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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
Muitas vezes, o nosso mal-estar advém do facto de sabermos que precisamos de fazer algo proximamente e que representa uma fonte de insegurança ou ansiedade para nós.
Neste caso, é uma boa ideia fazer um ensaio mental, enquanto se garante a manutenção de um estado relaxado – um pouco como se estivéssemos a dizer ao organismo: “Vês? Aquilo que vai acontecer é tranquilo. Está tudo bem!”. Ao mesmo tempo, permite-nos “percorrer o filme” daquilo que antecipamos e detectar potenciais situações que requeiram a nossa atenção prévia e, mesmo, a opção por algum plano de contingência.
O exercício em si próprio é muito simples. Vamos a isso!
Escolha uma situação que o esteja a deixar tenso ou angustiado ou ansioso ou stressado, e que vá ocorrer no futuro próximo (estamos a falar de situações que vão realmente acontecer e não àquelas preocupações futuristas de catástrofes improváveis…).
Sente-se confortavelmente e faça umas respirações abdominais. A seguir imagine, tão vividamente quanto possível, a situação que o incomoda, começando a visualizá-la desde o seu início. Por exemplo, se estivermos a falar de uma apresentação em público, pode começar a sua visualização a partir do momento em que faltam 5 minutos para a sua apresentação ou a partir da véspera, quando deixa tudo organizado para o dia seguinte.
Ao percorrer o filme do que vai acontecer, foque a sua atenção numa versão realista mas positiva, mais centrada na execução da tarefa do que nas emoções que pense poder sentir, e imaginando os detalhes da execução. No nosso exemplo, imagine-se a entrar na sala onde vai ocorrer a apresentação, visualize os participantes, veja-se a olhar para eles com interesse. Escute o seu nome ser mencionado para começar a falar. Sinta os olhares de todos a recaírem sobre si e sinta a sua voz a ressoar. Escute-se a falar, com um tom de voz firme e audível, uma postura de auto-confiança e um olhar directo a quem o escuta. Sinta o contacto da mesa e/ou cadeira contra o seu corpo. No final da sua apresentação, não se esqueça de incluir o feedback que pensa ser apropriado (exemplo: alguém agradece a sua prestação ou os participantes colocam questões demonstrando o seu interesse), bem como as sensações que julgue poderem surgir (como a sensação de alívio ou de satisfação consigo próprio).
A cada momento deste exercício em que detecte tensão emocional, pare o filme e descontraia (utilize um dos exercícios de relaxamento que aprendeu). Assim que sentir que a tensão emocional desapareceu, volte um pouco para trás no filme e volte a passá-lo, parando novamente para relaxar sempre que detectar tensão emocional. O objectivo é conseguir passar o filme todo em tranquilidade, pelo que se não conseguir este objectivo de uma só vez, volte a fazer este exercício mais tarde ou no dia seguinte.
Assim que conseguir visualizar toda a sequência, sem que surjam emoções negativas, convém visualizar a mesma situação, mas introduzindo algumas cenas que possam correr mal – a vida é assim mesmo: por mais que nos preparemos, nem sempre as coisas nos correm bem… Mais uma vez, mantenha o realismo. No nosso exemplo, imagine que fica nervoso e veja-se a lidar com isso; ou imagine que lhe dão menos tempo para falar do que aquilo que tinha planeado e imagine-se a ajustar rapidamente os conteúdos do que planeou abordar; ou imagine que alguém tem uma reacção negativa face àquilo que está a apresentar.
Mais uma vez, a ideia é conseguir desenvolver cenários mentais em que ensaie os seus comportamentos e fazê-lo em tranquilidade, por isso, sempre que detectar emoções negativas, pare o filme, relaxe e retome-o apenas depois de ter readquirido a tranquilidade.