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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
“Já me rotularam, penso. Talvez eles me tenham rotulado de doente, com algum desses nomes estranhos que os saudáveis não querem nem saber o que significam. E a verdade, o que eu tenho a dizer em relação a isso, é que na verdade talvez tenhais razão. Vós homens que tudo classificais, eu não estou bem, mas gostava que não me rotulásseis com nomes que denotam conceitos estereotipados em relação ao que realmente se passa comigo. Até podeis dizer que eu sou esquizofrénico, mas se é isso que achais que sou, porque tenho eu obrigatoriamente de ter os sintomas que alguém definiu como sendo parte da esquizofrenia? Será que eu ouço mesmo essas vozes que alguém diz que os esquizofrénicos ouvem?
Haverá duas pessoas iguais, de modo a que haja um padrão na maneira de sentir da condição humana? Talvez a mente humana seja como os automóveis, há algo que todos têm como sejam as rodas, o chassis, mas os modelos variam sempre dentro da mesma marca assim como há marcas diferentes. Mas mesmo dentro do mesmo modelo e marca, apesar de todos serem idênticos à partida, quando são feitos eles acabam por não durar o mesmo tempo nem se comportar da mesma maneira ao longo da sua vida, e isto depende de quem o utiliza. Talvez a esquizofrenia seja como os automóveis, igual à partida (denota um chassis danificado e umas rodas de madeira, ou seja, o esquizofrénico tem uma mente como se fosse uma carroça puxada por vacas, enquanto que uma pessoa normal já tem um carro movido a combustível) na aparência dos sintomas, mas não igual na maneira como é utilizada.
Talvez a mente de um esquizofrénico seja uma mente inadaptada à realidade que o envolve (o carro puxado a vacas está inadaptado para o momento que o envolve, em que se utilizam quase totalmente carros puxados a combustível, mais rápidos e eficientes). Eu um dia já fui uma pessoa normal. Houve uma altura em que a carroça das vacas era o que estava na moda. Simplesmente não soube evoluir com o tempo e quando dei conta vi que eu ainda usava uma carroça de vacas. Tentei evoluir rapidamente, mas como posso eu deixar essa carroça e empenhar-me em adquirir uma coisa que não sei conduzir? Terá que se remodelar a mente.
Deixando de divagações sem sentido, ouve um momento, há poucos anos atrás, em que a minha mente parece que se desintegrou completamente. Eu perdi o controlo do meu próprio corpo. Possuíram-me ansiedades intensas que se tornaram mais tarde em fobias intensas logo de seguida. Até esse momento eu fui aparentemente uma pessoa normal. Mas, a partir daquele momento de desintegração da minha mente, eu não fui o mesmo. Sei agora que eu aguentei até às últimas consequências uma maneira de ser que estava desajustada com o mundo e que despoletou naquele momento. Não podemos só absorver o mundo, não podemos só produzir para o mundo o nosso ser, tem que haver uma gestão adequada do que entra e sai da nossa mente e do trabalho do nosso pensamento, que foi o que me faltou.”
(Autor Desconhecido)
Eu quem sou?
"Quando ponho de parte os meus artifícios e arrumo a um canto, com cuidado cheio de carinho - com vontade de lhes dar beijos - os meus brinquedos, as palavras, as imagens, as frases - fico tão pequeno e inofensivo, tão só num quarto tão grande e tão triste, tão profundamente triste!... Afinal eu quem sou, quando não brinco? Um pobre órfão abandonado nas ruas das sensações, tiritando de frio às esquinas da Realidade, tendo que dormir nos degraus da Tristeza e comer o pão dado da Fantasia". Bernardo Soares, in Livro do Desassossego
Esquizofrenia é uma doença em que a pessoa sofre de uma alteração ou desvio de personalidade ou seja a sua personalidade está alterada. Isto é um problema psicológico que apenas a medicação tem ajudado. No entanto há que compreender melhor o problema para assim se poder encontrar mais e melhores soluções.
Caracterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contacto com o mundo exterior, ela afecta não só a pessoa mas também toda a sua família e as pessoas à sua volta.
Um dos seus primeiros sintomas é a diminuição da afectividade, quando não a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do mundo por parte do doente, que se volta sobre si mesmo (semelhante em parte ao autismo).
As funções intelectuais são igualmente perturbadas o que acarreta rapidamente a alienação de tudo o que se passa à sua volta. Muitas destas pessoas passaram por períodos de depressão, stress ou conflitos antes de entrarem nesta situação o que leva a concluir que estes problemas desencadearam ou agravaram a esquizofrenia.
A tensão e o stress nos quais a pessoa esteve envolvida foram assim desencadeantes da situação, pelo que todas as técnicas que aliviem a pessoa das mesmas são bem-vindas.
Mais, uma vez que a pessoa vive sob stress, medos, pânicos e alterações comportamentais contínuos, tudo aquilo que lhe traga tranquilidade ou que a relaxe será igualmente bem-vindo. Só quando a pessoa está mais tranquila e estável é que se pode pensar em fazer um trabalho mais profundo.
Reconhecimento dos sinais
Os sinais da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo. Os sintomas podem ter uma evolução tão gradual que se torna impercetível no início, ou, pelo contrário, podem aparecer subitamente. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões. Alguns indivíduos podem apresentar um único episódio psicótico, enquanto outros apresentam sintomas da doença durante toda a vida.
Os comportamentos que se seguem podem ser sinais indicadores de esquizofrenia. Se você ou alguém da sua família manifesta alguns destes sintomas por períodos superiores a duas semanas, ou se o comportamento parecer extravagante ou fora do vulgar, deve procurar imediatamente a ajuda de um médico:
É importante lembrar que a ocorrência destes sinais de alarme não significa necessariamente que a pessoa em questão sofra de esquizofrenia. Somente um médico qualificado pode fazer um diagnóstico. Por vezes não é fácil, no início, a distinção entre a esquizofrenia e a doença maníaco-depressiva.
Em 75 por cento dos doentes com esquizofrenia os primeiros sintomas surgem entre os 13 e os 25 anos de idade.