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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
E-mail recebido
Olá,
Preciso de ajuda, será que podem me ajudar?
Tenho uma sobrinha de 1 ano e 11 meses que, através de um acordo (forçado) de visitas está sendo obrigada a conviver com o pai nos finais de semana.
Na primeira vez que foi ficou estranha durante a semana, na segunda foi aos berros. O que posso fazer para amenizar o sofrimento dela? Não concordo que o direito de pai de conviver tenha que ser assim imposto a uma bebé. Me ajudem, me informem ou dêem literatura a respeito. Algo que me ajude a minimizar o sofrimento dela, algo que possa conversar com o pai e fazê-lo entender que as coisas têm que ser feitas de acordo com a vontade dela por se muito pequenina ainda.
Grata, T
Cara T
É muito duro para as famílias quando existe uma separação que implica a repartição da custódia das crianças envolvidas. Normalmente são o elo mais frágil na equação, especialmente quando são tão pequenas como a sua sobrinha. São-no por serem pequenas demais para compreender o que está a acontecer, por não terem uma palavra a dizer acerca do que é decidido e, mesmo que se conseguissem pronunciar, por nada nos garantir que os seus desejos estão absolutamente de acordo com o que é melhor para elas. Isto não implica que quem passa mais tempo com elas se ressinta do impacto que as mudanças de ambiente lhes provocam. Gerir a confusão e tristeza de um bebé face a estas circunstâncias provoca em nós uma angústia incontrolável. Ao mesmo tempo, é extraordinariamente difícil aceitar uma situação que nos parece de enorme injustiça e sobre a qual não detemos qualquer poder à primeira vista. Para além daquilo que sente ser o sofrimento da sua bebé, esta situação parece estar a deixá-la a si numa aflição muito grande. Neste contexto, ajudar a sua sobrinha parece depender muito da disponibilidade de todas as partes envolvidas para minimizar a hostilidade da situação. Explicar o que se passa a uma bebé tão pequena não será tarefa simples, nem nos parece que resulte em grande mudança. Aquilo que observamos é que, quanto maior for o grau de harmonia e colaboração entre os cuidadores da criança, menor será o impacto desta custódia repartida. Pelo contrário, situações de conflito, de hostilidade aberta entre os adultos, serão seguramente apercebidas pela criança, e serão promotoras do seu sofrimento. Os bebés não têm ainda ferramentas para perceber racionalmente aquilo que se está a passar, mas estão em sintonia com os estados emocionais dos adultos que cuidam delas. Ressentem-se de ambientes ansiosos, tristes e hostis, e beneficiam de contextos em que se encontra algum patamar de entendimento e civilidade entre as partes envolvidas, que promovam emoções mais positivas como a aceitação e a calma face à situação. Dado aquilo que partilha, poderá ser importante conversar com o pai de forma a encontrar uma solução pacífica para acertar os hábitos e rotinas da sua sobrinha, os estilos de educação que lhe dão, e encontrar soluções em conjunto para que a bebé sinta que é amada e cuidada de igual forma por todos. Acima de tudo, não permitir que os desentendimentos e zangas entre os adultos da família sejam um fardo à felicidade da bebé. Aquilo que sabemos da situação não nos permite entrar em maior detalhe, nem recomendar qualquer outro tipo de acção. Caso sinta que existe um contexto de risco à saúde e bem estar da bebé, estará ao seu alcance dirigir-se à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco. Adicionalmente, e antes de tomar a decisão de avançar com alguma medida para alterar o acordo de custódia, poderá ser importante consultar um psicólogo especializado em crianças ou, em alternativa, um pedopsiquiatra que permita avaliar o bem-estar psicológico da sua bebé, bem como um advogado especializado em Direito Familiar que a possa aconselhar acerca das possibilidades ao seu alcance. Quanto à sua própria ansiedade e preocupação, também será seguramente importante estar atenta a elas. Se sentir que estão a ser perturbadoras no seu dia-a-dia de uma forma que limite o seu bem-estar e a sua capacidade de cuidar de si e da sua bebé, é importante que procure ajuda.
Caso necessite de mais informação ou ajuda, não hesite em tornar a contactar-nos ou, alternativamente, consulte o nosso website em http:\\www.oficinadepsicologia.com.
Um abraço,
Francisco de Soure
Oficina de Psicologia