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Dia do Pai

por oficinadepsicologia, em 17.03.11

Fala-se muito da interacção mãe-bebé nos primeiros tempos de vida como organizadora do psiquismo do bebé. O pai não tem um papel menos importante. Parece que os bebés ficam vinculados aos pais bem como às mães, mas outros indícios indicam que estas duas vinculações possuem algumas características diferentes. Estudos demonstram que é mais provável que os pais brinquem com os filhos do que as mães. Além disso, as suas brincadeiras são mais físicas e vigorosas, podem levantar e balançar os bebés ou lançá-los no ar. Ao contrário, as mães geralmente brincam de forma mais calma com os bebés e realçam mais interacções verbais do que as físicas. Em consequência, enquanto a mãe é aquela a quem é mais provável que a criança recorra para obter carinho e conforto, o pai é frequentemente o companheiro de brincadeira preferido.

 

Tânia da Cunha

 

 

 

Jamais me vou esquecer

Desse teu triste olhar

Ter dias certos para ser

Quando o único verbo é amar

 

Será que ninguém entende

Ou não querem enxergar

Que o coração não compreende

Dias marcados para estar

 

A privação da convivência

Deixa marcas no ar

Para fazer face às conveniências

De quem escolheu sem me consultar

 

Se eu quero estar contigo

E só amanhã isso terá lugar

O que faço com este castigo

A quem devo eu culpar?

 

Se somos livres de amar,

Porque é que me sinto preso,

A este desejo de te abraçar

Como conviver com este peso?

 

Que neste Dia do Pai, em que muitos de nós comemoramos uma presença diária, ao nosso alcance sempre que desejamos, não esqueçamos dos que sofrem por se verem privados de exercer a sua parentalidade, dos que são sujeitos a regras rígidas para poder usufruir de um momento com os filhos, de um momento com o pai. Ser pai não cabe num dia mundial, nem tão pouco num fim-de-semana de quinze em quinze dias, em que as horas parecem escorrer entre os dedos como areia, e a angústia do tempo marcado tantas vezes impede a vivência plena do momento presente.

Que estes dias mundiais não sirvam só e apenas como aliciantes ao consumismo desenfreado e tantas vezes vazio de conteúdo. Que sirvam também outro propósito: o de pensar sobre estes muros invisíveis que tantas vezes advêm dos divórcios, que separam pai e filho(a), que os tentam forçar a acreditar que existem dias marcados para se estar com quem se ama.

Neste como em outros temas, importa não deixar que a nossa felicidade nos cegue para a tristeza dos outros.

Pense nisto…

Ana Crespim

 

 

 

 

Procurar uma resposta para “o que é ser um pai” não é uma tarefa fácil. É um instinto? Um papel social? Uma decisão, se for o caso, a quem pertence? As clássicas experiências de etólogos com macacos recém-nascidos e separados das mães biológicas, cuja amamentação e “educação” foi entregue aos cuidados das “mães – manequins”, revelou mais tarde uma falta de instinto maternal e a agressividade excessiva nestas criaturas que batiam suas crias e recusavam alimenta-las. E no caso da separação do pai? Sobre este papel os etólogos não nos deixam muitas pistas.

Outras experiências, também com macacos, revelam algumas curiosidades sobre a paternidade que, segundo investigadores, se desperta depois da idade de adolescência e se expressa como uma espécie de “atitude de controlo / vigília” para que a mãe não abandone e não trate mal a cria, bem como uma atitude de defesa perante “inimigos” externos. Os machos ignoram manifestações agressivas vindas das crias (puxar a cauda, beliscar, morder, puxar as orelhas), algo que não se observa na relação com os “companheiros” adultos, e brincam mais que as mães.   

Será que nos seres humanos existe algum sistema de programação de comportamento tipicamente paterno desenvolvido ao longo da nossa evolução? Ou na verdade, tudo o que está em causa, são necessidades de criança que precisam de ser satisfeitas, sem depender muito de quem irá alimentar, curar, educar, mimar, defender e desenvolver. E o que a presença de um pai pode introduzir é uma oportunidade de viver na presença diária de um homem, com toda a diferença que esta figura masculina pode marcar na vida de um (a) menino(a) / adolescente / adulto (a). A existência de um pai permite não perder o contacto com dualismo sexual natural e intrínseco à nossa existência humana. Vivência do ser pai é uma experiência emocionalmente muito intensa e devido ao espaço ainda bastante reduzido para expressão emocional masculina na nossa sociedade, sabemos tão pouco sobre ela. Gostaria de deixar um convite, para que os pais partilhem as suas experiências pessoais para descobrirmos algo mais sobre o que é ser um pai.

