Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Nuno Mendes Duarte
Psicólogo Clínico
Alta estima, baixa estima, se eu não estimo onde está a doçura que me faz estimar? O que é preciso que me estime, quem preciso que me estime o que é estimar? Estima, estimar, estimando, estimei-te, guardei-te, protegi-te, ensinei-te, criei-te. Estimo quando te crio e faço crescer. Estimo-te quando te amo e não te quero ver sofrer. Estimo quando vivo para te ensinar o que é viver. Viver nem sempre é fácil e não há regras para crescer. Gostamos tanto de regras no mundo explicado, algo que nos retire deste caos insano. Estimar é racionalizar um mundo caótico? Ou estimar consiste na segurança que se passa, como quem passa uvas frescas numa tarde solarenga de verão e um jarro de limonada fresca debaixo das parras, enquanto o mundo parece parar. Estimar poderá fazer o mundo parar assegurando que está tudo bem. Segurando a vida, assegurando o ser. Somos estima. Damos estima. Não sabemos o que é estimar, mas queremos que o nosso filho cresça seguro e não sabemos o que fazer às camadas de medo que nos asfixiam a estima. Estimar é ligar, ligar-se, ninguém se liga a ninguém desligado. Ninguém se liga a si quando vive oco. Oco por não aprender a estimar, por não saber que é na estima que está a humanidade. Estimar é saber criticar. A auto-crítica estabelece-se como uma aprendizagem essencial para assegurar que na vida também temos de saber corrigir o leme. Se temos uma regulação da satisfação das nossas necessidades (estima ou crítica) a cada momento, sabemos que um pai que nos ama e estima a sua crítica irá incidir não sobre quem somos, não sobre a nossa definição de nós próprios e não naquilo que nos é essencial que consiste na visão do nosso amor espelhado por ele. Ele é o nosso espelho de estima, e nós somos o reflexo que vemos. Como é que se pode crescer se o que vemos no espelho somos nós… sempre pequenos, sem alma, vazios, sem valor? A crítica serve para nos ajudar a crescer, a fortalecer a nossa alma, a encher-nos de coragem ensinando que os nossos actos é que devem ser reparados, porque nós somos bons e podemos fazer melhor, que por sermos bons é que podemos fazer melhor. E que não faz mal falhar. Não somos burros, cobardes, insignificantes, fracos porque falhámos. Constrói-se a nossa auto-estima quando sabemos o que fazer depois de falhar. Quando tomamos conta de nós se tropeçamos no mundo e já sabemos como nos podemos agarrar, confortar e dizer “upa, vamos lá!”. E nós apesar do medo confiamos. A estima ensina a confiar e se confiamos em nós confiamos nos outros. Se confiamos nos outros queremos estimá-los. Se os sabemos estimar estamos cheios, estamos bem, continuamos com medo… mas não paralisamos, porque a vida é nossa podemos escolher, temos auto-estima para arriscar, temos auto-crítica para ajustar o leme e temos todos em quem confiamos na embarcação. Boa viagem!