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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Ana Crespim
Psicóloga Clínica
Isto de que homens e mulheres são criaturas diferentes, já não é novidade nenhuma para ninguém. Aliás, se “As Mulheres são de Vénus e os Homens são de Marte”, está tudo dito: planetas distintos, características também. No entanto, mais importante do que seguir estereótipos e generalizações, é saber o que de facto nos distingue.
Um estudo publicado no jornal Psychophysiology, alerta-nos para uma destas diferenças. Parece que mulheres e homens reagem de forma diferente ao stress, e que a idade também tem algo a dizer sobre o assunto. Assim, as mulheres que tendem a ser mais defensivas – reagindo activamente a críticas ou a ameaças à sua auto-estima, vêem aumentado o risco de sofrer de doenças cardiovasculares. Enquanto a postura menos defensiva, parece prejudicar a saúde, nos mesmos contornos, quando presente em homens mais velhos.
Entenda-se que a postura defensiva é um traço de personalidade caracterizado pelo evitamento e repressão de informação. Deste modo, tal revela-se com prejudicial nas mulheres, uma vez que conduz ao aumento da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco, enquanto nos homens mais velhos, o que prejudica a saúde é a postura contrária, ou seja, ser menos defensivo, uma vez que aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Quer num caso como no outro (mulheres e homens mais velhos), esta característica está relacionada com a ideia de protecção da auto-estima e manutenção de laços sociais seguros, o que não é de todo surpreendente. Afinal, o sentimento de pertença, de fazer parte da vida de outras pessoas e de ser estimado por estas, é uma necessidade básica da condição humana. Deste modo, é perfeitamente compreensível que a maioria das pessoas veja a exclusão social como um risco para a sua existência.
Basta pensarmos na importância que tem sentirmo-nos integrados num grupo, quer seja um grupo de trabalho ou um grupo de amigos, o facto é que faz toda a diferença no modo como nos percepcionamos – afinal, a nossa auto-imagem depende também do que os outros nos passam acerca de nós próprios e, se sentirmos que nos “colocam de parte”, que não nos valorizam e que “estamos sozinhos no mundo”, é difícil que a nossa auto-estima se mantenha à superfície da terra. Somos seres sociais, independentemente do sexo.
Estes dados podem ter o seu impacto não só em cada um de nós, como também na forma como percepcionamos o outro, tomando consciência do impacto que o stress produz.
Este é um tema que carece de mais investigações e reflexões. Não convém, contudo, esquecer que o mundo não se divide em homens e mulheres. O mundo é constituído por ambos, com tudo o que lhes está subjacente, com as diferenças individuais de cada um. Homens e mulheres… Sejam Felizes!