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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Joana Florindo
Psicóloga Clínica
Comida, comida, comida... Preciso de comer, preciso de comer mais!!! Posso comer os cereais, as bolachas, os pães e um pacote de batatas fritas também. Estou a sempre a falhar! Não quero saber se agora vou falhar outra vez. Acabei por comer também os restos do bolo de chocolate que tinha no frigorífico... Sinto-me tão cheia e mal disposta. Estou tão cansada que nem me consigo mexer. Porque é que voltei a fazer isto?... Não devo gostar de mim. Não, não posso gostar mesmo. Não tenho amor-próprio. Aliás sinto repulsa por mim e pelo que acabei de fazer! Estou tão, tão triste...
Esta é a típica descrição de um episódio de ingestão compulsiva. Ele caracteriza-se pela ingestão de uma quantidade excessiva de alimentos com uma sensação associada de perda de controlo, que só termina quando fortes dores de estômago e um profundo mal estar físico se instalam. Sentimentos de intensa tristeza, culpa, revolta e até mesmo repugnância por si e pelo que acabou de fazer, surgem por fim. E embora cheia de comida, a sensação é a de um enorme vazio interior.
É numa tentativa falhada de lidar com emoções negativas e/ou intensas que se precipitam muitas vezes estes episódios. A procura de conforto e apaziguamento na comida face a sentimentos de grande ansiedade ou tristeza tende a desencadear relações de dependência emocional com ela, que se revelam extremamente difíceis de quebrar.
Uma frequência elevada destes episódios poderá indicar a presença de uma perturbação alimentar, a Perturbação de Ingestão Compulsiva. E esta dita toda uma vivência diária, onde é comum estarem presentes:
- Pensamentos constantes e intrusivos acerca de comida e comer;
- Sentimentos de vergonha, de poder ser observada numa dessas ingestões compulsivas;
- Isolamento na tentativa de esconder essas ingestões;
- Perda de controlo e inevitável comer excessivo;
- Mal-estar e cansaço físicos;
- Tendência para o aumento de peso;
- Baixa auto-estima;
- Culpabilização e sentimentos negativos face a si mesma;
- Isolamento social;
- Reduzida esperança na possibilidade de mudança;
Também na Bulimia estão presentes episódios de ingestão compulsiva, mas neste caso específico verificam-se comportamentos compensatórios após a ingestão, como a indução de vómito ou a utilização de laxantes e diuréticos, utilizados com o objectivo de tentar controlar a forma e o peso.
E para além de apresentarem características de vivência diária comuns às da perturbação de ingestão compulsiva, as pessoas que sofrem de Bulimia apresentam ainda uma excessiva preocupação com a sua forma e/ou peso, que assumem um papel central na suas vidas, e verifica-se um intenso medo de engordar. As dietas extremamente rígidas e sufocantes que são levadas a cabo, onde a fome é uma constante, revelam-se elementos de risco, potenciadoras de ingestões compulsivas. E também aqui as dificuldades de gestão emocional se encontram na origem das ingestões excessivas.
No que respeita à Anorexia, a percentagem de ocorrência de episódios de ingestão compulsiva é aproximadamente nula.
Estima-se que a Perturbação de Ingestão Compulsiva afecte cerca de 2% da população adulta mundial, sendo que 65% dos afectados sejam mulheres e 35% homens. No que respeita à Bulimia, as estimativas mais conservadoras apontam para percentagens de cerca de 1%, em mulheres.
Quanto à procura de ajuda especializada é estimado que apenas 10% das pessoas com perturbações alimentares o façam, e que isto se pode dever ao desconhecimento do facto de que existem tratamentos eficazes.
A Oficina de Psicologia tem ao seu dispor um programa de intervenção psicoterapêutica para Perturbações de Ingestão Compulsiva e Bulimia – “PAPAROCAS COM MEDIDA”.
Para mais informações consulte-nos em: http://www.oficinadepsicologia.com/paparocas.htm