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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Dia 27 de Março - o dia do Teatro!
Máscaras... Todos nós usamos máscaras. Todos nós construimos imagens sociais para nos adaptarmos a determinados ambientes sociais, para responder à expectativa de certas pessoas. O perigo de usarmos máscaras é o de nos perdermos no mundo da desejabilidade social e do facilitismo das expectativas que criamos nos outros. O perigo é o de o nosso eu ficar totalmente difuso entre todos os outros que vão aparecendo na nossa vida.
Esta temática das máscaras é muito interessante, porque remete para outra questão... Desde de quando usamos máscaras? Desde quando tivemos de construir determinados eus para sermos aceites pelo outro? Provavelmente fomos construindo eus desde que nascemos... Mas então onde nos encontramos? Será que temos uma real identidade para além de todas estas máscaras com que alegremente nos vamos enfeitando todos os dias? Se tirarmos todas as máscaras, todas as construções que fizemos de nós próprios ao longo da nossa vida o que é que resta? E será que resta alguma coisa? Será que nos deparamos humildemente com o vazio de que falam as tradições contemplativas orientais? E como seria sabermos que somos vazio e que tudo o resto são jogos sociais e fantasias que fomos criando para viver no mundo da aceitação social? Penso que vale a pena pensar sobre isto!
António Norton
Máscara, aquilo que te mostro a ti, para me esconder de mim.
Helena Gomes
Busco em todas as personagens que interpretei, os indícios para me encontrar. De todas as máscaras que coloquei, alguma serei eu, ou todas... já não sei. Dizes-me que me escondo em mim, quando eu tento aparecer no caminho de volta, por dentro das personagens, à procura do que te quero dar, mas que ficou esquecido nas histórias do que fingi ser. Só com ela, que hoje se deita neste corpo, eu verdadeiramente sorri. Finalmente, descobri (me).
Nuno Mendes Duarte
A persona, essa amiga cúmplice com quem aprendemos até um dia sermos.
Luís Gonçalves
Máscara, que me esconde do mundo, que penso que me protege, mas que me vulnerabiliza mais quando a uso. Afinal, quando ela cai, não é só aos outros que enganei... enganei-me a mim própria ao pensar que poderia passar algo que não sou...
Ana Crespim
Por detrás de uma máscara está um eu que não quer ser como é, ou que julga não poder ser quem é, quando está com outro alguém. Nas contracenas diárias do teatro da vida, assiste-se a prodigiosos bailes de máscaras.
Joana Florindo
Máscara
Ser um eu, que ninguém conhece, nem mesmo eu, como sendo (m)eu.
Inês Marques
As máscaras não servem só para nós escondermos. Há máscaras que nos ajudam a dar os primeiros passos, que nos ajudam a ganhar auto-estima e por isso podem ser tão poderosas. São aquelas máscaras em que nós fazemos de conta, “como se...” - como se tivessemos coragem, confiança, segurança ou à vontade. E de repente fomos capazes de falar, de dizer não, de aparecer e de viver.
Isabel Policarpo
Uso e escolho máscaras, consoante o papel que interpreto na peça em exibição.
Uso e escolho as máscaras que melhor me revelam. Uso-as como melhor me exprimo e assim me encontro e conheço.
Mostrando-me, conheço-me e então também me escondo, se assim quiser.
E consoante o dia, o público, o teatro, os actores ou o dia da exibição, escolho a máscara que melhor me ofusca ou que melhor me reflecte.
Que mostre o que gosto de mostrar e que esconda o que não quero revelar.
E tu?
Que máscara(s) usa(s) hoje?
Inês Mota
A Máscara
A máscara poderá ser o que eu quiser, o que tu quiseres, aquilo que
tem a plasticidade suficiente de moldar um pseudo-eu, podendo
confundir-se com o que é real.
Aquela que envelhece comigo e que ao longo dos anos me protege,
esconde e permite Ser, transformando-se numa personalização, de fora
para dentro e de dentro para fora.
Quantas pessoas não há que escondem os seus sentimentos, “neuroses” e
“desvios de comportamento” com o receio da não-aceitação, por parte do
próprio e do outro, acabando por cair numa insatisfação interna?
Neste processo, ao longo do tempo, e do que nos é conveniente, podemos
ter vários tipos de máscaras, ligadas às emoções que não permitem
mostrar o que de verdade sentimos, aquilo que é a nossa emoção
primária; a máscara dos afectos que vai camuflar o afecto que se nutre
por algo ou alguém; a máscara dos pensamentos que não nos permite
dizer o que pensamos, a dos nossos comportamentos ou acções que
esconde aquilo que realmente nos impele a agir desta ou de outra
forma, e possivelmente muitas outras que encontraríamos se fizéssemos
uma busca activa.
Se quisermos, também poderemos colocá-las em três níveis, o nível mais
superficial que são aquelas que utilizamos na nossa relação directa
com os outros, num segundo nível em que as máscaras servem para
mediatizar a relação que temos com a percepção de nós mesmos, e um
ultimo mais profundo onde estão as nossas resistências mais poderosas
contra comportamentos primários e impulsivos de expressão
inconsciente.
Em psicologia falamos dos nossos mecanismos de defesa que por vezes
não são nada mais nada menos do que estas mesmas máscaras.
Começam a formar-se desde cedo nas interacções com o outro. Todos as
temos, sendo um processo alheio à nossa vontade. A criança que chora,
que ri, que mente, etc. como uma forma de obter algo do adulto e que
de acordo com o que são os reforços ao seu comportamento, cria papéis
diferentes para obter aquilo que quer: atenção, protecção ou amor.
Muitas vezes é com o passar dos anos, que olhamos para dentro de nós,
e conseguimos perceber o quanto nos distanciámos de quem realmente
somos.
O trabalho que se é convidado a fazer em psicoterapia, é esse
reencontro numa viagem de auto-descoberta. Um novo contacto com o que
se é na realidade, a sua essência, o self verdadeiro e a identificação
do que são as suas necessidades e cristalizações.
E aos poucos, vamos sentindo que não precisamos mais de usar esta ou
aquela máscara, vamos deixando-a cair, verificando o quanto está gasta
e enferrujada pelos anos todos que a usámos. Tomamos consciência do
quanto ela também nos impediu de tocar as coisas boas que nos rodeiam
por excesso de protecção e que afinal o que temos cá dentro pode não
ser assim tão assustador.
O desafio que vos proponho neste dia, é precisamente a viagem ao
interior de vocês mesmos, a descoberta daquilo que são as vossas
máscaras, e que levem como companheiro dessa aventura o livro “O
Cavaleiro da Armadura Enferrujada” de Robert Fisher.
Excelente Dia Sem Máscaras.
Fátima Ferro
Que máscaras usamos?
A Máscara surge como um esconderijo da nossa identidade que nos transforma nem que seja por breves momentos. Na realidade usamos máscaras todos os dias e é desta forma que desempenhamos os vários papéis nas nossas vidas - o papel de mãe, de filho, de amigo, de namorado, de profissional. É com estas máscaras que nos relacionamos e que temos as atitudes adequadas para cada circunstância. Contudo, é importante ter sempre presente: Quem está por trás de todas estas máscaras sociais?
Pense nisto!
Catarina de Castro
A máscara sugere uma relação possível entre a representação dramática de uma personagem e aquilo que compreendemos de quem a usa. O teatro criou uma vasta galeria de personagens: o herói generoso, a linda donzela, a esposa incansável, o marido ciumento, o velho rabugento etc. Cada um segue com a sua própria máscara... Reconheça-a e considere o que ela diz de si próprio.
Tânia Cunha