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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
O sono normal comporta dois estados distintos: o sono não-REM, dividido em 4 fases, e o sono REM (que significa Rapid Eye Movement). Durante o sono REM, ocorrem movimentos oculares rápidos, a respiração torna-se irregular, a tensão arterial sobe e existe perda de tónus muscular (paralisia). No entanto, o cérebro está muito activo – a sua actividade eléctrica, por exemplo, é idêntica à que se verifica quando estamos acordados. O sono REM é, habitualmente, associado aos sonhos e corresponde a cerca de 20-25% do tempo total de sono.
Numa pessoa que tenha uma perturbação comportamental do sono REM, a paralisia muscular que ocorre durante este estado é incompleta ou ausente, o que permite que a pessoa se movimente de acordo com os seus sonhos. A perturbação do sono REM caracteriza-se pelo facto de as pessoas “encenarem” os sonhos vívidos, intensos ou violentos, o que inclui comportamentos como: falar, gritar, dar murros e pontapés, sentar-se ou saltar da cama, esbracejar e agarrar objectos próximos. Pode ser precipitada uma crise pontual destas durante a desintoxicação alcoólica ou o desmame de sedativos ou alguns anti-depressivos – sendo esta a sua causa em 45% das ocorrências. Nos restantes 55% dos casos, desconhece-se por enquanto os motivos para esta perturbação. De uma forma geral, surge após a meia-idade e mais frequentemente em homens.
Ocorre, frequentemente, associada a várias patologias neurológicas de natureza degenerativa, como o Parkinson, a atrofia multisistémica, a demência de corpos de Lewy e síndrome Shy-Drager.
Num estudo, 38% dos pessoas diagnosticadas com a perturbação do sono REM vieram a desenvolver Parkinson, em média 12 a 13 anos depois dos primeiros sintomas desta perturbação, e as pessoas com Parkinson e atrofia multisistémica têm maior probabilidade de sofrerem da perturbação do sono REM. De acordo com um estudo publicado há 2 dias no jornal da American Academy of Neurology, a perturbação do sono REM pode estar ligado ao surgimento de Parkinson ou demências até 50 anos após os primeiros sinais.
Por isso, se dá por si ou pelo(a) seu(sua) companheiro(a) de sono, recorrentemente a agitar-se muito durante a noite, com movimentos que lhe pareçam anormalmente bruscos e/ou violentos, existem três grupos de acções que lhe sugerimos: