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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Nos últimos anos parece que a palavra crise anda na boca, nos pensamentos, nos bolsos de todos nós. A verdade é que, cada um de nós pode “dar a volta à crise, trocando-lhe as voltas”.
Pensemos sobre um tema familiar que surge muitas vezes associado a esta palavra, que apesar de pequena parece ter um poder enorme, pois dá a sensação que não conseguimos parar de a usar como justificação para uma imensidão de coisas que achamos estarem fora do nosso controlo.
Ser pai. Ser mãe. Que ideias lhe vêem à cabeça?
Vou ser pai! Vou ser mãe! Sinto que estou prestes a alcançar um objectivo de vida, mas… E agora? Chegou a altura de escrever um novo capítulo, quiçá se o mais belo, do livro da vida. Atenção! Está prestes a entrar num “espaço” que requer mudanças e adaptações constantes, capazes de o surpreender a si e aos que o rodeiam. Deixe-me adivinhar… Estava convicto de que o que tinha visto, lido e conversado com os amigos, colegas e familiares lhe teria dado toda a informação que necessitava para ser “o melhor”… O melhor? Deixe-me adivinhar. Nalguns dias e nalgumas noites, aquelas estratégias que sempre resultaram com a sua família e os seus amigos não resultaram consigo. Verdade? Pior ainda. Como se não bastasse as receitas familiares não funcionarem, as poucas horas de sono e descanso pareciam querer diminuir a falta de paciência e aumentar a intolerância e irritação para com o seu parceiro. Tudo parecia servir para uma enorme discussão. Como se sentiu? Frustrado? Irritado? Triste? Desesperado? Desanimado? Angustiado? Receoso? Em crise?!?
Investigámos a fundo a palavra. Haveria razão para a recear? Concluímos que não.
O caracter chinês para a palavra crise significa “perigo” e “oportunidade”.
Etimologicamente, a palavra crise vem do grego “krisis” que significa capacidade para distinguir, escolher, decidir, resolver.
É natural que, na fase de transição para a parentalidade, alguns casais percepcionem não possuir recursos para dar resposta às exigências dos seus novos papéis. Contudo, a crise que possa querer imperar pode ser encarada com confiança.
Parece que ainda ecoa aí uma pergunta. Mas afinal existe ou não um manual, um segredo, que me vai ajudar a ser o melhor pai? Não. Porquê? Porque o seu filho é único. Você é único.
E porque é deste conjunto de desafios e provações que emergem algumas das maiores conquistas do Homem, capazes de proporcionar as mais genuínas e gratificantes vivências da realização pessoal.