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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
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Boa tarde!
Tenho um filho de 7 anos que tem medo de tudo o que é bicho.
Ofereceram-lhe um cão ainda bebé com apenas 7 semanas, apesar de saber que ele tem medo de cães maiores nunca pensei que tivesse medo de um cão bebé. È um facto que o cão ( Fila de S.Miguel ) é brincalhão e dá-lhe pequenas dentadas nos pés e lambidelas o que não é do seu agrado.
Estou a equacionar a hipótese de dar o cão pois o miúdo não se está a adaptar a ele.
Gostaria de saber se existe alguma forma de lidar com a situação.
Obrigado
Resposta
Caro L.
A sua questão tem uma resposta dupla, da nossa parte: sim e não - simultaneamente, ambas verdadeiras...
O seu filho deve ser confrontado com muita gentileza, de uma forma muito gradual e na qual ele sinta que tem o controlo da situação, com todo o tipo de animais, muito particularmente os domésticos (sobretudo porque, perdendo-lhes o medo, poderá vir a retirar verdadeiro prazer da interacção com eles). Não o fazer, cedendo às primeiras reacções, é criar um caminho de evitamento progressivo que, por sua vez, vai fazendo com que ele vá tendo cada vez mais medo (quanto menor a familiaridade, maior o medo). As fobias são uma perturbação da ansiedade e, como tal, devem ser tratadas tão precocemente quanto possível. O ideal, porque é pai e não terapeuta, será solicitar acompanhamento especializado (sugiro que procure um psicólogo de formação cognitivo-comportamental); desde já nos colocamos à sua disposição na Oficina de Psicologia - são intervenções rápidas, regra geral, eficazes e, mesmo, divertidas. Por isso sim: existe uma forma de lidar com a situação.
E agora tenho de o frustrar e, ainda por cima, fora da minha área de especialidade. Os cães de fila de S. Miguel não são adequados como companheiros de crianças - são cães pastores e de guarda, inteligentes mas de carácter agressivo, que exigem um treino especializado ou, pelo menos, por parte de donos muito habituados a criar cães. De forma alguma, eu recomendaria que insistisse em tentar que o seu filho perca o medo a cães com o seu actual cão. Se tem a possibilidade de o dar a alguém que o estime e que valorize as suas qualidades de cão de guarda, por exemplo, é esse o meu conselho, correndo embora o risco de saltar a minha área de especialidade. Todas as raças têm características comportamentais específicas que poderá consultar facilmente através da internet - se optar por um Labrador ou um Golden Retriever, por exemplo, poderá ficar razoavelmente sossegado relativamente à segurança do seu filho e iniciar um processo de habituação dele a um cão. Por isso, não: não me parece boa ideia lidar com a actual situação; mas, se a modificar um pouco, terá a situação ideal.
Abraço,
Madalena Lobo
Psicóloga Clínica