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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Joana Florindo
Psicóloga Clínica
À imagem do código genético ou impressão digital, a imagem corporal que cada um apresenta, é única, e no seu todo intransmissível. Ela resulta de um cruzamento de inumeráveis hipóteses, de características variadas, e assume-se em nós como um cartão de identidade para a vida.
A altura, o peso, a forma, a cor do cabelo, dos olhos e da pele, a grossura dos lábios, o tamanho das orelhas, das mãos, dos dedos, das pernas ou dos braços, são particularidades, que no seu conjunto, arquitectam um todo que dita como nos relacionamos connosco, com os outros e com o mundo. Mas, mais do que aquilo que expomos aos outros, mais do que o corpo que mostramos, a imagem corporal diz respeito à experiência interior que cada um tem com o seu próprio corpo. Abraçando percepções, crenças, pensamentos, sentimentos e comportamentos, sobre essa mesma experiência.
Quando percepcionamos que a nossa imagem corporal não corresponde àquilo que desejaríamos, despertamos dificuldades que se verificam desde a aceitação pessoal ao relacionamento com os outros e com o mundo. É comum, por exemplo:
- Emergirem sentimentos de baixa auto-estima, de desvalorização pessoal e de inadequação, que podem mesmo conduzir à depreciação do próprio enquanto pessoa, e levá-lo consequentemente à vivencia de estados depressivos;
- O surgimento de perturbações alimentares, face à insatisfação com a forma ou peso do corpo;
- A percepção da feminilidade e da masculinidade serem postas em causa, quando se percepciona que não se possui, ou se possui deficitariamente, as qualidades físicas esperadas para o género. Levando a uma diminuição da percepção de aceitação dos outros e condicionando o estabelecimento de interacções sociais;
- Ao nível da intimidade sexual, devido à necessidade da exposição ao outro, a percepção de um corpo feio, deselegante e disforme conduz muitas vezes à substituição de uma experiência prazerosa e relaxante, numa prática de elevada tensão e ansiedade, que tende a ser evitada a todo o custo.
Todas estas consequências negativas, impõem assim uma necessidade de alterar as percepções que temos da nossa imagem corporal. E ultrapassando em muito aquilo que observamos quando nos olhamos ao espelho, se quisermos modificar a percepção que temos da nossa imagem corporal, precisamos de olhar também, e em profundidade, para o nosso interior. Porque a resposta não reside no mudar o corpo, mas sim no mudar percepções, crenças e pensamentos que temos dele.
Aquilo que possuímos é único e incomparável.