 

Irina António

 

 

Quando penso na “figura do pai”, vem-me à ideia a palavra austeridade. Lembro-me bem desses pais. Eram austeros no vestir – dentro dos seus fatos formais e sempre escuros. Eram austeros e parcos nas palavras – havia o “sim podes” e o “não podes”, que invariavelmente não era seguido de qualquer explicação. Eram austeros e rígidos nos gestos – o olhar e a movimentação das sobrancelhas era suficiente para sabermos o que era pretendido de nós.  E até nas emoções e nos afectos eram austeros – o contacto mais que sentido era pensado, tudo era comedido e contido.

Hoje quando vou na rua adoro ver os pais nas suas camisolas framboesas e com os seus cascoís às riscas. Delicio-me quando vejo um pai de cócoras a falar com o filho ou a pegá-lo simplesmente às cavalitas. Fico emocionada, quando o não, que é tão preciso como o sim, vem seguido de uma explicação adequada ao tamanho, para não falar já da cumplicidade nas brincadeiras - afinal é a brincar que as crianças aprendem a ser e a crescer, e dos abraços que são dados à descarada e de forma abundante, porque afinal os mimos  nunca são de mais!

Isabel Policarpo


 

Ninguém é pai sem filho ou filha. Pai e filho e filha ligados. Independentemente de tudo, estamo-nos sempre a referir a uma ligação profunda, intensa, invisível. Uma ligação entre dois seres humanos que se encontraram num espelho com o nome de nascimento. Enquanto se desenvolve o (a)feto na barriga da mãe, encontra-se em desenvolvimento o afecto no coração do pai. Quando nasce o filho, nasce o pai. Até então, esse pai agora nascido, só se conhecia nascido como filho do seu pai e da sua mãe. Agora, e até ao final da sua vida, é pai do filho que é seu. No fundo, a arte de um pai resume-se à capacidade de se equilibrar, ao longo de um caminho agitado, entre o filho que pôde ser, e o filho que poderá amar. 
Que esse caminho possa ser vivido com afecto, segurança e presença é tudo o que um pai quer para um filho. E tudo o que um filho deseja ter do seu pai.
 
Nuno Mendes Duarte
 
 
 
Quando penso na simbologia da imagem do Pai imediatamente remete-me para a temática da autoridade, do respeito, das regras, do dever, da disciplina e da ordem. É muitas vezes o pai que dá os castigos, que é mais impiedoso e mais difícil de dobrar. Na dualidade pai/mãe, muitas vezes o pai tem este papel de disciplinador. É muitas vezes o "mau da fita", enquanto que a mãe é tida como a figura compreensiva, meiga, dócil, que tudo perdoa, que não se zanga, que cuida, nutre e dá amor incondicional. Obviamente, estou a extremar estes dois polos, mas, muitas vezes, estas oposições e contrastes são nítidos e fazem parte da díade parental.
Naturalmente, presumo que ninguém queira ser o "mau da fita"... Mas a verdade é que é muito importante este factor da disciplina. Sem disciplina, sem  o estabelecimento de limites, por parte das figuras de vinculação e mormente do pai, o bebé vai crescer desregrado, sem a noção de limites, sem a humilidade do noção do risco e quererá desafiar toda e qualquer autoridade. Obviamente, a ousadia é importante, correr riscos é importante, mas também é importante ter a noção dos limites e sem a interiorização de uma figura parental de respeito e de disciplina haverá o risco de esta criança se tornar um adolescente com vários comportamentos de risco, que podem atentar à sua vida e à dos outros.
Obviamente, excesso de autoridade também poderá contribuir, para um desequilibrio na percepção da importância  das regras.
Mas um pai deverá ser muito mais que um disciplinador, deverá ser o contraponto da emoção transparente, viva e colorida, própria das mães, fornecendo ferramentas de análise racional, para enfrentar o mundo.
Por outro lado, qualquer pai, deverá contrabalançar este saudável e importante lado racional e pragmático, com a expressão e a vivência das suas emoções e dos seus lados mais sensíveis.
Portanto ser pai é ser disciplinador,mas toda essa disciplina deverá ser dada com amor.
 
António Norton
 
 
 
Hoje é dia do Pai!
Celebremos a sua presença nas nossas vidas!


Celebremos com ele as infindáveis horas que aguardou pelo nosso nascimento,

O crescente entusiasmo e inquietação que viveu, nos momentos que lhe antecederam,
A palidez estampada na sua cara quando esse momento, por fim, chegou,
O seu sorriso rasgado quando pela primeira vez nos olhou e pegou,

O seu contacto forte e quente, mas tremulo, pelo medo de nos deixar cair ou magoar,
A fiel ligação, que nesse momento se fez notar.

Vamos celebrar com ele as inúmeras noites mal dormidas,

O batalhão de fraldas trocadas, as papas e as birras,

O assoar de nariz, quando a gripe se instalava,

As histórias de encantar encurtadas, quando a paciência se esgotava.


O seu aconchego, depois de um pesadelo assustador,

A sua segura presença em qualquer momento de pavor,

As suas palavras firmes e de motivação,

O robusto Porto de Abrigo, em qualquer situação.


Os olhares espertos e cúmplices, num mudo entendimento,

As gargalhadas sonoras, nos momentos de divertimento.

As idas aos ralis, ao futebol e à piscina,

Assistir à Fórmula 1 ou aos filmes de menina.


Os jogos de Spectrum, as bonecas e as invenções,
Todas as criativas brincadeiras, os contares de histórias e os cantares de canções,
O seu conhecimento infinito, de todo o saber,
O esclarecimento de qualquer dúvida, e o ensinar a fazer.


O cheiro agradável do seu perfume, pela manhã,

O doce aconchego no seu pulôver de lã,

O seu gosto antigo pela fotografia,

O seu actualizado saber sobre tecnologia.

As regras, a obediência e a disciplina,
O desenvolvimento moral e a competência social,

O ensinar a ouvir outra opinião,

O ensinar a estar em qualquer situação.


A firmeza de um não, precedida por uma explicação,
Ou o “abrir de olhos”, para chamar a atenção,
Os difíceis castigos, mas tão bem merecidos,

Tudo isso encerra uma boa educação.


Neste dia do pai, podemos agradecer a sua presença, através da celebração.
Feliz dia do Pai!
 
Joana Florindo
 
 
 

Neste dia dedicado ao Pai,

Mergulhe no baú das memórias.

Enverede por caixinhas de mágicas recordações.

Sentados no chão. Aprendem-se as formas, que encaixam. Fazem-se compras num supermercado de cartão. Partilham-se jogos dos crescidos. Fazem-se obras de arte de materiais improváveis.

Na praia. Nascem castelos de areia construídos com paciência de pai. Jogam-se raquetes com entusiasmo de pai. Cruzam-se palavras e quebra-cabeças. Fazem-se longos passeios, na areia molhada, numa emboscada às mais extraordinárias preciosidades. Dão-se mergulhos e braçadas, numa sincronia entre pai e filhos.

Na escola… O apoio, o incentivo, o orgulho. Incondicionais.

Trilhos de vida percorridos numa conversa permanente com (um)a consciência, presente e conselheira.

Pai. Pilar que ampara. Lápis que esboça caminhos. Janela que abre para o horizonte infinito.

Querido(s) Pai(s),

Ame(m)-se. Sonhe(m)-se. Acredite(m)-se. Todos os dias.
 
Inês Marques
 

Aos Pais que nos passeios da vida, ensinaram os seus filhos a andar, a correr, a saltar, a nadar mas acima de tudo lhes ensinaram o que é AMAR!

 

“Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo


Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo


Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo


Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo”

(Poema da Música: Meu querido, meu velho, meu amigo, de Roberto Carlos)

 

Helena Gomes

 

 

Um feliz dia aos pais, por serem pais.
Parabéns por terem sabido ser pais,
Parabéns por, ao o terem sido, o terem querido,
por terem então aprendido a ser cada vez melhores pais.
 
A todos os pais: casados, divorciados, juntos ou separados...
Continuamente e para sempre pais,
Um feliz dia,
neste e em todos os dias,
Parabéns pais!
 
Inês Mota


 


publicado às 20:24



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