Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Luis Gonçalves
Psicólogo Clínico
Lembro-me de ler estra frase e ficar a pensar. A pensar sem tempo nem espaço. Dei por mim a relembrar e sentir as minhas relações mais significativas. De repente, muitas coisas que em tempos não faziam sentido começaram a fazer. Um sentido imponente e inesperado. Daquele tipo de revelações que nos fazem sentir pequenos perante a imensidão da descoberta.
Reflecti sobre vários dos meus clientes até hoje. Sobre as suas histórias de “amor”, “raiva” ou “vazio”. Sobre os seus conflitos, discussões ou perdas relacionais. Sobre os seus próprios dilemas internos. Sobre a sua intolerância perante outros e perante si. Porque é nos erros dos nossos amados que nos tornamos, regularmente, cruéis. Porque é nos nossos insucessos pessoais que nos tornamos os nossos piores inimigos... logo nos momentos em que mais precisamos deles e de nós!
Nestes anos de consultas, tenho sentido a multiplicidade de formas que temos de demonstrar ou pedir afecto. Umas mais adequadas que outras, é uma verdade. Mas e se as víssemos como genuínas “mensagens de amor”? Dirigidas aos outras, dirigidas a nós próprios. E, infelizmente, quantas se perdem pelo caminho? Muitas, demasiadas.
Daí que a frase que dá título a este texto tenha sido tão determinante na minha vida pessoal e profissional. Elevou a minha perspectiva sobre as relações para um nível muito superior à minha anterior visão. Na verdade, é nos momentos críticos que encontramos as nossas emoções e necessidades à superfície. E é precisamente naqueles momentos que podemos fazer a diferença. Tolerando e compreendendo o comportamento menos adequado do nosso parceiro. Dando-lhe afecto. Dando-lhe o que ele não tem e precisa. Mostrando que gostamos dele da mesma forma e valorizando-nos, mesmo nos nossos erros. É que dificilmente há eventos mais dolorosos do que se sentir que se fez mal a alguém ou a nós próprios e se perder a pessoa ou a nós próprios, como consequências.
E em quantas dessas vezes, apenas queríamos a proximidade, a intimidade, a fusão e a partilha. Pensarem e, acima de tudo, sentirem desta forma pode mudar as vossas vidas. A minha mudou de certeza.