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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
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Tenho 16 anos, com 1,73 e peso 63 kg.
Vai fazer 2 anos que a minha obsessão pelas dietas tem vindo a piorar. E agora tornou-se um verdadeiro pesadelo. Neste momento, tento emagrecer, mas cada vez que como demasiado, vingo-me, e como até ficar enjoada (chego ao limite do meu organismo e fico com má disposição). Faço de seguida abdominais e provoco vómitos de vez em quando, mas nunca consegui que houvesse efeito. Também já tomei uma espécie de ervas (dá efeito laxante) e não resolveu nada.
Todos os dias penso no mesmo, penso sempre em comida. Chego até a ver blogs de anórecticas para ver se consigo emagrecer e sentir-me bem com o meu corpo. Quero ser magra porque danço ballet, e queria levar a dança a sério (visto que as bailarinas tem uma constituição magra). Não quero viver para comer. Já tentei distrair-me vendo outras coisas, mas acabo sempre por voltar ao mesmo. Tem alguma dica para que eu deixe de pensar assim?
Cara I
Conta-nos uma história que parece ser de uma relação muito difícil com a alimentação. Particularmente tendo em conta a importância que deposita na sua forma física em consequência da sua dedicação ao ballet, a sua dificuldade em regular o que come parece tornar-se muito assustadora e perturbadora. A investigação vem demonstrando que a adolescência é um período muito propício a dificuldades desta natureza, sendo uma idade em que a imagem corporal se reveste de uma grande importância. Em especial para quem os sonhos de futuro estão dependentes de uma constituição física magra! A dificuldade em gerir a quantidade e qualidade de alimentos ingeridos pode tornar-se uma fonte de muita frustração e ansiedade. Quando isto acontece, é frequente haver comportamentos de indução de vómito ou evacuação ou, pelo contrário, uma ingestão descontrolada de alimentos. Pelo que nos revela, torna-se difícil avaliar o nível de risco na sua situação. É sabido que este tipo de comportamentos se pode tornar muito preocupante e, sem tratamento, dar origem a problemas graves de saúde, quer física quer mental. No imediato, será seguramente útil utilizar exercícios de relaxamento como forma de controlar os impulsos de ingestão, vómito e exercício excessivo. No entanto, parece-me muito importante que procure ajuda quanto antes. Neste tipo de situação, quanto mais rápida for a intervenção, menor o risco que se corre de desenvolver uma perturbação alimentar, como a anorexia ou a bulimia nervosa. Consultar um psicólogo e um nutricionista farão, seguramente, parte de uma intervenção abrangente e capaz de dar resposta ás suas dificuldades. Caso lhe possamos ser úteis de mais alguma forma, por favor não hesite em contactar-nos.
Um abraço,
Francisco de Soure
Oficina de Psicologia