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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Tânia da Cunha
Psicóloga Clínica/Psicoterapeuta
A gravidez é caracterizada, por modificações psicológicas muito importantes. Desde a alteração da imagem corporal, que é parte integrante de uma alteração global e contínua do funcionamento orgânico da mulher, até às modificações hormonais segundo regras pré-estabelecidas que modificam o funcionamento psicológico. Inversamente, o funcionamento psicológico, via Sistema Nervoso Central, pode causar alterações hormonais.
As mulheres vivem a gravidez como um acontecimento tanto psicológico como físico. As mudanças na imagem corporal, secreções de hormonas, e as expectativas culturais interferem na vida mental da mulher grávida. Mudanças na identidade vão de mãos dadas com mudanças no corpo e nos papéis sociais. O processo pode ser suave ou violento, fonte de confiança ou assustador, feliz ou triste, mas é seguramente mudança.
Colman e Colman (1994) afirmam que a labilidade emocional pode ser mais acentuada em algumas mulheres que em outras, dependendo da estrutura da sua personalidade, o tipo de stress a que estão sujeitas, e a qualidade do apoio que recebem.
Tal como acontece noutras crises existenciais, a gravidez cria um equilíbrio delicado entre experiências positivas e negativas. É frequente que cada momento de alegria, antecipação e criatividade seja contrabalançado por um de ansiedade, ambivalência e medo.
A grávida vive num ambiente interno químico alterado que, em interacção com todos os outros factores de ordem física, ambiental e cultural, vão fazer parte da experiência da gravidez.
As hormonas não alteram o estado dos sentimentos de um modo directo e consistente para todas as mulheres. Ainda assim, podem influenciar a intensidade de um sentimento.
É uma fase de grande vulnerabilidade relacionada com medo de perigos desconhecidos, quer sejam interiores, quer sejam exteriores. A mulher já não conhece o seu próprio corpo e perdeu o sentido de como aparece aos outros.
Os sintomas físicos da gravidez expressam a ansiedade profunda da mulher sobre o seu estado. As dificuldades emocionais habitualmente são expressas através de sintomas físicos como por exemplo enjoo ou uma dor de cabeça. Sublinha-se deste modo, uma série de preocupações de ordem médica e psicológica.
A gravidez é inevitavelmente um momento particular e privilegiado de intervenção, pois é uma altura em que mulher está sujeita a um regime organizado de cuidados de saúde. Por tudo isto, a intervenção psicológica na gravidez tem um papel muito importante. A realização de acompanhamento psicológico durante a gravidez contribui para uma vivência mais saudável desse período maturacional, prevenindo perturbações no processo de desenvolvimento gravídico e consequentes ocorrências patológicas, como complicações no parto e distúrbios emocionais no pós-parto, ou ainda, e de forma mais negativa, o parto prematuro.
ATENÇÃO, muitas mulheres durante a gravidez demonstram sinais de depressão, por vezes mascarados e confundidos com sensibilidade e fragilidade atribuída à fisiologia própria da gravidez.
É fundamental oferecer um espaço de expressão e elaboração das experiências vividas durante a gravidez, o parto e o puerpério, bem como auxiliar na preparação do corpo para o parto, e também para as modificações vividas ao longo deste ciclo.
Caso se identifique com algumas das coisas que foram descritas ou para esclarecimento de qualquer dúvida, pode contactar-nos.