura de voltar a dar o devido valor aos relacionamentos interpessoais, que afinal de conta, nos ajudam a ser mais saudáveis.

 

A nossa vida é organizada através de padrões semelhantes de comportamentos. Somos criaturas de hábitos, sabemos o que fazer no quotidiano e isso proporciona uma vida estável e regular, sabendo com o que contar. No entanto, a vida actual pode não possibilitar o contacto social mais estreito. Muitos são os que trabalham em casa, outros tem trabalhos mais solitários, horários diferentes, perdem muito do seu tempo em deslocações. Estamos na era das redes sociais onde a internet está muito presente, e é verdade que continuamos a falar com a nossa família, amigos e conhecidos mas perdemos pouco tempo em relacionamentos cara a cara. Falta a cumplicidade do momento, com partilha de emoções e sentimentos, faltam interacções humanas e o suporte social. Como podemos então ter tempo para nos relacionarmos melhor uns com os outros?

 

Comece por reorganizar a sua semana, tenha como uma das suas prioridades o estar com o outro. Sempre que possível evite marcar o encontro com o amigo na internet e faça-o num local onde goste de estar, onde possa conviver. Dê importância às suas relações, são preciosas. Tente esclarecer dúvidas ou desentendimentos num curto espaço de tempo, não permita que a não compreensão de uma posição pese mais do que a relação que tem com aquela pessoa. Tenha algum tempo para si junto dos outros. Inscreva-se num workshop, procure um hobby que possa partilhar com outras pessoas. Marque o tal café ou o jantar que ficou suspenso por uma razão qualquer. Faça um pequeno esforço para estar com os outros, os que tem significado para si ou os que já não vê há muito tempo. Esquecemo-nos que uma boa conversa desanuvia o espírito e proporciona prazer. Seja meigo consigo e procure ter tempo para se relacionar ...

publicado às 09:37

Sobre a compaixão

por oficinadepsicologia, em 04.07.12

Autora: Joana Fojo Ferreira

Psicóloga Clínica

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Joana Fojo Ferreira

 

Na minha prática clínica tenho-me apercebido como para muitos a compaixão é um sentimento tido como menos nobre, especialmente quando trabalho com os meus clientes no sentido de os ajudar a desenvolver compaixão pelas suas próprias vulnerabilidades, por aquilo que tendem a ver como os seus defeitos. E de facto este desafecto pela compaixão deixa-me sempre a pensar.

 

O que é que causa esta antipatia pela compaixão? Como é que a compaixão se tornou algo aversivo, a rejeitar?

E surgiu-me… será pelo que a compaixão sinaliza?

 

A compaixão sinaliza fragilidades, dificuldades, aspectos em que se é mais vulnerável, e que são muitas vezes os aspectos que queremos esconder de nós próprios. Sentir compaixão pelas nossas fragilidades implica assumi-las, e quando ao longo do nosso desenvolvimento não nos foi dado espaço, permissão, compreensão pelos nossos erros, pelas nossas falhas, pelas nossas sensibilidades, aprendemos que elas são algo a combater e não a abraçar e acarinhar.

 

E ficamos num conflito interno, por um lado é duro e exigente o discurso aprendido de “tens que ser sempre forte, não podes falhar, tens que dar sempre o teu melhor, superar as tuas capacidades”, por outro ele está tão enraizado que é difícil abrir espaço para de facto acarinhar os nossos lados mais frágeis, dar-nos colo nos momentos mais difíceis, saber dizer “isto é o que eu consigo fazer neste momento, tendo em conta o contexto e a minha própria história, e eu não tenho que me criticar por isso, pelo contrário, este é um aspecto tão sensível para mim, que me custa tanto, que eu preciso mesmo é de aceitação, compreensão, compaixão”.

 

É de facto impressionante como muitas vezes somos nós próprios os nossos maiores críticos, e como nesta crítica, nesta dificuldade em aceitarmos que erramos, que temos aspectos em que somos mais frágeis, acabamos por nos impedir de aceitar o colo, a compaixão que poderia ser reparadora. Porque se olharmos para trás, para a nossa história, percebemos que a compaixão das pessoas significativas da nossa vida durante o nosso crescimento foi precisamente o que nos faltou e que nos trouxe a esta hipercrítica com os nossos “defeitos”.

 

Criticamo-nos geralmente porque achamos que essa é a forma de nos incentivarmos a mudar e tememos que ao sentir compaixão nos resignemos. O que não percebemos é que ao combater a compaixão e insistir na crítica, estamos na realidade a lutar contra o antídoto, o remédio curativo que poderia de facto potenciar mudança. Porque aceitação não é sinónimo de resignação, e só na medida em que aceito onde estou e o que consigo é que abro espaço psicológico para crescer, para me desfocar do que não sou capaz, reconhecer aquilo em que sou bom e potenciar a mudança a partir daí.

 

Poderá não ser fácil, a crítica às vezes é muito forte, mas experimente sentir compaixão pelos seus lados mais frágeis, aceitar as suas vulnerabilidades, verdadeiramente, sabendo que de início pode ser difícil, mas é na realidade o remédio reparador.

publicado às 14:34

Auto-estima realista procura-se! (parte 2)

por oficinadepsicologia, em 02.07.12

Autora: Irina António

Psicóloga Clínica

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Irina António

Continuamos a navegar no nosso universo interno, tendo como ponto de partida a autoestima não satisfatória, mais conhecida como autoestima baixa. Os passos que proponho realizar vão ajudar-lhe a adquirir uma sensação / um conhecimento mais claro sobre particularidades da sua autoestima.

 

1)      Em que áreas da sua vida a autoestima desajustada se expressa com maior regularidade e força?

 

Habitualmente destacam-se uma ou duas áreas bastante concretas. Por exemplo, nas relações interpessoais, nas relações com sexo oposto, nas competências profissionais: falar em público, na defesa da sua opinião, etc. Experimente identificá-las de uma forma ainda mais pormenorizada recorrendo aos nomes das pessoas cuja presença influencia a sensação de autoestima baixa, assim como às situações reais que salientam esta sensação. Qual é o retracto psicológico das pessoas que contacto, com as quais me sinto em clara desvantagem?

 

2)      Descubra a linguagem de expressão da sua autoestima não satisfatória.

 

Como é que costuma dialogar consigo mesmo(a) quando percebe que algo está a correr mal? O mais habitual é recorrer à linguagem de auto-recriminação e de culpa? Ou seja, em vez de focar nos erros e tentar entender o que falhou, com o objectivo de corrigir e procurar uma atitude mais ajustada a situações semelhantes, entra numa ruminação autodestrutiva ampliando o mau estar?

 

E isso acontece quando temos consciência do que se está a passar. Mas nem sempre os movimentos internos têm uma compreensão clara, às vezes o único sinal a denunciar o desconforto que temos é um mau estar geral, um desespero, uma sensação de aperto no peito. Nestas situações experimente transformar as sensações em palavras para compreender melhor as mesmas. Se a sensação pudesse falar, o que diria de si e da situação que está a enfrentar?

 

3)      Procure os elementos principais que compõem a sua autocrítica.

 

Cada expressão de autocrítica habitualmente tem como mínimo 3 elementos. Elemento Um – a nossa atitude e o nosso comportamento desajustado, e por isso criticado. Por exemplo, “outra vez não foste capaz de ficar calado(a) e contaste tudo a quem não devias!”. Neste caso o comportamento prejudicial terá na sua base a dificuldade em conter informação.

Elemento Dois – a nossa atitude ou o comportamento que trariam resultados mais satisfatórios. Ou seja, como é que faria diferente? No exemplo acima apresentado, poderia desenvolver uma conversa mais contida em relação ao tema, desviar para outro assunto, etc. 

Terceiro elemento – a figura que critica ou reprova. Claro, no caso da auto-recriminação somos nós próprios que nos ocupamos dessa tarefa. No entanto, a autocrítica é um elemento “introjectado” e adquirido na altura de infância. Enquanto pequenina a criança não sabe nem criticar, nem repreender, ela aprende a fazê-lo convivendo lado ao lado com adultos. E a medida do seu crescimento as vozes de pais, avós, professores, treinadores, confluem numa voz só, mais tarde transformando-se em voz própria que critica e reprova.

Quando estamos a ouvir alguém a criticar-nos, mais facilmente recorremos ao nosso sentido crítico para reflectir se vale ou não a pena escutar. Mas quando a voz vem do nosso interior, o distanciamento torna-se mais difícil, sendo que a sua pressão também tem uma força bem maior.

 

Para continuação deixo a proposta de uma experiência prática - testar a força e a qualidade da nossa voz autocrítica, assim como a vossa capacidade de transformar o contacto com a mesma numa experiência diferente. Encontramos em breve…

publicado às 15:49

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